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REGIÃO METROPOLITANA DO RIO TEVE 283 CHACINAS EM 7 ANOS, DIZ FOGO CRUZADO

Operações policiais na região do Grande Rio resultaram na morte de 1.117 civis de agosto de 2016 a julho de 2023

De acordo com o Instituto Fogo Cruzado, as operações policiais realizadas, de agosto de 2016 a julho de 2023, na região metropolitana do Rio de Janeiro resultaram em 283 chacinas e 1.117 civis mortos. Os dados estão na plataforma Chacinas Policiais, lançada nesta segunda-feira (27/11).

O levantamento mostra que a região do Grande Rio com maior número de chacinas e mortes é a Zona Norte do Rio de Janeiro, com 73 ações que resultaram em 373 mortos. A Baixada Fluminense aparece depois, com 72 ações e 255 mortos; seguida pelo Leste Metropolitano, com 70 ações e 252 mortes. A Zona Sul do estado do Rio de Janeiro é localidade com o menor número de registros: 9 chacinas e 39 mortes.

A diretora de Dados e Transparência do Fogo Cruzado, Maria Isabel Couto, aponta que um dia de operação policial traz não só consequências físicas, mas também financeiras para todos os moradores. “Vias são fechadas, o transporte público é afetado, escolas e postos de saúde deixam de funcionar. Um dia de operação policial traz consequências físicas e muitas vezes financeiras para todos os moradores ao redor. Sofrem os cidadãos, sofre a cidade.”

É necessário, segundo ela, que haja uma reflexão sobre os impactos que essa política tem na cidade. “Há décadas convivemos com uma polícia que tem na alta letalidade um indicador de eficiência. Pela primeira vez podemos ver sistematizados os números de chacinas, que são operações altamente letais. A sociedade pode agora refletir: essa letalidade tornou a cidade mais segura?”, questiona.

Bope

O levantamento revela que o Batalhão de Operações Policiais esteve presente em ao menos 34 das chacinas policiais ocorridas nos últimos sete anos. Esse fator faz do Bope a unidade especializada mais letal em chacinas policiais, segundo os dados. Em seguida aparece o 7º Batalhão da Polícia Militar (São Gonçalo), com 33 chacinas policiais e 109 mortos; o Batalhão de Polícia de Choque (BPChq), com 26 chacinas e 121 mortos; e a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), com 23 chacinas e 155 mortos.

O estudo destaca ainda que a Core aparece como segunda colocada no ranking de mortes, mas apresenta uma média de mortes por chacina policial maior que o Bope.

“Com este levantamento, esperamos mostrar a importância dos dados para o planejamento da segurança pública e, sobretudo, para a sociedade fiscalizar a atuação das polícias. As chacinas policiais são rotineiras e acontecem em toda a região metropolitana. Mas o Estado não produz dados sobre isso, não mensura o impacto dessa política nem na criminalidade, nem na vida cotidiana das pessoas. Sem informações, ficamos com mais perguntas do que respostas”, reforça Maria Isabel Couto.

Por Isabel Dourado

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