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DIAGNOSTICADA COM SÍNDROME DE DOWN AOS 35 ANOS, IDOSA DE 70 ANOS É DONA DE CASA E AVÓ DE TRÊS NETOS

Izabel foi diagnosticada quando tinha 35 anos. No dia 21 de março é comemorado o Dia Mundial da Síndrome de Down e o foco deste ano é acabar com os estereótipos

Foi totalmente ao acaso, durante uma consulta com um médico especialista em reprodução, que a dona de casa Izabel Rodrigues Monteiro da Silva, hoje com 70 anos, foi surpreendida com o diagnóstico de síndrome de Down. À época, ela tinha 35 anos e estava casada havia oito anos. Queria muito ser mãe e, diante da dificuldade de conseguir engravidar, com a ajuda de um dos irmãos procurou um especialista para investigar sua possível infertilidade, sem nunca ter suspeitado da alteração genética causada por uma divisão celular atípica, que resulta na trissomia do cromossomo 21.

Ao ser avaliada, Izabel ouviu do médico que não poderia ser mãe porque tinha “mongolismo” – um termo pejorativo usado há muitos anos para falar sobre alguém com síndrome de Down. De fato, há poucos registros de casos de mulheres com Down que se tornam mães (a diminuição da fertilidade é uma das consequências da síndrome, principalmente em relação aos homens), mas Izabel contrariou as evidências científicas e, menos de um ano depois da consulta, se tornou mãe de Cristinna, uma menina sem Down, e hoje é avó de três crianças.

A dona de casa cresceu e viveu boa parte da vida sem o diagnóstico. Ela conta que isso aconteceu provavelmente por viver na zona rural de Morrinhos, no interior de Goiás, e ser a caçula de 19 filhos. “Ela morava na roça e era a caçula de uma família gigantesca. As dificuldades comuns em pessoas com a síndrome, como dificuldade para começar a andar ou a falar, eram atribuídas ao fato de ela ser a criança mais nova e ser muito mimada. Diziam que ela demorou a andar porque toda hora estava no colo de alguém. Demorou a falar porque alguém sempre respondia por ela”, conta a administradora de empresas Cristinna Maria Cândida da Silva, 33 anos, filha de Izabel.

Segundo Cristinna, outras características comuns em crianças com a síndrome, como rosto mais arredondado, olhos mais puxadinhos, mãos pequenas e deficiência intelectual, nunca foram notadas pelos familiares e passaram despercebidas, justamente porque eram pessoas muito simples. “Eles viviam na roça, praticamente sem acesso à saúde. Minha mãe é baixinha, então as mãos dela eram pequenas e nunca chamaram a atenção. Ela chegou a frequentar aulas do grupo escolar rural, mas, como não conseguia acompanhar a turma, parou de estudar. Minha avó ensinou minha mãe a se tornar uma boa dona de casa. Hoje ela conhece as vogais e sabe escrever o meu nome e o dela”, conta a filha.

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