CASOS DE MENINGITE MENINGOCÓCICA NO NORTE DO RIO DE JANEIRO EXPÕEM BAIXA COBERTURA VACINAL NO ESTADO
Rio de Janeiro tem a pior cobertura vacinal contra a doença na região Sudeste, com 60%; meta nacional é de 95%
O registro de quatro casos de meningite meningocócica em Campos dos Goytacazes, no norte do Rio de Janeiro, fez com que o estado intensificasse a vacinação contra a doença no município.
Segundo dados do Ministério da Saúde e das secretarias estaduais de Saúde, o Rio de Janeiro possui a pior cobertura vacinal contra a bactéria meningococo C da Região Sudeste e a segunda pior do país, atrás apenas do Amapá.
Em 2022, o percentual de bebês vacinados contra a doença no estado do Rio de Janeiro foi de apenas 60%. A cobertura vacinal nessa mesma faixa etária em Campos dos Goytacazes é de 65%.
Considerando apenas a Região Sudeste, o Rio está em último lugar em cobertura vacinal. Espírito Santo contabiliza 82,15% de imunização, Minas Gerais registra 80,13% e São Paulo, 81,3%.
No mesmo período, o Brasil teve média de 78,6% de imunizados. A meta para vacinação da doença é de 95% de cobertura vacinal.
Os pacientes infectados com a doença em Campos dos Goytacazes não tinham esquema vacinal completo. Todos são do sexo masculino e de bairros diferentes da cidade. A Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro afirmou, por meio de nota, que, apesar do alerta, a cidade não vive um surto da doença. Durante todo o ano passado foram registrados cinco casos de meningite meningocócica.
A Secretaria de Saúde disse ainda que entre as ações de curto prazo já realizadas pelas equipes do município estão a atualização do cartão vacinal nas creches e escolas dos pacientes, ações pontuais nos quatro bairros que apresentaram casos, além da quimioprofilaxia dos contactantes — ou seja, tratamento precoce de quem teve contato com os pacientes.
Como estratégia de médio prazo, a pasta distribuirá mais doses do imunizante para a cidade. O objetivo é que a vacinação seja intensificada para crianças até 10 anos contra a Meningite C e entre 11 e 14 anos com a vacina ACWY (imunizante para os demais tipos da doença). Outra medida foi um alerta emitido à rede assistencial de Campos para percepção de casos com diagnóstico similar ao da meningite.
Já a Secretaria de Saúde de Campos dos Goytacazes informou que emitiu alerta aos hospitais e unidades de pronto atendimento para identificação de casos com diagnóstico similar ao da meningite.
Doença grave
A meningite é uma doença causada pela inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, o que se dá por meio da infecção por vírus ou bactérias. O Sistema Único de Saúde oferece sete vacinas contra a meningite, que é considerada uma doença endêmica no país.
Segundo o Ministério da Saúde, a ocorrência das meningites bacterianas é mais comum no outono e no inverno, e a das virais, na primavera e no verão.
A vacinação contra a doença deve começar ao nascimento, com a vacina BCG, que protege contra formas graves da tuberculose, o que inclui a meningite tuberculosa. A vacina pentavalente, prescrita para 2, 4 e 6 meses de idade, previne contra a meningite causada pelo Haemophilus influenzae sorotipo B, além de difteria, tétano, coqueluche e hepatite B.
Aos 2 meses de idade, os bebês também devem tomar a primeira dose da pneumocócica 10-valente, que requer ainda uma dose aos 4 meses de idade e um reforço ao completar o primeiro ano de vida. Essa vacina protege contra a meningite pneumocócica e contra pneumonias.
A vacina meningocócica C conjugada, que protege contra o sorotipo C do meningococo, deve ser aplicada aos 3, 5 e 12 meses idade. Nesse caso, a prevenção é contra a meningite meningocócica.
Já a meningocócica ACWY, contra o mesmo tipo de meningite, protege contra os sorotipos A, C, W e Y, e é recomendada para adolescentes de 11 a 14 anos de idade. A vacinação com a ACWY no país está em situação ainda pior que a da meningocócica C, com cobertura de apenas 57% em 2022, segundo o Ministério da Saúde.
Por Renato Pereira – CNN