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A TV 3.0 SÓ VAI FUNCIONAR COM INTERNET? ENTENDA PONTO A PONTO DA ‘TV DO FUTURO’

O modelo foi apresentado pelo governo como uma revolução da era digital e deve promover uma nova etapa de transição tecnológica no país, como foi com a TV analógica

Apresentada pelo governo federal como uma revolução dos aparelhos digitais, a TV 3.0 ou “TV do Futuro”, como é apresentada pelos desenvolvedores, permitirá a interação do telespectador a partir do conteúdo a que assiste, como votação em enquetes ou compra de produtos exibidos em comerciais por um clique no controle remoto. Isso por meio de conexão com internet banda larga.

Apesar de abrir caminho para a extinção das antenas, o Executivo garante que a nova tecnologia continuará ofertando sinal de canais abertos para quem não tem acesso à internet. Foi o que explicou o secretário de Comunicação Social Eletrônica do Ministério das Comunicações, Wilson Diniz Wellisch.

De acordo com ele, o novo sistema é o “casamento da TV aberta com a internet”, e será um complemento ao que está disponível atualmente, sem limitar o acesso ao conteúdo digital que existe hoje no mercado. Entenda abaixo ponto a ponto sobre a TV 3.0. 

O que é a TV 3.0?

Segundo Wellisch, a intenção é trazer “facilidades” ao telespectador. Um dos impactos será na qualidade de imagem, com aparelhos com a tecnologia de até 8K, para permitir melhor resolução, e maior contraste de cores. Outra mudança irá propiciar a experiência de “som de cinema”, semelhante a uma imersão com áudios que são reproduzidos em direções diferentes.  

Eu posso fazer compras ou acessar à internet com o controle remoto?

Também é tida como inovação a possibilidade de interação com o conteúdo transmitido. Por exemplo, durante um comercial, o telespectador poderá acessar o anúncio do produto veiculado e até comprá-lo pelo controle. Atualmente, esse tipo de acesso costuma ser feito por meio de QR Code disponibilizado na tela, mas que exige agilidade do telespectador com o uso de um smartphone. 

“A TV 3.0 permite algumas funcionalidades de interação, como por exemplo você checar, em uma novela, o histórico de um determinado ator ou a roupa que o ator ou a atriz está usando”, citou o secretário como outro exemplo de interatividade. Ainda será possível acessar conteúdo sob demanda, como filmes, séries, jogos e outros programas. A abrangência da TV 3.0, no entanto, será estendida apenas aos canais abertos.  

O controle remoto numérico vai acabar? 

A troca de canais pelo controle e de forma numérica será substituída com a TV 3.0. Nos novos modelos, os canais serão acessados por meio de aplicativos das emissoras de conteúdo, semelhante aos botões para acesso às plataformas de streaming. Alguns modelos atuais de televisões já são produzidos sem o acompanhamento do controle de teclado numérico, mas ainda com botões para troca de canais.

Será necessário estar conectado à internet para utilizar a TV 3.0? 

Wellisch explicou que a conexão à internet será necessária para acessar ao conteúdo interativo proporcionado pela nova tecnologia. De acordo com o secretário, o sinal de canal aberto como é transmitido atualmente, pelo ar e sem conexão à internet, continuará igual para quem não quiser interagir com a programação. 

Como será a transição?  

O governo prevê que a transição para a TV 3.0 seja feita de forma paulatina, suave e durar anos, assim como foi da era analógica para a digital, iniciada em 2006. “O telespectador não precisa ficar preocupado porque acabou de comprar uma TV e agora vai ter que trocar porque está vindo uma tecnologia nova. Não. Esse processo vai ser feito para causar o mínimo possível de impacto”, disse Wellisch. 

Os modelos atuais de TVs vão sair do mercado?

Segundo o secretário, conversores devem ser utilizados para que a nova tecnologia seja acessada por aparelhos atuais, dispensando a necessidade de compra imediata de uma nova televisão. Essa forma é a mesma que foi utilizada na transição para o digital. 

Um decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) leva até o fim de 2024 o prazo para a entrega de estudos sobre a tecnologia a ser utilizada nos novos aparelhos a serem produzidos. Depois dessa etapa, outra publicação do governo deve definir os próximos passos da TV 3.0, como a previsão para que os televisores estejam à disposição para compra.  

É o fim da TV de tubo? 

As TVs de tubo, que têm uma caixa acoplada ao fundo e dominavam o mercado na era analógica, perderam espaço no mundo digital, mas ainda estão presentes em parcela das residências. A tendência com a TV 3.0 é que esses aparelhos fiquem cada vez mais defasados e sejam substituídos por Smart TVs, que já permitem um tipo de conectividade bem inferior ao que está sendo programado pelo governo. 

“A gente teve em 2006 o processo de mudança do sinal analógico para o sinal digital e durante esse processo de transformação essas TVs [de tubo] já foram aos poucos sendo substituídas. Hoje a gente tem um índice de TV de tubo muito, muito baixo. Naquele momento foi-se instalando conversores que transformavam o sinal analógico no sinal digital”, disse o secretário. 

“O que vai acontecer agora é uma coisa muito parecida. Durante um período teremos conversores que transformarão o sinal digital da TV em um sinal de TV 3.0 para que sejam possíveis todas essas funcionalidades. Então hoje, se eu tenho uma TV que não é Smart, é possível que se compre um equipamento que vai converter esse sinal e transformar aquela TV em uma Smart TV, e a partir daí eu ter essa funcionalidade da TV 3.0”, completou. 

A TV 3.0 chegará mais cara às lojas? 

O secretário afirmou que toda nova tecnologia envolve custos para ser comercializada, e que é “natural” que aparelhos novos tenham preços mais elevados. Há a expectativa, porém, que os produtos sejam barateados com o passar do tempo e quando ganharem escala no mercado.  

Wellisch também como estratégia para reduzir o custo da nova tecnologia o uso de conversores, quando estiverem disponíveis. Está nos planos do governo buscar formas para financiar a distribuição de conversores para famílias de baixa renda. Podem ser atendidos inscritos no CadÚnico e beneficiários do Bolsa Família, por exemplo. 

Não há internet disponível onde eu moro. O que devo fazer? 

Sem acesso à internet, as televisões terão conteúdos já disponibilizados pelos canais abertos e transmitidos por sinal. O telespectador não poderá acessar as inovações prometidas pela TV 3.0, como experiência de som imersiva e interatividade. 

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, em 2022, 6,4 milhões de lares no país não tinham acesso à internet banda larga. A não disponibilidade do serviço e o alto preço dos aparelhos necessários à conexão foram colocados entre os motivos para a ausência de conectividade.  

Assumindo o tema como desafio, Wellisch informou que o governo considera políticas públicas para expandir o sinal de internet, especialmente para levar o 4G a áreas remotas do país até 2029. Há um plano, segundo ele, de nacionalizar a inclusão digital ofertando “conectividade significativa”, com velocidade certa a um preço adequado. 

Tenho pessoas da família que não sabem utilizar essa novas ferramentas. E agora?

O secretário também apontou que, mesmo em regiões com conexão banda larga disponível, parte da população não sabe utilizar a internet ou não tem interesse e, por isso, fica desconectada. Ele defendeu incluir na oferta uma campanha que ensine o uso dos equipamentos, seja para conseguir manusear um computador ou um celular. 

“A gente sabe que muitas pessoas que respondem que não têm interesse [na internet] é porque não sabem utilizar e tem vergonha de falar que não sabem utilizar. A gente identificou que essa questão do letramento digital é um dos principais problemas e que tem sido atacado também com iniciativa do Ministério das Comunicações”, afirmou. 

Como as emissoras terão que se adequar à TV 3.0? 

A adoção da nova tecnologia no Brasil é coordenada em parceria do Ministério das Comunicações com o Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD). Nas palavras do secretário, há um processo “natural” de interesse das empresas para investimento em novos equipamentos para produção de aparelhos e transmissão de conteúdo.  

Ele afirmou que o governo incentiva que esse investimento seja acelerado, mas que cabe muito mais ao setor produtivo. Ainda assim, há conversas sobre linhas de financiamento para fomentar a nova tecnologia, especialmente com as emissoras, que terão que adequar o conteúdo produzido. São caminhos em negociação o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). 

Por Lucyenne Landim Publicado em 10 de abril de 2024

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