TRÊS BANDIDOS FIZERAM AMEAÇAS A CONSÓRCIO RESPONSÁVEL POR OBRA DO PARQUE PIEDADE: ‘OU PAGA OU PARA’
Polícia apura denúncia revelada por Paes de que criminosos cobraram taxa de R$ 500 mil para ‘liberar’ obras no local onde ficava a Gama Filho. g1 apurou como foi a ação.
Ao menos três bandidos armados foram ao canteiro de obras para cobrar meio milhão de reais de funcionários do consórcio responsável pela construção do Parque Piedade, na Zona Norte do Rio. O g1 apurou que a tentativa de extorsão foi feita na segunda-feira (8).
A denúncia foi revelada pelo prefeito Eduardo Paes, na terça (9), por redes sociais.
Segundo fontes da Prefeitura do Rio ouvidas pelo g1, um dos criminosos indicou que, caso não fosse pago o valor, a obra seria paralisada: “Se não pagar vai parar”, teria dito um dos bandidos.
A obra é orçada em R$ 65 milhões, e os criminosos afirmaram que só permitiriam a continuidade se fosse pago a quantia de R$ 500 mil. De imediato, um empreiteiro teria rechaçado a exigência e informado que não cederia a chantagens.
Após os criminosos deixarem o canteiro de obra, representantes do Consórcio Parque Piedade HFB — que reúne as empresas Hydra Engenharia e Saneamento, Fábio Bruno Construções Limitada e Biovert Florestal e Agrícola — procuraram a Secretaria Municipal de Infraestrutura, que levou o caso à Prefeitura do Rio, e denunciaram a extorsão.
Segundo apurou o g1, as primeiras informações indicam que os criminosos que estiveram no canteiro de obras das comunidades do Morro da Caixa D’água e do 18, a poucos quilômetros da antiga Gama Filho.
Polícia Civil apura
Após Paes denunciar a exortação pelas redes sociais e pedir ajuda à Polícia Federal (PF), a Polícia Civil disse que instaurou um inquérito na Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) e que agentes realizam diligências para esclarecer os fatos.
O secretário de Ordem Pública do município, Brenno Carnevale, se reuniu com representantes da Draco e do Ministério Público, por meio do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), para compartilhar informações obtidas pelo setor de inteligência da Seop.
Em nota, a Seop afirma que o “documento com todas as informações já foi formalizado e será entregue” até quinta (11) aos órgãos de investigação estaduais e à Divisão de Repressão a Entorpecentes da PF.
‘Vamos agir’, diz Cappelli
Nesta quarta, o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, postou que “já em contato” com a equipe de Paes “colhendo informações”.
“É inaceitável que criminosos dominem territórios e cobrem taxas de empresas e na casa de moradores. Simplesmente inaceitável. Vamos agir”, escreveu, em resposta ao prefeito.
A Polícia Militar disse que vai aguardar a checagem de informação feita pela Polícia Civil, já que a denúncia só veio à tona agora.
O Consórcio Parque Piedade HFB foi procurado, mas não deu resposta até a última atualização desta reportagem.
Em nota, a Associação das Empresas de Engenharia do Rio diz que “está acompanhando os casos de extorsões em diversos canteiros espalhados pela cidade” e espera “a solução por parte das autoridades competentes para que as obras sejam realizadas sem violência, preservando vidas e cumprindo o cronograma esperado pela população”.
Projeto de mais de R$ 110 milhões
O Parque Piedade é um dos grandes projetos da prefeitura, que deve gastar mais de R$ 110 milhões para criar uma área verde e de lazer na Zona Norte.
O projeto prevê um centro cultural, esportivo e educacional, erguido em parceria com a Fecomércio, além de espaço para feiras e eventos, academia, campo de futebol, pista de skate, parque infantil e parque aquático com direito a cachoeira artificial.
A promessa da prefeitura é de que o novo parque seja inaugurado até o fim do ano que vem. O custo previsto da obra é de R$ 65 milhões.
As obras foram iniciadas em setembro do ano passado, com a demolição dos dois primeiros prédios que pertenciam ao antigo Colégio Piedade, dentro da área de cerca de 18 mil metros quadrados onde ficava o campus que fechou as portas em 2014.
Por Rafael Nascimento, g1 Rio