TELEMARKETING, TRADUÇÃO OU ENSINO. ESTAS SÃO ALGUMAS DAS PROFISSÕES QUE SERÃO MAIS AFETADAS PELA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Telemarketing, contabilidade, tradução, ensino, programação e mesmo investimento são algumas das profissões que estudos recentes indicam que irão mudar à medida que a Inteligência Artificial se torne mais popular, segundo especialistas contactados pela agência EFE.
Telemarketing, tradução ou ensino. Estas são algumas das profissões que serão mais afetadas pela Inteligência Artificial
Grandes empresas como a Microsoft ou a Google defendem que os ‘software’ que simulam as conversações humanas (‘chatbot’) são um co-piloto ou assistente para os utilizadores em geral, mas muitos especialistas dizem que este tipo de tecnologia irá mudar muitas profissões, quer tornando o seu trabalho mais simples e rápido, substituindo empregados ou criando novas profissões.
As capacidades do GPT-4, a última versão do OpenAI – criadores do ChatGPT – podem resolver “novas e difíceis tarefas” com “desempenho a nível humano” em áreas como matemática, codificação, medicina, direito e psicologia, de acordo com um artigo publicado em março por investigadores da Microsoft, uma empresa que investiu milhares de milhões no OpenAI.
Em declarações à EFE, o professor da Universidade de Nova Iorque Robert Seamans, que esteve envolvido num estudo sobre como os modeladores de linguagem como ChatGPT, GPT-4, Bing e Bard irão afetar as profissões, apontou que o telemarketing demonstrou ser a profissão “mais exposta a mudanças na modelação linguística”.
“O telemarketing foi a profissão que encontrámos mais exposta a mudanças na modelação linguística ou avanços na modelação linguística, seguido por outras profissões como o ensino”, disse Seamans.
As cinco principais profissões da lista são: profissionais de telemarketing, professores universitários de língua e literatura inglesa, de língua estrangeira, de história e de direito.
Outras profissões não educacionais que surgem entre as 20 mais afetadas foram: sociologia, ciência política, mediadores e juízes e magistrados.
Robert Seamans salientou que isto não significa que estes trabalhos sejam substituídos por IA, pois o que pode acontecer é que a IA venha a ser “complementar ao trabalho que está a ser feito”.
Outro estudo publicado na semana passada, que também analisou o “impacto no mercado de trabalho da modelação linguística”, indica que os gestores estão entre os profissionais cujas carreiras estão mais expostas às capacidades da inteligência artificial generativa, uma vez que pelo menos metade de todas as tarefas contabilísticas poderia ser concluída muito mais rapidamente com a tecnologia.
O mesmo é válido para matemáticos, intérpretes, escritores e quase 20% da mão-de-obra dos EUA, segundo o estudo realizado por investigadores da Universidade da Pensilvânia e do OpenAI.
Um outro estudo realizado por investigadores do GitHub (plataforma de ‘software’ propriedade da Microsoft) avaliou o impacto da IA generativa nos criadores de ‘software’.
Neste teste, os programadores a quem foi dada uma tarefa de nível básico e encorajados a utilizar a aplicação ‘Copilot’ completaram a sua tarefa 55% mais rapidamente do que aqueles que a executaram manualmente.
Um outro estudo, sobre se “Poderá o ChatGPT melhorar a decisão de investimento do ponto de vista da gestão de carteiras”, revelou que o ChatGPT já é um melhor gestor de carteiras do que uma pessoa inexperiente, embora a IA esteja ainda muito longe de conseguir gerir dinheiro de investidores no mercado de ações.
Por outro lado, houve quase 800 mil novas vagas de emprego relacionadas com IA nos EUA em 2022, de acordo com dados compilados pelo Instituto do Centro de Inteligência Artificial da Universidade de Stanford.
Questionado sobre que carreira recomendaria a um adolescente, Robert Seamans disse que recomendaria primeiro encontrar uma carreira baseada nos seus gostos e paixões, para depois investir nas competências humanas, como o julgamento ou o pensamento crítico, uma vez que “são competências que servem para muitos tipos diferentes de profissões”.
Por MadreMedia / Lusa