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TARIFA DE 25% SOBRE AUTOPEÇAS IMPOSTA POR TRUMP AFETA US$ 1,6 BILHÃO EM EXPORTAÇÕES DO BRASIL

Medida atinge majoritariamente o setor de autopeças e foi oficializada em 26 de março. Governo Lula estuda resposta e possíveis retaliações

As tarifas de 25% impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre automóveis e componentes automotivos afetam diretamente as exportações brasileiras no valor de mais de US$ 1,6 bilhão, de acordo com a Folha de S. Paulo. A medida atinge majoritariamente o setor de autopeças e foi oficializada em 26 de março por meio de uma ordem executiva. Segundo Trump, a decisão visa incentivar o investimento doméstico e a geração de empregos nos EUA.

Esse movimento antecede o chamado “tarifaço” anunciado em 2 de abril, quando o presidente americano decretou um imposto adicional de 10% sobre todas as importações, incluindo as provenientes do Brasil. No entanto, as tarifas sobre automóveis e autopeças não se acumulam a esse novo tributo geral.

Os dados que detalham os produtos atingidos pelas tarifas de 25% foram divulgados apenas em 3 de abril, o que inicialmente dificultava uma estimativa do impacto sobre a pauta exportadora brasileira. Agora, com os códigos tarifários definidos, observa-se que o prejuízo principal será sentido na indústria de autopeças.

Segundo dados do Comex Stat, sistema do governo federal que compila estatísticas do comércio exterior, os Estados Unidos foram, em 2024, o segundo maior destino das autopeças brasileiras, atrás somente da Argentina. Do total exportado globalmente em componentes afetados, 18% — cerca de US$ 1,6 bilhão — teve como destino o mercado norte-americano. Apenas no primeiro trimestre deste ano, foram enviados aproximadamente US$ 411 milhões em itens atingidos pela nova tarifa.

Em contraste, as exportações de veículos montados do Brasil para os EUA foram modestas, somando US$ 6,9 milhões — um volume residual diante dos US$ 4,4 bilhões exportados globalmente nesse segmento.

Conforme apontado por analistas ouvidos pela reportagem, ainda não é possível mensurar com precisão os efeitos dessa nova barreira comercial, já que será necessário observar como as cadeias produtivas irão reagir à reconfiguração tarifária promovida por Trump. Apesar disso, os dados já disponíveis indicam que o volume de comércio afetado é significativo para a balança comercial brasileira, o que acendeu o alerta no governo federal.

O Palácio do Planalto, diante das sucessivas medidas tarifárias impostas por Washington, tem se debruçado sobre estratégias de resposta. O objetivo, segundo apurou a Folha, é atuar em duas frentes simultâneas. Em uma delas, o governo pretende sinalizar publicamente que dispõe de instrumentos para retaliar e está disposto a utilizá-los, se necessário. Em paralelo, busca avaliar com precisão os impactos concretos dos aumentos tarifários sobre as exportações nacionais.

O governo também aposta na via diplomática, tentando avançar em negociações bilaterais que abram espaço para cotas preferenciais em setores particularmente afetados, como o de aço e alumínio. Esses dois segmentos já haviam sido alvo de tarifas adicionais de 25% aplicadas por Trump no início da guerra comercial. Em 2024, o Brasil exportou US$ 3,5 bilhões em produtos semiacabados de ferro ou aço aos Estados Unidos — volume que reforça o peso estratégico do setor metalúrgico para a administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A nova tarifa sobre automóveis entrou em vigor em 3 de abril, enquanto a incidência sobre autopeças está prevista para começar em 3 de maio.

Por Brasil 247

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