SUSPEITA DE MATAR NAMORADO COM BRIGADEIRÃO ENVENENADO FICA EM SILÊNCIO EM DELEGACIA APÓS SE ENTREGAR À POLÍCIA
Advogada de Júlia Andrade Carthemol negociou rendição da psicóloga por mais de 12 horas nesta terça (4). ‘Tudo vai se resolver da melhor forma possível e a Júlia vai colaborar’, afirmou advogada.
Júlia Andrade Carthemol, que se entregou à polícia no fim da noite desta terça (4) e está presa por suspeita de envenenar e matar o empresário e namorado Luiz Marcelo Antônio Ormond, usou o direito constitucional de permanecer calada e não prestou depoimento na 25ªDP (Engenho Novo).
A defesa de Júlia negociou a rendição da psicóloga por mais de 12 horas nesta terça-feira (4). A advogada Hortência Menezes esteve na 25ªDP (Engenho Novo), pela primeira vez, por volta das 11h, para tomar ciência dos autos do inquérito e montar a defesa técnica antes da suspeita se entregar.
“Compareci aqui na delegacia na parte da manhã para ter acesso aos autos do inquérito. Infelizmente, é um caso muito triste que aconteceu, meus sentimentos à família. Mas tudo vai se resolver da melhor forma possível e a Júlia vai colaborar”, afirmou a advogada Hortência nesta terça, horas antes da rendição.
Júlia se entregou à polícia e foi presa pouco depois das 23h. Um vídeo mostra o momento em que ela chega à 25ª Delegacia de Polícia do Rio de Janeiro.
Suspeita de matar namorado envenenado com brigadeirão se entrega no Rio
Júlia prestou depoimento na delegacia no dia 22 de maio. Desde então, ela era considerada foragida. No dia do depoimento, o delegado responsável pelo caso disse que ainda não havia base legal para prendê-la.
A polícia acredita que Júlia tenha recebido ajuda para se esconder na Região dos Lagos. Nesta terça-feira, a advogada dela confirmou que a suspeita se entregaria.
Ainda nesta terça, prestaram depoimento também a mãe e o padrasto de Júlia, Carla Cathermol e Marino Leandro. Eles chegaram à 25ª DP para depor pouco depois das 19h. Os dois foram ouvidos em salas separadas.
Os depoimentos estavam marcados para as 15h. No entanto, como Carla e Marino não compareceram voluntariamente à delegacia, os dois foram conduzidos por agentes de Maricá, onde moram, até o Rio.
O caso
O corpo de Luiz foi encontrado por bombeiros no dia 20 de maio, em estado de decomposição avançado, no apartamento onde morava no Engenho Novo, na Zona Norte. O cheiro chamou a atenção de vizinhos, que acionaram o socorro.
Para a polícia, Júlia, namorada de Luiz, é a principal suspeita de cometer o crime para ficar com os bens da vítima. Os dois viviam juntos há um mês.
“A motivação é econômica. Nós temos elementos que a Júlia estava em processo de formalização de uma união estável com a vítima. Mas, em determinado momento, o que nos parece, é que a vítima desistiu da formalização da união”, disse o delegado Marcos Buss, titular da 25ª DP.
“Isso até robustece a hipótese de homicídio e não de um latrocínio, puro e simples, porque o plano inicial me parecia ser realmente eliminar a vítima depois que essa união estável estivesse formalizada”, analisou o delegado.
Mãe e padrasto de suspeita de matar empresário são ouvidos pela polícia
Receita para comprar remédio
Na segunda-feira (3), um funcionário de uma farmácia afirmou em depoimento à polícia que Júlia apresentou uma receita médica para comprar o remédio Dimorf, um medicamento à base de morfina.
A suspeita é que o medicamento, comprado no dia 6 de maio, tenha sido usado no brigadeirão que o empresário comeu. A polícia suspeita que Luiz tenha morrido no dia 17, três dias antes de o corpo ter sido achado.
No depoimento, o funcionário afirmou que viu Júlia sair de um carro alto, prata, pelo banco do carona, antes da compra. Os representantes da farmácia apresentaram um documento interno que comprova a compra de R$ 158 pelo medicamento. Eles prometeram levar a receita à delegacia em uma próxima oportunidade.
Um homem que se dizia o atual namorado de Júlia também foi ouvido. Ele entrou rapidamente no local e não quis falar com a imprensa.
A Polícia Civil também pediu medidas cautelares para detectar as movimentações financeiras de Júlia.
A polícia destaca que alguns bens de Luiz Marcelo já foram recuperados. “Já recuperamos alguns bens da vítima, o automóvel da vítima, devo me preocupar com a localização dessas armas, que podem ou não estar na posse da Júlia”, destacou o delegado.
Remédio que teria sido usado para fazer brigadeirão envenenado foi comprado por suspeita com receita médica, diz funcionário de farmácia
Presa suspeita de participação no crime
Para a polícia, Suyany Breschak, mulher que se apresenta como cigana e que está presa, já sabia do planejamento do crime antes da morte do empresário, e teria se beneficiado posteriormente.
“Há elementos que indicam que a Suyany foi a destinatária de todos os bens do empresário após a morte dele”, afirmou o delegado.
Em depoimento, Suyany disse que Júlia possuía uma dívida com ela de R$ 600 mil.
Polícia tenta rastrear movimentação financeira de suspeita de matar namorado com brigadeirão envenenado
Por Thaís Espírito Santo, Lucas Madureira, g1 Rio