SEMINÁRIO DISCUTE RELAÇÃO ENTRE IGREJA E INTELIGÊNCIA
Organizado pela Arquidiocese do Rio de Janeiro, o Seminário de Comunicação Social será realizado de modo presencial e on-line
Igreja e Inteligência Artificial. A princípio, dois mundos distintos e imiscíveis. Mas é exatamente isto que a 10ª edição do Seminário de Comunicação Social, que será realizado de 19 a 22 de setembro, sob o tema “Igreja e Inteligência Artificial – A Missão da Igreja nas Transformações Tecnológicas”, discutirá. O evento ainda está com inscrições abertas.
Sob a direção da Arquidiocese do Rio de Janeiro, o evento será feito em caráter virtual e presencial. Segundo a organização do evento, em suas nove edições, mais de 80 dioceses, congregações, religiosas e leigos já participaram. Nesta edição, dez palestrantes durante quatro dias, discutirão temas ligados à comunicação e Igreja.
“A Inteligência Artificial tem um relacionamento com qualquer pessoa. Está em praticamente tantos serviços que utilizamos — como a tevê, serviços telefônicos e bancários, redes sociais. Tem um envolvimento com a vida de todas as pessoas”, afirma padre Arnaldo Rodrigues, professor do departamento de Comunicação da Puc-Rio, Vigário Episcopal para a Comunicação Social, assessor de imprensa e diretor da Fundação Catedral da Arquidiocese do Rio de Janeiro e um dos palestrantes do Seminário.
A Igreja, segundo o presbítero, também não está desvencilhada da influência da Inteligência Artificial. “A Igreja está relacionada às pessoas, tem este envolvimento, por meio da evangelização e do cotidiano de cada um. A Inteligência Artificial tem uma ação contínua e cotidiana de cada pessoa, obviamente tem esta realidade presente na vida da Igreja. Por isso ela tem esta obrigação de refletir dentro desta realidade”, pondera.
Inimiga ou aliada?
Muito tem sido dito sobre a interferência direta da Inteligência Artificial em diversos aspectos da vida (cinema, música, jornalismo etc.). E nem sempre essa interferência é vista com bons olhos. “É verdade que ela [I.A.] está presente em várias realidades: jornalismo, música, vida comercial. Enfim, em todos os lugares”, concorda padre Arnaldo. “Mas, dizer se é inimiga ou aliada dependerá de quem a utiliza”, constata.
“E não somente ela, mas qualquer tecnologia. Não podemos esquecer que por trás das tecnologias está a figura humana. É a figura humana que determinará se ela é uma aliada ou não. Depende muito da responsabilidade de quem a utiliza”, observa.
Regulação
Redes sociais e algoritmos têm agido diretamente no cotidiano das pessoas. No jornalismo, por exemplo, teme-se a influência que notícias sejam direcionadas, que se perca a imparcialidade e tornem as notícias tendenciosas. O debate em torno da regulação dos meios de comunicação e, especialmente, das redes sociais intensificou-se nos últimos tempos. Seria este o caminho?
“As regulações aparecerão de acordo com a necessidade”, aponta o religioso. “A medida que a tecnologia evolui, outros parâmetros de regulação surgem. Temos aí a questão da privacidade, o cuidado com os dados sensíveis, a proteção de imagens alguns anos atrás. Enfim, conforme o tempo evolui e, consequentemente, os meios tecnológicos, as regulações e leis surgem e se aprimoram. O objetivo principal é sempre proteger as pessoas e também criar um limite para que dialoguem com serenidade, ética a tecnologia com o ser humano”, assevera.
Uma escolha digna
A Igreja sempre escolheu um lado no debate técnico-científico. Por exemplo, acerca do aborto, a Igreja se coloca contra sob quaisquer circunstâncias. “A Igreja sempre vai primar pela dignidade do ser humano”, afirma o clérigo. “A Igreja sempre buscará uma reflexão de forma ética, jurídica, filosófica, espiritual, moral naquilo que diz respeito à proteção do ser humano”, reitera.
E, obviamente, se a Igreja tem esta premissa com tantos aspectos da vida, não poderia ser diferente quando se trata de tecnologia. “Se a tecnologia envolve este relacionamento com o ser humano, obviamente a Igreja refletirá sobre esta realidade. E cobrará a sociedade para uma ética e moral que preserve a dignidade humana”, finaliza.
Por Thiago Coutinho