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SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO DE BARUERI É EXONERADO APÓS DECLARAÇÕES CAPACITISTAS: “CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA NÃO TÊM CONDIÇÃO DE APRENDER”


Celso Furlan, irmão do ex-prefeito Rubens Furlan, cassado em 2024, foi afastado após falas discriminatórias em reunião com diretores escolares. Prefeitura alega compromisso com a inclusão, mas caso provoca forte reação pública.

A Prefeitura de Barueri, na Grande São Paulo, anunciou nesta sexta-feira (16) a exoneração de Celso Furlan do cargo de secretário municipal de Educação. A decisão ocorre após a divulgação de um áudio em que Furlan afirma que crianças com deficiência “não têm condição de aprender” e insinua que mães matriculam seus filhos em escolas públicas como forma de “se livrar” deles.

As declarações foram feitas durante uma reunião com diretores da rede municipal realizada na última terça-feira (13). O encontro foi gravado e trechos do áudio vazaram em redes sociais, provocando ampla repercussão e repúdio de entidades ligadas à educação e aos direitos das pessoas com deficiência.

“Porque tem casos de deficientes cadeirantes que não mexem nenhum membro do corpo. Nada. Tudinho torto, não tem condição de aprender nada”, diz Furlan no trecho divulgado. Em outro momento, afirma: “Um garoto com problema de autismo significa 20 alunos a mais. […] As mães querem se livrar do filho, e nós cuidamos deles. Não é certo.”

As falas geraram forte reação da sociedade civil, educadores, movimentos de inclusão e parlamentares. Especialistas apontam que o discurso reproduz estigmas históricos sobre a deficiência e reforça o capacitismo institucional — discriminação baseada na ideia de que pessoas com deficiência são inferiores ou menos capazes.

Vínculos políticos e histórico familiar


Celso Furlan é irmão do ex-prefeito de Barueri, Rubens Furlan (PSDB), cassado em abril de 2024 por decisão da Justiça Eleitoral. Rubens perdeu o mandato após ser condenado por abuso de poder político e econômico durante a campanha municipal de 2020, quando utilizou indevidamente recursos da administração para beneficiar sua candidatura à reeleição. A cassação foi mantida em segunda instância, o que levou à convocação de novas eleições no município.

Celso Furlan ocupava a Secretaria de Educação desde o início da gestão do irmão e era figura influente na estrutura administrativa da cidade, sendo apontado como responsável por implementar políticas que elevaram os índices educacionais de Barueri nos últimos anos. No entanto, as declarações recentes colocaram em xeque esse legado.

Prefeitura lamenta episódio, mas reconhece trabalho do ex-secretário
Em nota oficial, a Prefeitura de Barueri lamentou o ocorrido e reafirmou seu compromisso com a inclusão:

“A administração municipal de Barueri lamenta o ocorrido e informa que mantém uma política séria, ética e inclusiva voltada aos cuidados da pessoa com deficiência, seus familiares e cuidadores em nossa cidade.”

Apesar da exoneração, o Executivo destacou o histórico do secretário à frente da pasta:

“Faz-se necessário reconhecer o trabalho que foi realizado durante anos por Celso Furlan à frente da Educação, o que levou o ensino de Barueri a ser premiado e a atingir um nível de excelência reconhecido em todo o país.”

Furlan alega “recorte fora de contexto”
Após a repercussão negativa, Celso Furlan também divulgou nota pública na qual se defende, alegando que as declarações foram “retiradas de contexto”.

“Se trata de um recorte. O assunto foi tema de uma reunião de trabalho, onde se discutia a criação de ambientes escolares com mais oportunidades de aprendizado e infraestrutura para os alunos com deficiência”, afirmou.

O agora ex-secretário diz ainda que reconhece “a importância de uma comunicação clara e respeitosa em todos os momentos” e nega qualquer intenção de desrespeito ou constrangimento.

Repercussão nacional e investigações


Entidades como a Associação Brasileira de Autismo (ABRA) e o Movimento Mães pela Inclusão divulgaram notas de repúdio e pedem que o Ministério Público investigue possíveis práticas de discriminação institucional.

A exoneração de Celso Furlan não encerra a crise política em Barueri, que já vinha abalada pela cassação de Rubens Furlan. O caso reacende o debate sobre a formação de gestores públicos e a urgência de políticas educacionais verdadeiramente inclusivas e anticapacitistas.

Por Redação Gazeta Rio

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