SECA DERRUBA GERAÇÃO DE ENERGIA HIDRELÉTRICA EM 30% NO NORTE E CONTA DE LUZ DEVE SUBIR
O período seco no norte do Brasil traz apreensão para o setor elétrico. Os meses sem chuva começaram antes do normal e, para piorar, o período ocorre na região após o ano passado ter registrado a pior seca em décadas. Com isso, a geração hidrelétrica no Norte está cerca de 30% menor que a vista há um ano.
Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostram que o subsistema Norte gerou, em 19 de agosto, 2.736 MW médios em usinas hidrelétricas. A geração é 30% menor que a vista um ano antes. Em 20 de agosto do ano passado, as mesmas usinas hidrelétricas da região geraram 3.926 MW.
A queda da produção na geração pode ser explicada por dois fatores.
Primeiro, a redução do nível dos reservatórios da região. O reservatório Balbina, por exemplo, no rio Uatumã, tem água em apenas 30,7% da sua capacidade total – é o terceiro reservatório com menor nível do Sistema Integrado Nacional.
A seca, porém, não afeta apenas o nível dos reservatórios. A maior usina da região, Belo Monte, foi construída sem um reservatório de água, mas sofre igualmente com a seca.
Belo Monte é um projeto moderno que, para evitar impacto ambiental, foi construída com um conceito que usa apenas o fluxo normal do rio – sem contar com água represada. É o que os técnicos chamam de usina “fio d’água”.
O volume de energia gerada em um dia é 96,6% menor que o pico dos últimos 12 meses, em 30 de abril. Na época das cheias e com a vazão elevada do rio Xingu, a usina operou plenamente. Agora, a situação é exatamente o contrário.
Situação comparável é vista na usina de Santo Antonio, no rio Madeira, a poucos quilômetros de Porto Velho, em Rondônia. Por lá, a geração diária tem sido cerca de 20% menor que há um ano.
Em Jirau, em trecho anterior do mesmo rio – em área mais próxima da Bolívia – a produção está praticamente estável, com leve queda de 1%.