SÃO LONGUINHO: A HISTÓRIA POR TRÁS DO SANTO CONHECIDO POR TRÊS PULINHOS PARA ENCONTRAR COISAS
Santo é celebrado neste sábado (15) por fiéis do catolicismo. Teólogo Gidalti Guedes da Silva conta que ele era um soldado romano que foi curado quando sangue de Jesus caiu em seus olhos.
O Dia de São Longuinho – popularmente conhecido por ajudar a encontrar objetos perdidos – é comemorado neste sábado (15) 📅. Diz a tradição que oferecer três pulinhos para o santo seria o “pagamento” para ter ajuda. Mas qual a origem dessa história?
Em entrevista ao g1, o teólogo e pedagogo Gidalti Guedes da Silva, coordenador dos cursos de teologia e filosofia da Universidade Católica de Brasília (UCB), conta que o santo era um soldado romano que foi curado quando o sangue de Jesus caiu em seus olhos.
Segundo Gidalti, não há registros oficiais sobre a prática dos três pulinhos e a relação do santo com a busca por coisas perdidas. A tradição foi difundida no catolicismo popular.
Quem foi São Longuinho?
Gidalti Guedes da Silva diz que, segundo relatos da tradição cristã, antes de ser um santo da igreja católica, São Longuinho foi um soldado romano.
🔎 Ele teria sido um centurião: oficial do exército romano que comandava uma centúria, grupo de até 100 soldados.
Longuinho, como soldado, estava presente na crucificação de Jesus. Para verificar sua morte, ele teria perfurado um lado do corpo de Jesus.
“Conforme esses relatos, quando perfurou Jesus, gotas do sangue de Cristo espirraram em seus olhos, curando-lhe de um problema crônico de vista”, conta o teólogo.
👉 Frente a experiência, o soldado romano se converteu ao cristianismo e deixou sua carreira militar.
👉 O nome “Longuinho” é um derivação da palavra ‘longinus’, que, em latim, é o nome de um tipo de lança romana. Ter o nome da lança seria uma referência a história de como ele se tornou cristão.
Por que ele foi santificado?
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São Longuinho, santo que “ajuda” a encontrar coisas perdidas — Foto: DOMÍNIO PÚBLICO
O teólogo Gidalti Guedes da Silva explica que há histórias diferentes sobre o martírio de São Longuinho. Mas, os relatos convergem em afirmar que, após sua conversão, ele passou a residir na região da Capadócia, na Turquia, onde realizou um grande trabalho de evangelização.
“[A evangelização] incomodou as autoridades romanas. Devido sua devoção e fidelidade à fé cristã, Longuinho foi martirizado e posteriormente reconhecido pela Igreja”, diz o teólogo.
Por que ele ficou conhecido como o santo que ‘encontra coisas’?
A associação de São Longuinho com a habilidade de encontrar objetos perdidos não tem uma origem clara na Bíblia ou em textos oficiais da Igreja. Segundo, Gidalti Guedes da Silva, a crença teria surgido a partir de uma interpretação popular de sua história.
👉 O teólogo diz que, como o santo foi o responsável por encontrar a verdadeira fé na crucificação, as pessoas passaram a invocá-lo para ajudar a encontrar coisas perdidas.
👉 Outra possibilidade seria a referência à cura dos problemas de vista. “Uma vez curado, São Longuinho tornou-se hábil em ver e encontrar coisas que as outras pessoas não encontravam”, fala o teólogo.
Como surgiu a tradição dos três pulinhos?
A prática de dar três pulinhos foi difundida pelo catolicismo popular. Mas, segundo Gidalti Guedes da Silva, não há uma documentação oficial da Igreja sobre a tradição.
“O número três pode estar relacionado ao hábito de proferir o nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo ao findar as preces”, conta Gidalti.
Legado de São Longuinho
O teólogo diz que, em uma sociedade marcada cada vez mais por laços superficiais, São Longuinho deixa um legado de busca pela “Boa Nova e amor a Deus”.
“Precisamos encontrar o que perdemos como seres humanos, como respeito, solidariedade e amor”, diz Gidalti Guedes da Silva.
Por Marcella Rodrigues, g1 DF