REGISTRO FALSO E FRAUDE MILIONÁRIA: OS 33 ANOS DE GOLPE DE ANA LUCIA
A história de Ana Lucia Umbelina Galache de Souza envolve fraude documental e um esquema milionário que durou mais de 33 anos. Registrada falsamente como filha de um tio-avô, ex-combatente da Segunda Guerra Mundial, Ana Lucia enganou o Exército e recebeu indevidamente R$ 3,7 milhões em pensões no estado de Mato Grosso do Sul.
Condenada a devolver o valor, Ana Lucia teve seu recurso negado pelo Superior Tribunal Militar (STM) em novembro de 2024. Confira a cronologia desse caso:
Setembro de 1986
Com 17 anos, Ana Lucia foi registrada como filha de Vicente Zarate em um cartório de Campo Grande. Vicente, ex-combatente, era tio-avô de Ana. O registro teve como testemunha sua avó, Conceição Galache, irmã do militar. Com o novo registro, Ana Lucia conseguiu documentos como identidade e CPF com o sobrenome “Zarate”.
Outubro de 1988
Após a morte de Vicente, em 17 de outubro de 1988, Conceição declarou Ana Lucia como dependente do militar junto ao Serviço de Inativos e Pensionistas do Exército.
Janeiro de 1989
Ana Lucia apresentou-se pessoalmente para pleitear a pensão como filha de Vicente. O pedido foi aprovado, e ela começou a receber o benefício integral como dependente de segundo-sargento em 27 de janeiro de 1989.
Dezembro de 2021
A fraude veio à tona quando Conceição, então com 91 anos, denunciou a neta à Polícia Civil e à Administração Militar. Ela revelou que Ana Lucia utilizava o sobrenome Zarate exclusivamente para fins militares, mantendo o nome verdadeiro, Galache, para outras situações.
2022
Investigações comprovaram que Ana Lucia era, na verdade, sobrinha-neta de Vicente. Após o início do processo judicial, ela admitiu que Conceição exigia parte da pensão e ameaçou denunciá-la caso não recebesse R$ 8 mil. A avó faleceu em maio de 2022, antes de ser ouvida.
Fevereiro de 2023
Ana Lucia foi condenada pela Justiça Militar a devolver R$ 3.723.344,07 e a cumprir pena de três meses de prisão. Em liberdade, ela recorreu da decisão.
Novembro de 2024
O STM negou o recurso, mantendo a condenação. A defesa alegou que a fraude foi iniciada quando Ana Lucia era menor de idade, mas a Justiça considerou que ela tinha plena consciência do crime ao usar documentos falsos e dois nomes diferentes.
Além disso, o tribunal apontou que o marido da acusada a orientou a interromper os pagamentos indevidos, mas ela ignorou o conselho, mantendo o golpe por mais de três décadas.
Com isso, Ana Lucia terá que ressarcir os cofres públicos e responde pela acusação de estelionato contra a Administração Militar.