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RECUPERAÇÃO DE PRAIAS E LAGOA NO RJ AUMENTA CONFIANÇA NA DESPOLUIÇÃO DA BAÍA DE GUANABARA, DIZ AEGEA

Empresa deseja repetir sucesso com a construção de um cinturão de coleta na Baixada Fluminense para deter o esgoto antes que ele chegue à baía

A recuperação da balneabilidade das praias do Flamengo e de Botafogo e a volta dos peixes à Lagoa Rodrigo de Freitas surpreendeu os cariocas, aumentando a confiança de que a Baía de Guanabara pode seguir o mesmo caminho após inúmeras tentativas fracassadas de recuperação no passado.

Segundo o químico Édison Carlos, presidente do Instituto da Aegea, a empresa de saneamento do segmento privado recolheu recentemente 2 mil toneladas de lixo de um interceptor oceânico criado nos anos 1970, mas que ainda não havia sido esvaziado. A ação contribuiu para que as praias voltassem a ser frequentadas por banhistas. Na Lagoa, o sistema de tratamento de esgoto estava sucateado e também foi recuperado pela empresa.

A empresa deseja repetir o sucesso com a construção de um cinturão de coleta na Baixada Fluminense para deter o esgoto antes de chegar na baía. O investimento previsto é de R$ 4 bilhões. “Isso vai nos dar tempo de ir construindo as redes de esgoto casa a casa”, disse. “Mas, antes, queremos causar um impacto mais rápido na Baía de Guanabara para mostrar ao fluminense e ao carioca que é possível recuperar a área.” Além de reverter a descrença da população na despoluição, o objetivo é engajá-la a preservar a região, com a destinação adequada de resíduos e das fossas.

As falas aconteceram durante a quarta edição da SP Ocean Week 2023. No painel “Saneamento básico: rio limpo, mar limpo”, no dia 1 de setembro, o cenário do Rio de Janeiro nessa área foi apontado como um dos mais desafiadores do país. Além de ser populoso, o estado apresenta um relevo geográfico complexo, com grande parte das pessoas morando nos morros, dificultando a implementação de coleta de lixo e do tratamento de esgoto. A semana do oceano de São Paulo acontece de 30 de agosto a 3 de setembro no Memorial da América Latina.

Das 30 milhões de pessoas atendidas pela Aegea no Brasil, mais de 10 milhões estão localizadas no estado. “Dos nossos 8 mil colaboradores, 4.500 são moradores das favelas. Falamos com mais de 3 mil deles diariamente por Whatsapp. Eles apontam quando o lixo vai parar no córrego ou quando há a ocorrência de vazamentos. Isso permite a resolução rápida dos problemas”, diz Carlos, elucidando a obrigação contratual da empresa de investir R$ 2 bilhões somente nas favelas. O aporte total previsto para o estado é de R$ 24 bilhões.

Em relação ao aumento da contaminação das praias após as chuvas, que levam resíduos do asfalto para o mar, o trabalho deve levar ainda mais tempo. “A temporada de chuvas é um

grande desafio, porque tem a ver com a drenagem, uma outra área do saneamento muito pouco cuidada no Brasil e que interfere na qualidade da praia para além da coleta de tratamento de esgoto”, diz, acrescentando que “30% da população brasileira vive em cidades de praia”.

Por Martina Medina – Um Só Planeta

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