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PT ESTUDA APOIO A ZITO, EX-RIVAL NA BAIXADA FLUMINENSE, NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2024

Esquerda mira candidatura do ex-prefeito, que já passou por siglas de centro-direita como o PP, para aproveitar vácuo político deixado por Washington Reis em Duque de Caxias e combater o bolsonarismo

Com a esquerda sem um nome de apelo popular na Baixada Fluminense, a federação PT-PCdoB-PV avalia lançar no segundo maior colégio eleitoral do estado, Duque de Caxias (RJ), a pré-candidatura a prefeito de José Camilo Zito. O ex-prefeito da cidade está com um pé dentro do PV, legenda que negocia sua filiação. Já o PT, que conversa com o PDT, não descarta o apoio a Zito.

A falta de apego de Zito a um partido não assusta a esquerda. O ex-prefeito já passou por siglas como PP, PSDB, PTR e PSB, a maioria de centro-direita. Sua última filiação foi ao PSD. Para o vice-presidente estadual do PV, André Lazaroni, o embarque na legenda representa a chance real de a esquerda voltar a eleger um prefeito na Baixada, reduto de políticos bolsonaristas. Das 13 cidades da região, somente Japeri tem um governo de esquerda. Eleita pelo PDT, a prefeita Fernanda Ontiveros se filiou recentemente ao PT.

— Não vejo hoje na Baixada Fluminense uma figura do campo popular com forte apelo entre os eleitores. A esquerda precisa de nomes com esse perfil, mas que sejam alinhados ideologicamente com questões sociais e ambientais. Temos de ser realistas e nos adaptar ao perfil da região, por isso o convite a Zito — diz Lazaroni, ao comparar a cidade a regiões como a Zona Sul do Rio, em que a esquerda é forte eleitoralmente. — Zito apoiou a candidatura do presidente Lula e mostra interesse em nossas causas — acrescenta.

Lazaroni afirma que o nome de Zito foi bem aceito tanto pelo PV quanto pelo PCdoB. No PT, o ex-prefeito tem apoio de parte da legenda, mas terá de quebrar a resistência do grupo ligado ao deputado federal e vice-presidente nacional do partido, Washington Quaquá. O petista defende a aliança com o PDT, que aposta no deputado federal Marcos Tavares. A federação só pode lançar uma candidatura.

— A posição final vai ser em conjunto com os três partidos, tendo a proporcionalidade de cada um dentro da direção da federação. Nada contra o Zito. Ainda tem muito tempo pela frente, o que pode amadurecer. Hoje a nossa intenção é aprofundar esse debate com o Marcos Tavares — diz o presidente estadual do PT, João Maurício de Freitas.

Em vídeo postado nas redes sociais, Zito abordou as conversas com o PV:

— Pela primeira vez, agora é oficialmente, (anunciando a parceria) para que eu possa fazer política ao lado dele, André Lazaroni.

Chamado de “O Rei da Baixada” nos anos 1990 por suas votações expressivas, Zito tem participado de lives com filiados do PV e passou a promover encontros com aliados num galpão no bairro Dr. Laureano, sua base eleitoral. Na última semana, ele reuniu no local políticos com e sem mandato para avaliar candidaturas a vereador. O ex-prefeito também passou a percorrer as ruas da cidade ao lado de Lazaroni, de olho no vácuo político deixado pelo ex-prefeito e atual secretário estadual de Transporte, Washington Reis (MDB).

Dificuldade entre os Reis

Duque de Caxias é o segundo colégio eleitoral do estado e tem o maior orçamento da Baixada — R$ 4,7 bilhões, contra R$ 2 bilhões de Nova Iguaçu, o segundo. Há pelo menos sete pré-candidatos a prefeito, além de Zito: os deputados federais Áureo Ribeiro (SDD) e Marco Tavares (PDT), o estadual Marcelo Dino (União Brasil), os vereadores Celso da Alba e Serginho Corrêa, ambos do MDB, o ex-deputado estadual Dica (PL) e o empresário Netinho Reis (MDB).

Cacique do MDB, Washington Reis encontra dificuldades para definir um nome de confiança e viável eleitoralmente à prefeitura. Reis já ofereceu apoio a Celso da Alba e a Serginho Corrêa, mas também estuda o sobrinho Netinho Reis, empresário novato na política. Os irmãos do ex-prefeito, os deputados federal Gutemberg Reis e estadual Rosenverg Reis e o vereador Júnior Reis, todos do MDB, são impedidos pela Lei Eleitoral de concorrer ao pleito. O ex-prefeito do MDB foi reeleito e renunciou para disputar o Senado, mas foi barrado pela Justiça Eleitoral.

Por Marcelo Remigio

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