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PROJETO ‘PAPO DE BAILE DO MAIS UM’ REÚNE HOMENS PERIFÉRICOS PARA DEBATER SOBRE MASCULINIDADE E DISCUTIR SEUS EFEITOS NA SOCIEDADE

Pesquisa discutiu a questão da masculinidade no Rio. O resultado desse trabalho revelou que muitas vezes atitudes machistas, que incomodam toda a sociedade, são incentivadas desde criança.

Uma pesquisa inédita discutiu a questão da masculinidade no Rio. O resultado desse trabalho revelou que muitas vezes atitudes machistas, que incomodam toda a sociedade, principalmente mulheres, são incentivadas desde criança.

O mais importante que o trabalho revelou é que tem como mudar essa realidade.

O projeto “Papo de baile do mais um” reúne homens periféricos em Anchieta, na Zona Norte, para debater o que é masculinidade e discutir os seus efeitos na sociedade.

“Masculinidade pra mim, antes do projeto, como eu era da música, do rap, era algo mais bruto, algo que homem realmente não podia chegar em casa chorando porque brigou na rua, era algo mais levado pra esse lado, do homenzão”, diz o participante João Vitor Andrade.

De acordo com o idealizador, o “Papo de baile mais um” surgiu da entendendo a necessidade de mostrar a diversidade das masculinidades periféricas.

“A gente trabalha com três pilares, do debate, formando rodas de debate onde a gente vai apresentando alguns temas específicos, Os outros dois pilares são a construção de produtos artísticos: músicas, fotos, poesias, textos, diversos produtos artísticos, E o outro pilar é a produção de dados, a gente constrói algumas perguntas juntos e um formulário e os participantes vão a campo fazer uma pesquisa junto com homens que estão ali ao redor na sua vivência”, explica Jorge Mais Um.

No projeto o grupo aprende a desconstruir uma lista de regras de como se comportar para ser considerado homem, como aquelas coisas que meninos ouvem desde criança como: “Homem não chora”, “Faz igual a um homem”, e por aí vai. Os participantes do projeto entenderam que nada disso faz sentido, pois, antes de ser uma pessoa do sexo masculino, eles são seres humanos, e seres humanos têm sentimentos.

Machismo

Além de perceberem que eles também podem sentir e que isso não faz deles menos homens, eles tiveram consciência de um problema sério da masculinidade que atinge muito as mulheres: o machismo.

“A gente aprende que que o homem precisa trabalhar e a mulher precisa cuidar de dentro de casa.

Então, eu acho que a gente tem uma cultura que é machista. Então todas as pessoas têm comportamentos que são negativos de alguma maneira”, diz Matheus Trindade.

“Eu entendia o que era machismo, mas eu não sabia me ver no lugar de machista. Porque o machista na verdade é aquele cara que é assediador, é o estuprador, todo mundo leva pro lado mais negativo que pode ter do machismo, entendeu? O que que a gente faz no dia a dia, O que que a gente faz no dia a dia que pode ser machismo, um psiu, uma chamada pra mulher, não tem, ninguém vê isso. E aqui eu me libertei, eu pude me ver fazendo isso e falar: Caraca mano, isso tá certo? Se fosse tua mãe, tu ia gostar?”, ressalta o participante João Vitor Andrade.

Outro ponto da masculinidade, esse descoberto na fase das pesquisas, foi que 40,2% dos entrevistados raramente conversam sobre seus problemas e medos.

“Cara, a maior mudança que o papo de baile promoveu na minha vida foi essa questão de eu poder lidar com problemas. A gente já tem esse comportamento de reprimir as coisas que a gente sente, A gente não lidar com os nossos problemas e tem um lema do papo de baile que é você ser homem o suficiente pra falar abertamente sobre seus problemas?”, questiona Felipe Ferreira.

Segundo eles, a principal lição é que masculinidade de verdade é poder ser exatamente como se quer ser. como deveria ser para mulheres, não-binários, pessoas cis, e trans.

Por Maria Morganti, g1 Rio

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