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PREFEITURA É QUEM TEM ‘MENOS RESPONSABILIDADE’ PELA SEGURANÇA PÚBLICA, DIZ PAES EM SABATINA DO EXTRA, GLOBO, VALOR E CBN

Atual prefeito, candidato do PSD à reeleição está sendo entrevistado na manhã desta quinta-feira; na sexta, será a vez de Tarcísio Motta (PSOL)

Em sabatina dos jornais GLOBO, Extra e Valor e da rádio CBN, nesta quinta-feira, o atual prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), reafirmou sua promessa de não renunciar ao cargo para concorrer ao governo estadual em 2026, caso seja reeleito à administração municipal neste ano. Na sabatina, Paes também criticou o governador Cláudio Castro (PL) pelo que classificou como “mais grave crise de segurança pública” do estado. Castro apoia a candidatura do bolsonarista Alexandre Ramagem (PL), adversário de Paes.

— Não sou que que estou dizendo que a segurança não é uma atribuição dos prefeitos. É a Constituição Federal que define. O ente com menos responsabilidade sobre isso é o município. Todo o sistema de segurança pública pertence aos governos estaduais. O que tenho reforçado é que o Rio já viu muito estelionato eleitoral nas últimas eleições. O governador acabou de ser reeleito com a bandeira da segurança pública, e a gente está vendo a mais grave crise da segurança do estado —afirmou Paes.

Paes também criticou o discurso de Ramagem de que a prefeitura teria de assumir maior responsabilidade no combate à criminalidade. O candidato do PL vem dando como exemplo cidades estrangeiras, como Medellín, na Colômbia, e Nova York, nos Estados Unidos.

— Em Nova York, as polícias são dos prefeitos. Em Medellín, há ação municipal, mas a polícia (é) nacional. É claro que a prefeitura tem um papel, pode ajudar e a gente tem feito isso. Quando você ilumina melhor as ruas, cria o programa BRT Seguro — citou o prefeito.

‘Politização’ da segurança pública

Paes manteve, ao longo da sabatina, uma alternância de críticas a Ramagem e a Castro, buscando associar o candidato do PL ao governador. O atual prefeito ironizou uma declaração de Ramagem na sabatina de quarta-feira, em que seu adversário atribuiu “nota 7” à atuação do governador na área de segurança pública.

— Eu aqui jamais conseguiria dar uma nota, porque um tema como segurança é tão sério, mas acho que não passou de ano. Acho que está reprovada a segurança pública do governador Cláudio Castro — disse Paes.

O prefeito também afirmou que há uma “absurda politização” das forças de segurança estaduais no Rio, com nomeações de comandantes de batalhões e de chefes de delegacias de polícia negociadas com deputados estaduais da base do governo.

Logo no início da sabatina, o prefeito reafirmou a promessa que tem feito de que não renunciará à cadeira de prefeito, caso reeleito, para concorrer a governador em 2026. Paes lembrou que já disputou duas vezes a eleição estadual, em 2006 e 2018, e foi derrotado em ambas.

— Eu tenho em reiteradas oportunidades dito que adoro ser prefeito do Rio. Para mim é motivo de honra e de orgulho, e para mim meu terceiro mandato foi o melhor mandato. Temos que discutir esta eleição. Quero reiterar aqui. Daqui a pouco vão me fazer jurar pelo Rei Momo, dada minha paixão pelo Carnaval, eu permanecerei na prefeitura caso seja reeleito — afirmou Paes.

Sem críticas a Bolsonaro

Questionado ao longo da sabatina sobre alianças políticas, Paes buscou escapar da nacionalização da campanha e afirmou que “quem vai governar não é o Bolsonaro, nem o Lula”. O atual prefeito, embora tenha reforçado que fez campanha para o presidente Lula (PT) nas eleições presidenciais de 2022, evitou criticar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Paes também defendeu o fato de ter costurado alianças com bolsonaristas como o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), que tem atuado como um articulador de sua campanha no meio evangélico.

— Quem construiu candidatura do Ramagem não foi o presidente Bolsonaro. As alianças que ele (Ramagem) fez com Republicanos e MDB têm ligação direta com a estrutura de poder do governador Cláudio Castro. Eu me livrei do Republicanos e do Eduardo Cunha, o governador Cláudio Castro os trouxe para perto para que apoiassem a candidatura do Ramagem — afirmou Paes.

Por outro lado, o prefeito fez um mea-culpa a respeito da nomeação do deputado Chiquinho Brazão como secretário municipal de Ação Comunitária em sua gestão. Chiquinho foi preso neste ano, após ter deixado a secretaria, sob acusação de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL). Paes admitiu que não deveria ter nomeado Chiquinho como seu secretário.

Combate às milícias e armamento da Guarda Municipal

Durante a sabatina, Paes reconheceu que a prefeitura pode ter atuação mais firme no combate à atuação de milícias. Na avaliação do prefeito, sua gestão tem atuado constantemente em demolições de construções irregulares erguidas por grupos criminosos. Ele também ponderou, no entanto, que é preciso agir com inteligência para combater a diversificação de atividades econômicas de milicianos.

— Em várias situações a gente precisa das forças policiais para que possa cumprir nossa missão de fazer as demolições, em geral todas por iniciativa da prefeitura. Essa atividade econômica, sempre muito original, que vai para o gás, para a van, esse é o nosso desafio. Acho que a gente tem que avançar nessa atividade econômica deles, ter mais inteligência para entender em que áreas eles estão atuando a partir do momento em que dominam um território — afirmou.

Questionado sobre a retomada de prédios erguidos de forma irregular para incorporá-los a programas habitacionais da cidade, o prefeito argumentou que há casos em que as construções não seguem “técnicas de engenharia”, e que seria “irresponsabilidade” usá-las para moradia popular.

Questionado também sobre a adoção de armas de fogo pela Guarda Municipal, Paes defendeu que a força tenha um “grupo de elite muito bem treinado”, mas para atividades específicas, como apoio à Ronda Maria da Penha e ações de demolições em áreas conflagradas.

Licitação de ônibus e internação compulsória

No tema dos Transportes, o prefeito prometeu que, se reeleito, irá começar um novo processo licitatório para os ônibus, com “critérios firmes” e “duros”. Segundo Paes, a ideia é recuperar o sistema de coletivos comuns assim como foi feito com o sistema de BRT.

Uma das exigências, segundo o prefeito, será a da eletrificação da frota. Paes argumentou que não fez isso antes por ter trabalhado em uma empresa, a chinesa BYD, que era a única que fazia ônibus articulados movidos por energia elétrica.

Paes também se manifestou a favor da internação compulsória de usuários de drogas em situação de rua, e reconheceu que “o problema está bem grave”.

— Nós quase dobramos o número de vagas oferecidas em abrigos, e fiz há cerca de um ano uma mudança na forma como a gente lida. Sou um defensor da internação compulsória, isso gera uma polêmica grande. É um tema de saúde pública — afirmou Paes.

Ramagem foi o primeiro sabatinado

A sabatina com Paes começou às 10h30, e tem transmissão ao vivo pela rádio e nos sites e redes sociais dos três veículos. As sabatinas com candidatos à prefeitura têm duração aproximada de uma hora. A cobertura, no site e na edição impressa do GLOBO, contará ainda com reportagens e análises sobre cada entrevista. O primeiro sabatinado foi Alexandre Ramagem (PL), na quarta-feira; na sexta, será a vez de Tarcísio Motta (PSOL).

A ordem das sabatinas foi definida por sorteio. Foram chamados os candidatos mais bem colocados na última pesquisa eleitoral no Rio divulgada pelo instituto Datafolha, na última quinta-feira, e que tenham atingido ao menos 3% de intenções de voto neste levantamento.

Segundo o Datafolha, o atual prefeito Eduardo Paes, candidato à reeleição, registrou 59% na pesquisa. Ramagem, que concorre com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tem 11%. Tarcísio Motta, que reivindica o apoio do PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — que faz parte da coligação de Paes —, tem 6%. A margem de erro é de três pontos.

Propostas

Paes, que busca um inédito quarto mandato na prefeitura carioca, tem visto um recuo de sua taxa de rejeição e uma melhora na avaliação de seu governo que coincide com o início da propaganda eleitoral em rádio e TV. Já Tarcísio procura trazer para sua campanha a imagem de petistas e tem reforçado o fato de ser base do governo Lula, numa tentativa de disputar o voto da esquerda com Paes.

As sabatinas representam uma oportunidade para que os candidatos detalhem propostas para a cidade, e também para que sejam questionados sobre diferentes aspectos de suas atuações políticas. Os entrevistadores dos candidatos do Rio serão os colunistas Lauro Jardim e Merval Pereira, do Globo e da CBN, os âncoras da rádio Bianca Santos e Leandro Resende, e a jornalista Camila Zarur, do Valor.

Na próxima semana, entre os dias 16 e 20 de setembro, será a vez da sabatina com os candidatos à prefeitura de São Paulo. A ordem dos candidatos ainda não foi definida.

Na semana passada, os cinco principais candidatos a prefeito de Belo Horizonte foram entrevistados: Mauro Tramonte (Republicanos), Fuad Noman (PSD), Bruno Engler (PL), Duda Salabert (PDT) e Carlos Viana (Podemos).

Por: Extra

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