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PORTUGAL REALIZA NOVA ELEIÇÃO PARLAMENTAR NESTE DOMINGO EM MEIO A INSTABILIDADE POLÍTICA E ESCÂNDALOS DE CORRUPÇÃO

País vai às urnas pela terceira vez em apenas três anos. Nove milhões de eleitores escolhem os 230 deputados da Assembleia da República. Disputa deve ser acirrada entre centro-direita e socialistas.

Neste domingo (18), os eleitores portugueses voltam às urnas para escolher os novos membros da Assembleia da República, o parlamento nacional. A eleição, que ocorre de forma antecipada, marca a terceira vez em três anos que os portugueses são chamados a decidir os rumos do governo — um sinal claro da crescente instabilidade política no país.

Ao todo, cerca de nove milhões de portugueses estão registrados para votar. Eles irão eleger 230 deputados que, por sua vez, definirão o próximo governo. No sistema parlamentarista português, diferente do presidencialismo brasileiro, não há eleição direta para o cargo de primeiro-ministro: é o partido (ou coligação) que conseguir formar maioria no parlamento — ou seja, ao menos 116 cadeiras — que assume o poder.

Se nenhum partido conquistar maioria absoluta, será necessário formar alianças entre partidos para governar. Essa negociação é comum em sistemas parlamentares, mas, em Portugal, tem sido cada vez mais difícil, o que contribuiu para as frequentes trocas de governo nos últimos anos.

A disputa
As pesquisas apontam como favorita a Aliança Democrática, uma coligação de centro-direita liderada pelo atual primeiro-ministro Luís Montenegro, do partido PSD (Partido Social Democrata). No entanto, mesmo liderando as intenções de voto, Montenegro não deve conseguir maioria suficiente para governar sozinho, o que exigirá articulações com outras legendas.

Em segundo lugar aparece o Partido Socialista (PS), que governou o país por vários anos sob a liderança de António Costa, e que agora tem como cabeça de chapa Pedro Nuno Santos. Apesar de estar atrás nas pesquisas, os socialistas ainda têm chances de formar um governo, caso consigam unir forças com partidos menores de esquerda.

Por que Portugal vota novamente?
O atual cenário político é marcado por escândalos de corrupção e impasses parlamentares. A eleição antecipada foi convocada após a queda do governo anterior. Em março, Luís Montenegro perdeu um voto de confiança no parlamento, após denúncias de conflito de interesse envolvendo uma consultoria ligada ao seu gabinete.

Além disso, o ex-primeiro-ministro António Costa (PS) renunciou em 2023 após seu nome aparecer em investigações de corrupção em projetos ligados à energia verde e ao lítio — o chamado “escândalo das baterias”. A renúncia de Costa abalou a estabilidade do Partido Socialista e abriu espaço para uma nova configuração política no país.

Cresce a participação antecipada
O clima de incerteza não impediu os eleitores de comparecerem. Cerca de 314 mil portugueses já votaram de forma antecipada, um número expressivo que mostra o interesse da população no futuro político do país.

O que está em jogo?
A eleição deste domingo será crucial para definir se Portugal seguirá em direção a um governo mais conservador, liderado pela centro-direita, ou se retomará uma rota progressista, com os socialistas à frente. Além da disputa entre os dois blocos tradicionais, partidos menores — como o Chega (extrema-direita) e o Bloco de Esquerda (esquerda radical) — também devem ganhar espaço, aumentando a fragmentação do parlamento.

Para os brasileiros, o cenário em Portugal soa familiar: escândalos políticos, crise de confiança nas instituições e disputas polarizadas. No entanto, por ser um regime parlamentarista, os efeitos de uma crise política são mais imediatos: basta um voto de desconfiança para derrubar um governo e convocar novas eleições.

Independentemente do resultado, o desafio do próximo governo será reconquistar a confiança dos portugueses e garantir estabilidade para um país que, até poucos anos atrás, era considerado modelo de governabilidade dentro da União Europeia.

Por Redação Gazeta Rio/Ricardo Bernardes

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