POLICIAL DA CORE FOI MORTO POR ATIRADOR ESCONDIDO E A CURTA DISTÂNCIA
Não havia tiroteio quando o policial civil José Antônio Lourenço foi morto, na manhã desta segunda-feira (19), no início da Operação Gelo Podre.
A TV Globo apurou que Lourenço foi atingido por um atirador solitário posicionado a uma curta distância e atrás de uma seteira. O tiro lhe acertou a cabeça.
Seteiras são buracos abertos em muros com um diâmetro suficiente apenas para passar o cano de uma arma. Esses muros geralmente são reforçados justamente para suportar tiros de grosso calibre.
Lourenço era agente da Coordenadoria de Recursos Especiais, a Core, a força de elite da Polícia Civil. A equipe dele estava à frente para permitir que policiais das delegacias do Consumidor e do Meio Ambiente, além de técnicos do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), chegassem até a fábrica de gelo investigada.
Quem matou?
Para a polícia, o homem por trás da seteira é Ygor Freitas de Andrade, o Matuê, de 28 anos. O Disque Denúncia divulgou um cartaz oferecendo recompensa de R$ 5 mil por informações que ajudem a localizar Matuê e demais envolvidos na morte de Lourenço.
Quem tiver informações pode ligar para (21) 2253-1177 ou 0300-253-1177.
Nesta segunda, após a morte de Lourenço, a Polícia Civil fez uma grande operação para tentar prender Matuê.
Gelo contaminado
O agente foi morto durante uma operação da Polícia Civil que investiga crimes ambientais e contra a saúde pública e interditou uma fábrica de gelo na Cidade de Deus.
No local, agentes encontraram embalagens jogadas no chão, recipientes sujos e falta de licença ambiental. O gelo produzido no local abastecia quiosques da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes, segundo o governo estadual. Duas pessoas foram levadas para prestar esclarecimentos.
Além da fábrica na Cidade de Deus, outra unidade em Jacarepaguá foi alvo da operação.
As embalagens apreendidas indicavam que o gelo era “próprio para consumo humano”, mas a Cedae, com um laboratório móvel, coletou novas amostras para análise – resultados ainda não foram divulgados.
De acordo com as investigações, parte das empresas usava água de poços sem licença ambiental e sem tratamento adequado, além de comercializar água engarrafada clandestinamente, com rótulos falsos de marcas conhecidas.
A Secretaria de Polícia Civil aponta que 70% das fábricas de gelo vistoriadas em 2024 tinham irregularidades, como excesso de amônia e condições precárias de higiene.
Segundo o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, algumas empresas se instalavam em comunidades controladas por facções criminosas para fugir de fiscalizações.
Os responsáveis podem responder por crimes contra a saúde pública e relações de consumo, com penas de até 8 anos de prisão.
Por Pedro Bassan – TV Globo