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“PAVÃO MISTERIOSO” ESTREIA NO SESC RJ PULSAR

Livremente inspirado no “Romance do Pavão Misterioso”, um dos textos mais famosos da literatura de cordel escrito por José Camelo de Melo Rezende em 1923, o espetáculo de dança “Pavão Misterioso” estreia por cidades fluminenses através do Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar. Com dramaturgia de Dione Carlos, direção assinada por Mônica Augusto e codireção de Mirella Façanha, , a montagem que acabou de realizar uma turnê de sucesso em São Paulo coloca em cena outros pontos de vista a partir da narrativa original: no cordel, Evangelista se apaixona por Creuza, considerada a mulher mais linda do mundo, mantida em cativeiro pelo próprio pai. Para libertá-la, constrói um pavão voador com o intuito de fugir com a amada. O espetáculo realizado pela Cia. Dual estreia no dia 14 de março no Sesc Niterói, às 19h e no dia 15 de março desembarca no Sesc Nova Friburgo, às 20h. Em seguida, apresenta-se dia 27 de março no Sesc Barra Mansa e no Sesc Ramos no dia 28 de março. No dia 29 de março, a apresentação será Petrópolis, no Sesc Quitandinha, e o circuito se encerra no dia 05 de abril no Sesc Teresópolis.

Nesta releitura cênica, que mistura dança e teatro de bonecos, temos Creuza na pele de uma mulher negra, descendente quilombola que, no lugar de ser salva, busca sua própria liberdade de amarras sociais impostas, chegando inclusive a confrontar a presença de Evangelista no papel de salvador. É a partir deste encontro conflituoso que Evangelista também passa a questionar o gênero masculino e toda a estrutura que o beneficia. Creuza, por sua vez, traz um quilombo em seu corpo, sua presença instaura um território de lutas e potências. “Apresentar ao público uma obra artística capaz de contar histórias, despertar memórias, refletir sobre nosso tempo e emocionar através de poéticas de imaginação e fantasia, é a desejo e escolha estética da Dual desde seu princípio” explica a diretora Mônica Augusto.

Em cena, os intérpretes Ivan Bernardelli, Verônica Santos e um boneco de pavão, criado por André Mello, estabelecem jogos cênicos e de movimento por meio dos quais a narrativa é contada. Assim, a encenação é um jogo no qual as cenas que fazem parte da história são realizadas de modos diferentes a cada apresentação, propondo um labirinto narrativo no qual diferentes tempos convergem e no qual saltamos de uma camada de realidade para a outra, convidando o público a decifrar as narrativas e construir a história por meio do jogo cênico e improvisacional. “A magia e encanto do boneco, a poesia viva da literatura de cordel e a potência dos corpos contando essa história é o que propomos para experienciar este espetáculo, que nos convida a mergulhar em territórios de mistérios, desafios, amor e liberdade!”, reitera Mônica.

A ideia de labirinto narrativo é a própria metodologia de criação cênica, que lida com a intuição e com uma abertura radical das escutas do corpo, do espaço, do ritmo e das presenças visíveis e invisíveis, o que a diretora Mônica Augusto nomeia como uma tecnologia dos mistérios. A parceria com a dramaturga Dione Carlos propõe um trabalho alicerçado numa dramaturgia escrita em diálogo com as partituras corporais criadas, cujas palavras inspiraram novos movimentos, evocando a ideia de uma afrografia, de grafia gestual. O erotismo presente no trabalho está longe de uma perspectiva superficial convencionalmente suposta como erótica, mas simboliza uma forma de insurgência, como se o corpo afirmasse: estou vivo!

A trilha sonora original de Feliz Trovoada, que conta também com músicas de Di Freitas, indicada ao Prêmio APCA 2024, assim como a iluminação de Silviane Ticher, participam do jogo cênico numa composição em tempo real, improvisando junto com os intérpretes, propondo dramaturgias e atmosferas que transitam entre a densidade e o humor característico dos trabalhos da companhia, evocando a interdisciplinaridade entre linguagens, presente desde o início da formação da Dual.

“Estamos profundamente felizes e ansiosos com esta temporada de estreia pelo Circuito Sesc Pulsar. A oportunidade de apresentar em diferentes cidades do Rio de Janeiro é sem dúvidas um convite instigante que nos motiva a compartilhar e compreender como o público de cada local recebe essas obras e narrativa. É também, sempre, um desafio gostoso nos preparar para entregar um trabalho vivo e pulsante, capaz de envolver e emocionar os diferentes públicos em suas singularidades culturais e de território”, comemora Mônica.

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