PARTIDO INDÍGENA É CANCELADO NA NICARÁGUA. TRÊS SACERDOTES SÃO PRESOS
A acusação é referente a uma suposta violação da lei que dispõe sobre o que é considerado golpismo ou traição à pátria
O Conselho Supremo Eleitoral (CSE) da Nicarágua cancelou a personalidade jurídica de um partido indígena, um dia após deter um deputado do partido e uma deputada suplente titular da agrupação, informa a agência Télam.
Em um documento publicado por meios de comunicação de Managua, o CSE estabelece – com data de segunda-feira – o cancelamento do partido regional Yapti Tasba Masraka Nanih Asla Takanka (Yatama).
A acusação é referente a uma suposta violação da Lei de Defesa dos DIreitos dos Povos à Independência, Soberania e Autodeterminação para a Paz. A norma impede qualquer pessoa considerada golpista ou traidora da pátria a concorrer a cargos de eleição popular. O texto é assinado pelo diretor geral do Escritório de Atendimento a Partidos Políticos do CSE, Julio Acuña Martínez.
O partido cancelado já sofreu as detenções de Brooklyn Rivera, deputado da Assembleia Nacional (AN, Parlamento) e fundador do Yatama, e de Nancy Henríquez James, deputada suplente de Rivera e presidente do partido indígena.
A representante legal do Yatama é Henríquez James, que para a advogada Anexa Alfred está “desaparecida”, pois a polícia não a apresentou como detida nem a acusou em tribunal.
O cancelamento ocorre após o Yatama exigir a libertação dos deputados, apelar à comunidade internacional para “interceder” e denunciar que essas prisões são parte de uma estratégia planejada pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) para obter “vantagem nas próximas eleições regionais autônomas”, em março de 2024.
O Yatama se define como “a única força política competente e de massa em que as comunidades indígenas” da Costa Caribenha da Nicarágua confiam.
Ex-aliado do FSLN, o Yatama exigiu às autoridades que “cessem toda a violação sistemática e perseguição política aos líderes indígenas” e exigiu a desocupação “imediata” das chamadas Casas Verdes, sedes partidárias ocupadas em duas localidades.
Por outro lado, outros três sacerdotes foram presos, dois da diocese de Estelí e outro de Jinotega.