PARA FUP, DISTRIBUIÇÃO DE DIVIDENDOS EXTRAS PELA PETROBRAS É IMPOSIÇÃO DO MERCADO
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) manifestou contrariedade com a decisão da Petrobras de distribuir dividendos extras. Em Assembleia Geral nesta quinta-feira (25), os acionistas da estatal aprovaram a proposta feita pela União para distribuir 50% dos dividendos extraordinários. Serão R$ 22 bilhões a mais distribuídos aos acionistas relativos ao lucro da empresa no ano passado. O governo federal, que é o acionista majoritário, deve receber cerca de R$ 6 bilhões.
Nesse sentido, em nota, a FUP lamentou que tenha prevalecido a política de distribuição de mega dividendos da Petrobras, “com pagamento de ganhos extraordinários, implementada pelo governo passado”. Os petroleiros consideram uma “imposição” do mercado financeiro, que acarreta em “desequilíbrio de poder na condução da companhia e nas necessidades de investimentos”.
Do mesmo modo, o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustiveis (Ineep) também criticou a decisão. Para o diretor técnico do Ineep, Mahatma Ramos dos Santos, a decisão de distribuir dividendos extraordinários “não está alinhada com os interesses de longo prazo da companhia e da sociedade brasileira, tais como novos investimentos em transição energética, abastecimento e segurança nacional”.
Para o especialista, a Petrobras e seu acionista controlador – o governo federal – “se rendem a pressões do mercado”. Ele destaca que, com os valores anunciados hoje, a estatal vai distribuir R$ 94,35 bilhões relativos aos lucros registrados no ano passado. Trata-se, desse modo, do terceiro maior volume da história da companhia. Só ficam atrás dos megadividendos que a estatal distribuiu durante o governo Bolsonaro, no biênio 2021 e 2022, quando a média anual foi de R$ 155,7 bilhões.
Prates fortalecido
Por outro lado, a decisão fortalece o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, que participou parcialmente da assembleia. Nos últimos meses, ele entrou em choque com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, justamente por conta da distribuição dos dividendos extras.
No mês passado, ele saiu derrotado após o Conselho de Administração (CA) da Petrobras optar por reter os recursos. A “fritura” chegou a tal ponto, que até mesmo se especulou a saída de Prates do comando da estatal. A ala do governo liderada por Silveira defendia a retenção dos recursos para investimentos na transição energética – não apenas em energia eólica e solar, mas também na ampliação da oferta de gás natural.
Por Tiago Pereira, da RBA