OPERAÇÃO DA CORREGEDORIA E MPRJ MIRA 22 POLICIAIS MILITARES ACUSADOS DE EXTORSÃO
Ao menos 54 comerciantes de Nova Iguaçu, na Baixada, eram vítimas dos agentes
Rio – A Corregedoria da Polícia Militar e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) realizam, na manhã desta quinta-feira (7), uma operação contra 22 PMs denunciados por corrupção e associação criminosa. De acordo com as investigações, os agentes extorquiam ao menos 54 comerciantes em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Até o momento, 21 policiais foram presos.
As investigações tiveram início após uma denúncia anônima de que policiais do 20º BPM (Mesquita) estariam recolhendo propina de uma loja de reciclagens no bairro Miguel Couto. Em seguida, a Delegacia de Polícia Judiciária Militar passou a monitorar o grupo e constatou que outros comerciantes também eram extorquidos.
A Corregedoria apurou que o pagamento era feito sempre às sextas-feiras. Segundo a denúncia, os agentes paravam a viatura nas lojas, alguém se aproximava e entregava o dinheiro ou um dos PMs descia do carro e entrava no estabelecimento. Em geral, os alvos eram locais de reciclagem e ferros-velhos, além de lojas de construção e distribuidores de gás. De acordo com o MPRJ, as equipes realizavam um verdadeiro “tour da propina”.
A investigação apontou, ainda, que além do dinheiro, os policiais recolheram engradados de cerveja em depósitos e frutas em um hortifruti.
De acordo com a porta-voz da Polícia Militar, tenente-coronel Cláudia Moraes, as câmeras corporais utilizadas pelos policiais foram fundamentais para revelar a conduta inadequada. “Esse trabalho foi feito com análises de câmeras corporais e levantamento de informações. Esses policiais tinham esquema de extorquir comerciantes com uma programação, em determinado dia da semana, onde eles iam recolhendo esse dinheiro. Os agentes tentavam burlar as câmeras, ocultar e esconder as imagens ou até mesmo não retirar a câmera durante o serviço, o que caracteriza falta grave e já despertava a suspeita. A ideia deles era mascarar a câmera”, explicou a porta-voz.
A tenente-coronel destacou, ainda, que a ação não é algo que cause satisfação. “A gente não gosta de fazer, não é motivo de felicidade estar aqui comunicando esse tipo de coisa, porque isso é algo que nos constrange”, afirmou.
Ela ressaltou, no entanto, que esse episódio não reflete a totalidade da instituição, frisando que se trata de uma pequena parte da corporação. “Isso é uma pequena parte da corporação que precisa ser bem apurada”, concluiu.
Ao concordar com o pedido de prisão formulado pela Corregedoria da PM, o MPRJ destacou o comportamento dos denunciados, que seguiam com a prática de vários crimes durante o serviço e em plena via pública, transformando o trabalho “numa verdadeira caçada ao ‘arrego'”.