O GRANDE DESABAFO DE LULA: “TENTARAM DESMORALIZAR A PETROBRAS PARA VENDÊ-LA”
Num evento histórico, presidente criticou os impactos da Lava Jato e a venda de ativos estratégicos
Ao inaugurar o Complexo de Energias Boaventura, antigo Comperj, nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar de forma contundente as privatizações e o desmonte de estatais brasileiras, especialmente a Petrobras. Em um discurso inflamado, Lula afirmou que a Operação Lava Jato teve um papel decisivo no enfraquecimento da empresa, ao invés de combater apenas a corrupção. “Se você quiser prender um corrupto, prenda o corrupto, mas deixe a empresa produzir”, afirmou o presidente, destacando que a intenção por trás da operação era desmoralizar a Petrobras para facilitar sua venda.
Lula, que retornou ao cargo máximo do país em 2022 após uma vitória eleitoral histórica, fez duras críticas à política de privatizações promovida nos últimos anos. “A tentativa não era prender corruptos; a tentativa era desmoralizar a Petrobras aos olhos da sociedade brasileira para depois falar: vamos vender”, disparou. Segundo o presidente, a venda de ativos estratégicos da estatal visava favorecer interesses privados, em detrimento do bem-estar da população e da soberania nacional.
Privatizações e o impacto no bolso dos brasileiros
Durante o discurso, Lula destacou que a venda de empresas como a BR Distribuidora e a Liquigás, antes sob o controle da Petrobras, não trouxe benefícios ao consumidor, como prometido na época. “O que melhorou para o consumidor brasileiro com a venda da BR? Barateou o combustível? Nada. Eles apenas se apoderaram de uma empresa que daria lucro para a Petrobras”, criticou.
O presidente também apontou que a venda de ativos estratégicos da Petrobras e de outras estatais, como a Vale e a Eletrobras, resultou em perdas significativas para o país. “A Vale está melhor agora que foi privatizada, ou era melhor quando era uma empresa do Estado brasileiro? E a Eletrobras? O que essas empresas privatizadas trouxeram de real benefício para o Brasil?”, questionou Lula.
A defesa da Petrobras e a soberania nacional
Lula, que sempre destacou o papel da Petrobras em suas gestões anteriores, voltou a defender a estatal como pilar do desenvolvimento econômico e tecnológico do Brasil. “A Petrobras está no meu sangue, ela está na minha formação política”, disse o presidente, com um tom de emoção, ao lembrar sua conexão histórica com a empresa.
Durante o evento, Lula também criticou a interrupção de importantes projetos de expansão e desenvolvimento da estatal, como a construção de refinarias no Ceará e no Maranhão, que foram paralisados durante o processo de desmonte da empresa. “Nós não queríamos ficar exportando petróleo cru, queríamos exportar derivados”, explicou, enfatizando a necessidade de agregar valor aos produtos brasileiros e, assim, fortalecer a economia nacional.
Futuro: educação e desenvolvimento tecnológico
Em sua fala, Lula reforçou a importância de o Brasil ser um país que valorize e invista em conhecimento e tecnologia, em vez de se contentar com a exportação de matérias-primas. “Esse país tem que ser exportador de conhecimento, de inteligência, de coisas científicas e tecnológicas”, afirmou, projetando um futuro mais próspero e autônomo para o Brasil.
Além disso, o presidente fez uma defesa enfática de políticas públicas voltadas à educação e à redistribuição de renda, argumentando que o desenvolvimento do Brasil deve ser inclusivo. “Qual é o crime da gente dizer que a filha de uma empregada doméstica tem que ter a mesma oportunidade que o filho da patroa? Ou que o filho de um pedreiro pode ser engenheiro?”, questionou.
Lula concluiu seu discurso com um apelo para que o Brasil se afirme como um país soberano e que invista no potencial de sua população e de suas empresas públicas. “Eu amo o Brasil, eu amo o meu povo, eu amo a Petrobras de coração, mas mais do que a Petrobras, eu amo vocês, trabalhadores e trabalhadoras da Petrobras”, finalizou o presidente, sob aplausos dos presentes.
O discurso do presidente Lula reflete sua visão de um Brasil que valoriza suas estatais, investe em tecnologia e promove um desenvolvimento econômico que beneficia toda a sociedade, e não apenas os interesses de poucos.