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MSF ACUSA ISRAEL DE PROVOCAR CATÁSTROFE HUMANITÁRIA DELIBERADA EM GAZA

A organização critica bloqueio à ajuda e alerta para agravamento da fome no enclave palestiniano.

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) acusou nesta terça-feira (13) o governo de Israel de criar “condições para uma catástrofe humanitária deliberada” na Faixa de Gaza, ao restringir severamente o acesso à ajuda humanitária e, segundo a entidade, associá-la à deslocação forçada da população palestiniana.

Em comunicado, a MSF afirmou que as medidas adotadas por Israel colocam em risco a sobrevivência de milhares de civis. “Estamos a assistir em direto à criação de condições para a erradicação dos palestinianos em Gaza”, declarou a ONG.

Desde 2 de março, Israel impôs um bloqueio à entrada de ajuda no enclave, após o fracasso das negociações para estender o cessar-fogo que vigorava desde 19 de janeiro. O bloqueio agrava a escassez de alimentos e medicamentos, já considerada crítica por organizações internacionais. Apesar de alertas da ONU sobre risco iminente de fome, Israel rejeitou essas alegações.

Segundo dados da MSF, nas últimas duas semanas, houve um aumento de 32% no número de pacientes com sinais de subnutrição nas áreas onde suas equipes atuam. A falta de combustível também compromete o funcionamento de sistemas de dessalinização e distribuição de água, agravando ainda mais a crise.

As instalações de saúde remanescentes enfrentam ataques constantes, além de escassez severa de medicamentos e suprimentos básicos. “Nossas equipas não recebem qualquer abastecimento há 11 semanas”, denuncia a organização, que relata falta de itens essenciais como luvas e compressas esterilizadas.

A MSF também rejeitou a proposta apresentada pelos Estados Unidos, com apoio de Israel, de criar uma nova fundação para gerir a distribuição de ajuda em Gaza. Para a ONG, a proposta enfraquece o papel da ONU e das organizações humanitárias independentes, transferindo o controle do processo para o governo israelense.

“A proposta levanta preocupações humanitárias, éticas e legais. Condicionar a ajuda à deslocação forçada é mais um instrumento de uma campanha de limpeza étnica”, afirmou a MSF, que apelou à ONU, à União Europeia e a outros governos para intervirem de forma urgente.

No comunicado, a organização conclui: “Se quisessem, Israel e seus aliados poderiam levantar o bloqueio hoje mesmo e permitir o acesso imediato da ajuda à população civil.”

O conflito em Gaza teve início em 7 de outubro de 2023, após o ataque do grupo Hamas ao território israelense, que deixou cerca de 1.200 mortos e 251 sequestrados, segundo dados de Israel. Desde então, a ofensiva israelense causou mais de 52.900 mortes na Faixa de Gaza, de acordo com as autoridades locais, números considerados confiáveis pela ONU. Entre os mortos estão mais de 20 mil crianças.

A ONU já classificou a situação no enclave como “catástrofe humanitária”, com mais de 1,1 milhão de pessoas em situação de fome extrema. Uma comissão da organização chegou a acusar Israel de genocídio e de uso da fome como arma de guerra — acusações negadas por Israel, que não apresentou defesa formal até o momento.

Por Redação Gazeta Rio

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