MORADORA DENUNCIA SÍNDICA DE PRÉDIO EM SÃO GONÇALO POR INJÚRIA RACIAL
‘A câmera da piscina não tá funcionando. Tem que arrumar um dinheiro pra consertar isso aí e ficar de olho nessa preta’, teria dito a síndica em áudio pedindo que empregados do prédio monitorassem a moradora.
Uma moradora de um condomínio em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, denunciou a síndica Luciene Maia Marques por injúria racial. De acordo com Eliane Araújo Domingos, de 62 anos, a mulher teria começado a persegui-la após uma reunião de condomínio.
Eliane, que era subsíndica, teria se posicionado contra algumas decisões — como a demissão de um funcionário e o tratamento dado a alguns moradores.
De acordo com a moradora, a síndica chegou a mandar áudios para os empregados do prédio pedindo para que eles a monitorassem.
“A câmera da piscina não tá funcionando. Tem que arrumar um dinheiro pra consertar isso aí e ficar de olho nessa preta”, diz o áudio enviado por WhatsApp.
A vítima diz que sentiu humilhada e que nunca imaginou passar por isso no prédio onde vive há dez anos com a família.
“Três meses me sentindo presa. Eu chorei muito dentro desse banheiro aqui de casa. Só de eu falar as minhas lágrimas correm. Eu pago! Eu pago o condomínio aqui, por que os porteiros precisam vigiar preta? Precisa ter um basta”, desabafa Eliane.
Com acesso aos áudios, ela registrou um boletim de ocorrência contra a síndica por injúria racial, registro feito por ela há cerca de quinze dias.
Além dela, outros moradores do condomínio relatam atos de racismo e homofobia.
São ao menos seis registros contra Luciene, todos feitos por condôminos.
Síndica renuncia ao cargo
Luciene renunciou ao cargo de síndica na última terça-feira (6). Ela alega motivos profissionais e pessoais.
O advogado da síndica, Rodrigo Clam, diz que ela está sendo vítima de calúnia e difamação, e que tudo não passa de uma briga de condomínio.
“Ela não cometeu o ato de racismo. Ela foi ameaçada e coagida por alguns condôminos, é uma briga de condomínio. Síndica é uma pessoa do bem. Houve alguns dessabores com relação ao condomínio, mas nada de racismo”, explica.