MISSÃO DE GASES DO EFEITO ESTUFA POR QUEIMADAS NA AMAZÔNIA CRESCE 60%
As queimadas na Amazônia, de junho a agosto, geraram emissões de gases do efeito estufa 60% maiores que no mesmo período de 2022, totalizando 31,5 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO²) equivalente, segundo o Observatório do Clima. Esse volume é próximo ao emitido pela Noruega em um ano (32,5 milhões de toneladas).
Ane Alencar, diretora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), alerta que os dados não incluem as queimadas de setembro, período com maiores emissões. Dos 2,4 milhões de hectares queimados até agosto, 700 mil eram florestas, responsáveis por 12,7 milhões de toneladas de CO² equivalente.
As emissões continuarão por anos devido à decomposição da matéria orgânica queimada, a chamada emissão tardia. Estima-se que, na próxima década, a vegetação destruída emitirá de 2 a 4 milhões de toneladas adicionais de CO².
Além disso, as queimadas fragilizam as florestas, tornando-as mais vulneráveis a incêndios futuros. Segundo Marcos Freitas, do Instituto Virtual de Mudanças Globais (Ivig/UFRJ), a Amazônia, com sua maior concentração de biomassa por hectare, gera mais emissões que outros ecossistemas, como o Cerrado.
Os gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono, metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), aprisionam o calor do sol na atmosfera. Uma tonelada de metano, por exemplo, equivale a mais de 20 toneladas de CO² em termos de retenção de calor.
As queimadas anulam esforços de mitigação climática, já que suas emissões não são contabilizadas nos inventários oficiais, o que agrava a pressão sobre o ecossistema, conclui Freitas.