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MÉDICOS SÃO OBRIGADOS A OPTAR PELA QUANTIDADE E NÃO PELA QUALIDADE NA REDE MUNICIPAL

Eles estão estressados devido à cobrança pela quantidade de atendimentos e à frustração por não poderem tratar os pacientes corretamente

Nossa reportagem recebeu uma denúncia grave envolvendo as empresas terceirizadas IDEAS, HSPV e Bem Viver, responsáveis pela administração da rede pública municipal de saúde em Angra dos Reis. De acordo com a denúncia, os médicos contratados enfrentam uma sobrecarga de trabalho devido à insuficiência de pessoal para atender à demanda de pacientes. Além disso, há uma pressão excessiva para que atendam o maior número possível de pacientes, comprometendo a qualidade do atendimento. Essa pressão, segundo a denúncia, gerou uma competição entre os médicos para ver quem consegue atender mais pacientes por plantão.

Embora possa parecer que essa pressão incentiva a produtividade, na prática, os médicos não têm tempo para realizar consultas completas. Isso inclui a impossibilidade de solicitar exames ou avaliações necessárias. A denúncia afirma que “não se avalia o paciente, não se faz exame físico e as informações não são inseridas no prontuário; os médicos não ‘gastam’ o tempo que o paciente merece”, o que compromete seriamente a qualidade do atendimento.

Alguns profissionais chegaram a buscar refúgio em salas de unidades para expressar sua frustração, sabendo exatamente o que os pacientes precisavam para serem tratados, mas encontrando obstáculos para encaminhá-los aos serviços disponíveis. Esse cenário tem gerado um estresse significativo entre os médicos, que além de se sentirem frustrados por não poder aplicar seus conhecimentos, temem processos legais que poderiam levar à perda de seus registros profissionais.

Outro problema é a interferência de vereadores, que monitoram se as consultas estão demorando demais, focando na quantidade de pacientes atendidos em vez da qualidade do atendimento. Essa preocupação com números em vez de qualidade afeta principalmente o Hospital Municipal da Japuíba e o SPA do Parque Mambucaba. A denúncia também aponta falhas sistêmicas, como frequentes quedas do sistema e impressoras quebradas, que contribuem para um atendimento superficial e ineficaz, resultado de uma má administração da rede de saúde, que, embora tenha uma estrutura adequada, não é utilizada de forma eficaz para tratar e curar os pacientes.

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