MARIA LEOPOLDINA – PEDRAS, PERDAS E PARTOS, UM GRANDE ESPETÁCULO
Com idealização de Pedro Monteiro, dramaturgia de Gabriela Estevão, Gabriel Morais e mariah miguel e direção de mariah miguel, a peça utiliza a linguagem performativa para se debruçar sobre as contradições na vida de Maria Leopoldina. O espetáculo convida o público a imaginar o que é ser cidadão no Brasil e sonhar novos caminhos para o país. Em cena, estão os atores Pedro Monteiro e Karina Duarte Pur
O que muita gente não sabe e alguns livros escondem é que coube a uma mulher assinar o documento oficial que deu a Independência ao Brasil. Em 02 de setembro de 1822, dias antes da proclamação por Dom Pedro I, foi Maria Leopoldina quem deliberou a nossa separação de Portugal. Uma mulher apagada pela dita história oficial foi o ponto de partida do espetáculo “Maria Leopoldina – Pedras, Perdas e Partos”, em cartaz no Teatro Café Pequeno, no Leblon, até 6 de abril. Com idealização de Pedro Monteiro, dramaturgia de Gabriela Estevão, Gabriel Morais e mariah miguel e direção de mariah miguel, a peça se debruça sobre as próprias contradições na trajetória da imperatriz para levantar discussões sobre o Brasil, que envolvem questões identitárias de gênero e raça, reconhecendo suas diferenças e contradições. O espetáculo também convida o público a imaginar outros Brasis – a ideia é reconhecer o passado e o presente do país, repletos de violências e belezas, mas pensar e propor maneiras de se construir outros futuros. A montagem tem patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Retomada Cultural RJ2, que trata do bicentenário da independência do Brasil, e conta com o fomento da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, através do FOCA 2022 (Edital de Fomento à Cultura Carioca).
“Maria Leopoldina — Pedras, Perdas e Partos” é uma peça em nove tempos que une em cena duas pessoas brasileiras extremamente diferentes entre si – o ator Pedro Monteiro e a atriz Karina Duarte, da etnia Puri – para compartilhar suas singularidades e coletividades. mariah miguel conta que sua formação como artista foi influenciada pela obra da performer e teórica da performance Eleonora Fabião. A partir dessa influência, seus trabalhos procuram sempre ser propositivos e nunca reativos. Para a construção deste espetáculo, também estudou obras do líder político yanomami Davi Kopenawa, do líder indígena e ambientalista Ailton Krenak e do escritor Laurentino Gomes. “A gente se interessa pelas contradições e encruzilhadas, e acho que olhar para Leopoldina nos inspira a esquivar de uma perspectiva maniqueísta, única, de bom-mau, certo-errado. Queremos torcer e revelar essas contradições. Mas queremos fazer isso pra sonhar outras possibilidades de Brasil que não se prendam à culpa cristã, à culpa branca, à culpa masculina, às culpas, enfim… O sonho é a perspectiva propositiva. Escapar à armadilha de ficar só reagindo às violências, mas propor encontros, danças possíveis, alegrias possíveis, belezas possíveis. Possíveis e impossíveis”, descreve mariah.
A indígena Karina Duarte, da etnia Puri, que foi formada pelo Grupo de Teatro Nós do Morro, da Comunidade do Vidigal, agora faz sua estreia em um espetáculo de teatro profissional ao lado de Pedro Monteiro, que idealizou o projeto. “Em 2021, eu visitei o arquivo nacional e achei a ata do Conselho de Estado de 2 de setembro, presidido por Leopoldina, com apoio de José Bonifácio. Fiz uma pesquisa mais abrangente sobre os apagamentos das mulheres da história, que foi um gatilho para a construção do nosso espetáculo. Queremos questionar esse lugar de privilégio e hegemonia até hoje ocupado pela masculinidade branca na sociedade brasileira”, explica Pedro Monteiro.
Karina Duarte Puri lembra que a peça acompanha o entendimento de que não se pode mais falar na história do país sem falar dos povos originários e lembra a importância da criação do Ministério dos Povos Indígenas. “A peça mostra o apagamento dos tempos da Coroa e esse Brasil que invisibiliza as mulheres, mesmo as que são fundamentais para a histórias do país. Também tem uma narrativa construtiva da diversidade indígena brasileira, que existe em todos os espaços da sociedade, em um território que também é nosso. Somos mais de 305 povos indígenas com, pelo menos, 274 línguas. Nossa diversidade é silenciada e, ao mostrar essa pluralidade, propomos um despertar em diferentes esferas da sociedade”, conclui Karina.
Sobre mariah miguel
Artista pesquisadora, performer, diretora teatral, professora de teatro e performance. Mulher, lésbica e mãe. Doutoranda em Artes da Cena (PPGAC/UFRJ), onde pesquisa arte da performance e o trabalho da artista Eleonora Fabião, sob orientação da professora Dra. Adriana Schneider, e mestra em Artes da Cena (PPGAC/UFRJ), com a pesquisa COM TODA FORÇA: performance e vida, orientada pela professora Dra. Eleonora Fabião e bolsa CAPES. Integra o Núcleo Experimental de Performance da UFRJ. Como performer, agiu as ações CAMINHONEIRA e ECDISE e fez assistência de Eleonora Fabião nos trabalhos se o título fosse um desenho, seria um quadrado em rotação (Festival de Curitiba, 2018) e LEVANTE (ArtRio, 2018), além de colaborar em ações mais recentes, como nós aqui, ente o céu e a terra (34 Bienal de São Paulo, 2021). Foi diretora assistente de Rodrigo Portella em diversos espetáculos, como “Os Impostores”, “As crianças” e “Nerium Park” (2019; 2019; 2018). Assinou a direção dos espetáculos “Irina e Dona Quixota” (2017; 2016). Seu último trabalho como atriz foi em “O espigão”, realização do Coletivo Você&Eu. Possui ainda graduação em Artes Cênicas com habilitação em Direção Teatral também pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2016) e em Logística com ênfase em Transportes pela Fatec Rubens Lara – Baixada Santista (2011).
Sobre Karina Duarte Puri
Karina Duarte é consultora de Diversidade Indígena Brasileira, atriz, comunicadora e transformadora social. Indígena da etnia Puri, Karina Duarte nasceu em Embu das Artes, em São Paulo. Aos 19 anos, após se formar no Teatro Escola Macunaíma, mudou-se para o Rio de Janeiro. Em 2006, foi morar no Morro do Vidigal e entrou para o Grupo de Teatro Nós do Morro, que mostrou a ela como a arte acessível pode impactar a vida das pessoas. Idealizadora e fundadora do A Arte Salva, um projeto social para amparar crianças da favela 4 Rodas (localizada no antigo maior lixão da América Latina, em Jardim Gramacho, Duque de Caxias), com aulas de arte e passeios culturais. O projeto se expandiu para o A Arte Salva Embu, voltado para a fomentação dos projetos artístico, cultural e turístico local, além do Arte Salva Conexões, projeto que oferece consultoria, agenciamento e cuida de conexões com profissionais indígenas do Brasil inteiro.
Sobre Pedro Monteiro
Dramaturgo, ator e diretor, Pedro Monteiro apresenta “Maria Leopoldina – Pedras, Perdas e Partos”, o sétimo espetáculo idealizado por ele. Em 2022, estreou “Pai Ilegal”, comédia sobre paternidade. Em 2021, estreou “Pão e Circo”, peça encenada virtualmente devido à pandemia. Em 2019, produziu e protagonizou o filme “Sonho de Rui – Um Braddock Possível”, com roteiro de Ulisses Mattos e codireção de Ulisses e Cavi Borges. Em 2016, estreou o espetáculo “Entregue seu Coração no Recuo da Bateria”, com sucesso de público e crítica. Produziu e atuou no espetáculo “Um de Nós”, em 2015. Em 2012, realizou o musical “Funk Brasil – 40 anos de Baile”, no Teatro Miguel Falabella, levando pela primeira vez uma obra sobre o movimento funk para o teatro. Este projeto foi vencedor do edital de montagem cênica do governo do Estado do RJ 2011; do Prêmio Myriam Muniz da Funarte 2012; do edital do SESI 2014; do edital do Governo do Estado do Rio de Janeiro para iniciativas artísticas ligadas ao funk; e do pitching Favela Criativa em 2015. Em 2008, estreou a peça “Os Ruivos”, no Espaço Cultural Sérgio Porto, que depois fez turnê nacional. Em parceria com a produtora Cavídeo, lançou, em 2009, “Vida de Balconista”, primeiro longa-metragem em celular. Com direção de Pedro Monteiro e Cavi Borges e protagonizado por Mateus Solano, a obra participou do Festival do Rio em exibição especial no cinema Odeon pelo segmento “Novos Rumos”.
Ficha técnica
Dramaturgia: Gabriela Estevão, Gabriel Morais e mariah miguel a partir do texto de Gabriela Estevão
Direção: mariah miguel
Diretor assistente: Gabriel Morais
Elenco: Karina Duarte Puri e Pedro Monteiro
Cenário e figurinos: Dóris Rollemberg
Iluminação: Joao Gioia
Direção Musical: Renato Frazão
Pesquisa histórica: Gabriela Estevão
Consultoria contracolonial: Pietra Dolamita / Kowawa Kapukaja Apurinã
Designer Gráfico: Davi Palmeira
Fotos de divulgação: Beto Roma
Assessoria de Comunicação: Rachel Almeida (Racca Comunicação)
Direção de Produção: Dani Carvalho (Desejo Produções)
Realização: Pedro Monteiro
Serviço temporada:
Maria Leopoldina – Pedras, Perdas e Partos
Temporada: 08 de março a 6 de abril
Teatro Municipal Café Pequeno: Av. Ataulfo de Paiva, 269 – Leblon, Rio de Janeiro – RJ
Telefone: (21) 3085-0662
Dias e horários: quartas e quintas, às 20h
Lotação: 100 lugares
Duração: 1h
Classificação: livre
Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada)
Venda de ingressos: na bilheteria e no site Sympla: https://www.sympla.com.br/evento/maria-leopoldina-pedras-perdas-e-partos-copia/1937845
Funcionamento da bilheteria: abertura 1 hora antes do início do espetáculo