MALA COM 29 KG DE COCAÍNA LEVOU POLÍCIA ATÉ CASAL DO TRÁFICO NO DF
A organização criminosa transportava grande quantidade de cocaína em meio a carregamentos de flores colhidas na cidade paulista de Holambra
As investigações da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) que desmantelaram a organização criminosa que despejava centenas de quilos de cocaína nas regiões administrativas da capital da República tiveram início no final de 2023, após a localização de uma mala abandonada com 29 kg da droga dentro de um caminhão com carregamento de flores.
As diligências da Operação Oleandro — espécie de planta tóxica que pode levar à parada cardíaca e à morte caso seja ingerida — mapearam a ação de um grupo estruturado e com funções bem definidas que transportava grandes quantidade de cocaína em meio a flores colhidas na cidade paulista de Holambra.
Um dos meios utilizados pelo grupo criminoso para o transporte da droga de São Paulo para o Distrito Federal consistia na ocultação de malas contendo cocaína e skunk, misturadas a uma carga de plantas visando dificultar a fiscalização e localização da droga.
O milionário esquema era comandado por um casal morador de uma confortável casa em um condomínio na Ponte Alta do Gama. Claudecir Cardoso, 49 anos, e Selma Rodrigues, 36 anos, foram presos nas primeiras horas desta quinta-feira (19/12).
A estrutura empresarial contava com um núcleo familiar responsável pelos recebimentos dos valores obtidos com a venda das drogas, composto por dois irmãos (35 anos e 28 anos), já presos anteriormente por tráfico de drogas, a companheira de um deles, de 31 anos, e a genitora, de 47 anos.
Além deste núcleo central, o grupo conta com ao menos três gerentes responsáveis pela distribuição da droga (47, 45 e 39 anos). Um outro integrante, de 45 anos, era o responsável pelo transporte da droga de São Paulo para o Distrito Federal.
Foi identificada ainda uma das fornecedoras de droga, residente em São Paulo, de 46 anos. Os demais investigados se referem a pequenos traficantes e “testas de ferro” envolvidos com o grupo criminoso.
Com a participação de cerca de 200 policiais, a ação cumpre 23 mandados de prisão temporária e 46 de busca e apreensão, sendo 12 em Ceilândia, seis em Samambaia, um no Guará , dois em Águas Claras, quatro em Taguatinga, três no Gama, 10 em São Paulo, cinco em Foz do Iguaçu (PR), dois em Valparaiso (GO) e um em Goiânia (GO).
Em um dos endereços alvo da operação, em São Paulo, os investigadores apreenderam uma pistola de ouro.
Além das prisões temporárias e mandados de busca e apreensão, os policiais pediram o bloqueio de 20 contas bancárias até o limite de R$ 10 milhões. Com relação às pessoas jurídicas usadas para lavar o dinheiro, o valor a ser bloqueado terá como limite o montante de R$ 100 milhões.
Pó no pólen
O motorista, funcionário de uma floricultura do DF — a empresa não tem nenhuma ligação com o tráfico de drogas — aproveitava as viagens até São Paulo para buscar flores e misturava os carregamentos de drogas entre os ramos de plantas para despistar a fiscalização nas rodovias.
Quando chegava ao DF, a droga era rapidamente pulverizada entre uma série de pequenos traficantes que se encarregavam de vender a cocaína e a maconha no varejo. O condutor costumava receber R$ 1 mil quando buscava a carga na cidade paulista e recebia outros R$ 3 mil quando chegava com sucesso ao destino, no DF.
Em apenas dois anos, uma das empresas de fachada utilizada pelo grupo para lavar o dinheiro oriundo do tráfico de drogas movimentou R$ 199 milhões.
De acordo com o delegado Fábio Souza, diretor da Divisão de Repressão às Drogas III, foram identificadas outras formas de entrega desta droga na capital do país.
“O líder da organização criminosa recebia a droga dos fornecedores, fosse em um encontro pessoal com o caminhão na rodovia ou essa droga cessando no próprio condomínio dele, imediatamente já era distribuída para outros traficantes por meio de motoboys e serviços de transporte por aplicativo”, detalha o delegado.
O comércio dessas drogas estava concentrado, principalmente, nas proximidades de bares em Ceilândia. “O líder passava quase o dia todo nesses estabelecimentos jogando e controlando a distribuição e venda dessa droga. Os integrantes dessa organização são pessoas mais maduras, que buscavam ser até muito discretas, eles evitavam ostentar”, comenta.
Os envolvidos podem responder por integrar organização criminosa, com penas variando de três a oito anos de reclusão, tráfico de drogas, com sanção de cinco a 15 anos de reclusão e lavagem de dinheiro, com pena de três a
dez anos.
Por Thalita Vasconcelos – Metrópoles