MAIOR POVO APÁTRIDA DO MUNDO VIVE SITUAÇÃO DE LENTO EXTERMÍNIO
Em Mianmar, a perseguição aos rohingya é histórica e provocou fuga em massa para Bangladesh, onde quase 1 milhão de pessoas vivem em campos de refugiados; CNN Freedom Project deste domingo, às 21h30, traz os desafios impostos à região
Violência, tráfico humano e de drogas são alguns dos problemas enfrentados pelos refugiados de Mianmar que vivem hoje na cidade de Cox’s Bazar, em Bangladesh. Eles são parte do povo rohingya, que protagoniza uma das mais longas crises humanitárias da história recente.
Em Mianmar, país de maioria budista, a perseguição aos rohingyas, que forma a minoria muçulmana, já dura pelo menos 50 anos, e inclui também medidas legais, como a lei da cidadania, de 1982, que negou a nacionalidade a essas pessoas.
Eem 2017, a escalada de violência levou centenas de milhares de rohingyas a fugir para o país vizinho, Bangladesh. Na ocasião, a ONU recomendou a condenação de líderes militares de Mianmar por crimes incluindo o genocídio.
Embora Bangladesh tenha acolhido os refugiados, há uma lei que proíbe casamentos com rohingyas, e o país criou mecanismos para restringir o acesso das crianças às escolas locais. Mais recentemente, o governo local restringiu serviços de telefonia celular nos campos, fechou escolas que funcionavam sem registro, e cercou toda a área com arame farpado, além de expulsar várias ONGs de ajuda humanitária que atuavam com essa população.
Além disso, em fevereiro desse ano, o Programa Alimentar Mundial da ONU, anunciou pela primeira vez uma redução no valor mensal concedido para alimentação por pessoa: de US$ 12 para US$ 10.
Com a queda nas arrecadações, este valor pode cair ainda mais, para até US$ 6, cerca de US$ 0,20 por dia. Ao mesmo tempo, o preço do arroz, um alimento básico em Bangladesh, subiu 30%, comparado ao ano passado.
Embora Bangladesh tenha acolhido os refugiados, há uma lei que proíbe casamentos com rohingyas, e o país criou mecanismos para restringir o acesso das crianças às escolas locais. Mais recentemente, o governo local restringiu serviços de telefonia celular nos campos, fechou escolas que funcionavam sem registro, e cercou toda a área com arame farpado, além de expulsar várias ONGs de ajuda humanitária que atuavam com essa população.
Além disso, em fevereiro desse ano, o Programa Alimentar Mundial da ONU, anunciou pela primeira vez uma redução no valor mensal concedido para alimentação por pessoa: de US$ 12 para US$ 10.
Com a queda nas arrecadações, este valor pode cair ainda mais, para até US$ 6, cerca de US$ 0,20 por dia. Ao mesmo tempo, o preço do arroz, um alimento básico em Bangladesh, subiu 30%, comparado ao ano passado.
Hoje, os refugiados estão espalhados por mais de 30 campos que formam, juntos, o maior e mais densamente campo de refugiados do planeta. A região é vulnerável às tragédias climáticas por conta das chuvas de monções, especialmente por estar em uma área sem proteção vegetal. Também pelas condições do local, um incêndio em março deste ano ganhou proporções catastróficas deixando cerca de 12 mil desabrigados – metade deles, crianças.
Neste cenário, o tráfico humano é tão comum que muitos parecem conformados com o desaparecimento de pessoas.
“Todos os meses, recebemos ao menos 60 casos de meninas repatriadas da Índia que foram vítimas de tráfico”, conta Wahida Idris, diretora BNWLA (Bangladesh National Women Lawyers Association), ao CNN Freedom Project – “O Filho Roubado” – que vai ao ar neste domingo, às 21h30.
Um problema a mais para Bangladesh, que já foi considerado o país menos desenvolvido do mundo. Com uma área um pouco menor do que o estado do Ceará, está entre os mais populosos, com quase 170 milhões de pessoas.
Segundo levantamento recente realizado pelo USIP (United States Institute of Peace), hoje 70% da população de Bangladesh que vive na região dos campos de refugiados considera que sua vida piorou depois da chegada dos rohingyas e apoia a imediata remoção deles de volta para Mianmar. Algo que o governo bengali tem tentado fazer.
No início de maio, autoridades do país levaram 20 refugiados para Mianmar. O objetivo era promover uma visita a campos de reassentamento que são parte de um projeto-piloto de repatriar 1.100 rohingyas.
No entanto, especialistas da ONU devem pedir a suspensão de qualquer negociação de repatriação antes que sejam dadas garantias de um retorno seguro. “As autoridades de Bangladesh não devem se esquecer das razões pelas quais os rohingya se tornaram refugiados e reconhecer que nenhum desses fatores mudou”, disse Shayna Bauchner, da Human Rights Watch Ásia.
Os cerca de 600 mil rohingya que permaneceram em Mianmar depois do êxodo hoje vivem em acampamentos e aldeias miseráveis. Uma situação que os deixa ainda mais vulneráveis a eventos extremos, como o ciclone Mocha, que varreu a região em maio e deixou 145 mortos. A maior parte era do povo rohingya.
Por: CNN