LIVRO REPORTAGEM CATIVEIRO SEM FIM GANHA EXPOSIÇÃO NO MUSEU DAS MEMÓRIAS (IN)POSSÍVEIS

Obra denuncia crime cometido pela ditadura no Brasil e conta as histórias dos bebês, crianças e adolescentes sequestrados pelos militares

 O Museu das Memórias (in)Possíveis, de Porto Alegre, lança nesta segunda-feira, dia 18 de setembro, às 20h, a exposição “Cativeiro sem fim”, a partir do livro reportagem do jornalista Eduardo Reina “Cativeiro sem fim: as histórias dos bebês, crianças e adolescentes sequestrados pela ditadura militar no Brasil”. Na inauguração haverá uma conversa on-line entre Reina e o premiado escritor Julián Fuks.

A exposição “Cativeiro sem fim” Integra a 17ª Primavera dos Museus e tem apoio da APPOA (Associação Psicanalítica de Porto Alegre) e da Associação Psicanalítica de Porto Alegre. Apresenta entrevistas com algumas das 19 vítimas desse crime revelado por Eduardo Reina. Conta como os sequestros foram sistematicamente escondidos, negados e ocultados da história nacional. São filhos de guerrilheiros, militantes de esquerda e de oposicionistas ao regime de exceção que foram adotadas ilegalmente por famílias dos próprios militares ou por famílias ligadas às Forças Armadas. Todos guardam semelhanças com crimes também registrados na Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai e Bolívia durante períodos de repressão militar.

O visitante da mostra on-line contará com entrevistas com o autor do livro reportagem e também com algumas vítimas por ele localizadas, além da apresentação de fotos e material obtido durante os anos de pesquisa.

“Imagine que um dia você descobrisse que seus pais não são os seus pais, o seu nome não é o seu nome e a história que lhe contaram a sua vida toda é fundada numa mentira? Mas, muito mais que isso, descobrisse que aqueles que você chama de pai, de mãe estiveram envolvidos no assassinato ou desaparecimento de seus pais biológicos? O que você sentiria? O que restaria de você? Em quem você confiaria? Poderia confiar novamente? Onde você se agarraria para manter algo de si?”, questiona uma das curadoras da exposição e fundadora do Museu, Maira Brum Rieck.

A reportagem revela ainda que no Brasil, diferentemente de outros países da América Latina, são os filhos que procuram os pais biológicos e não os pais que procuram os filhos, seja porque foram assassinados, seja porque ainda têm medo dos militares, seja porque estão traumatizados.

“Os efeitos traumáticos destas violências são devastadores. Sabemos o quanto a lógica da filiação é estruturante na constituição psíquica dos sujeitos. Portanto, romper esses laços da forma cruel como revelam as histórias de sequestros de crianças, é condenar essas pessoas a lugar nenhum, a lugares vazios. Como é para esses pais terem os filhos sequestrados pelos seus torturadores? Como é para os filhos descobrirem que seus pais ‘adotivos’ são os torturadores ou assassinos dos pais biológicos ou têm relações com estes criminosos? Onde estão esses filhos? Onde estão esses pais? Quem são?”, afirma Maira.

No site do Museu, uma reflexão nos aproxima dos sentimentos destas vítimas de terrorismo de Estado. https://museu.appoa.org.br/site/acontecimento/lancamento-da-exposicao-cativeiro-sem-fim/

A exposição será permanente e estará à disposição do público pelo canal do Youtube do Museu: https://www.youtube.com/@MuseudasMemoriasInPossiveis.

Ou então pelo site da instituição: https://museu.appoa.org.br/site/exposicao/cativeiro-sem-fim/

O livro

Em 2019, o jornalista Eduardo Reina publicou o livro “Cativeiro sem Fim: as histórias de bebês, crianças e adolescentes sequestrados pela ditadura militar no Brasil”, pela Alameda Editora e Instituto Vladimir Herzog. Neste livro, o jornalista prova através de uma pesquisa exaustiva e de fôlego que o sequestro de crianças não era uma exceção na ditadura militar brasileira, mas um método, uma regra.

O Museu

Criado em maio de 2021, o Museu das Memórias (In)Possíveis busca inscrever histórias e narrativas, acolhendo as produções de sujeitos cujos lugares discursivos estão fragilizados nos laços sociais. Essa inscrição se faz na forma de objetos produzidos, que falam sobre esses sujeitos. Reúne histórias de violência e de violações de direitos humanos. Mas também traz histórias de construções e de resistências.

Conheça o Museu das Memórias (In)Possíveis: https://museu.appoa.org.br/site/

Se inscreva no canal do Museu das Memórias (In)Possíveis:

Serviço:

Inauguração da Exposição “Cativeiro sem fim”

18/09/2023 (segunda-feira), às 20h00

Transmissão: evento on-line via Zoom, com inscrições gratuitas pelo email [email protected]

Convidados: Eduardo Reina, autor do livro Cativeiro Sem Fim e o escritor Julián Fuks

Coordenação: Maira Brum Rieck

Realização: Museu das Memórias (In)Possíveis, Instituto APPOA e Associação Psicanalítica de Porto Alegre

Por RBA