JUSTIÇA ARGENTINA CONDENA 10 RÉUS DA DITADURA À PRISÃO PERPÉTUA
Relatos de testemunhas e sobreviventes revelam fatos que ocorreram em 3 centros clandestinos de detenção
A Justiça da Argentina condenou na 3ª feira (26.mar.2024) 10 ex-agentes da ditadura à prisão perpétua. As sentenças foram proferidas 2 dias depois do aniversário de 48 anos do golpe de Estado, realizado em 24 de março de 1976, que levou milhares de manifestantes à Praça de Maio, em Buenos Aires.
O julgamento, que começou em 2020, ouviu testemunhas e sobreviventes. Os réus foram julgados pelos crimes de:
sequestro;
desaparecimento forçado de perseguidos políticos;
homicídio;
tortura;
estupro;
sequestro de crianças; e
aborto forçado.
O tribunal ordenou que sejam realizados exames médicos para decidir se revoga a prisão domiciliar cumprida pela maioria dos condenados, para que possam cumprir a pena em penitenciárias.
O regime vigorou até 1983. Ao todo, 1.184 pessoas foram condenadas na Argentina por crimes cometidos durante a ditadura, em 317 sentenças. Outros 62 julgamentos estão em andamento.
Na 3ª feira (26.mar), 12 pessoas foram julgadas. Enquanto 10 foram condenadas à prisão perpétua, uma recebeu pena de 25 anos de prisão e uma foi absolvida.
O julgamento revelou fatos que ocorreram em 3 centros clandestinos de detenção. Os locais operavam sob a supervisão do ex-diretor da polícia de Buenos Aires Miguel Etchecolatz, que morreu na prisão aos 93 anos, em julho de 2022, enquanto cumpria prisão perpétua.
Segundo organizações de vítimas da ditadura e seus familiares, 30.000 pessoas desapareceram durante o regime. O governo do presidente Javier Milei nega e fala em cerca de 4.000 desaparecidos.