INSS VAI USAR INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA DIMINUIR FILA E EVITAR FRAUDES
Atestmed, que simplificou regras para o auxílio-doença, trouxe temores quanto a fraudes — que devem ser combatidas pela IA
O presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, afirmou em entrevista à CNN que a autarquia vai utilizar inteligência artificial para, ao mesmo tempo, diminuir a fila de espera por benefícios e evitar fraudes.
A fim de reduzir a fila, a gestão atual do INSS mudou regras para concessão do auxílio-doença. Agora é possível solicitar o benefício remotamente, por meio de análise de documentos no sistema Atestmed.
Apesar de agilizar os benefícios, o modelo trouxe temores de que, sem a necessidade de perícia, poderia haver mais fraudes, mais concessões irregulares e maior gasto público. O presidente diz que a IA atua neste vácuo.
“A inteligência artificial é uma necessidade. O médico perito não tinha um banco de dados para comparar a letra do atestado, saber se fugia do padrão. A inteligência artificial vai sendo alimentada e consegue comparar estes padrões”, aponta.
Juro do consignado deve ser definido com critério técnico, não por “governo de plantão”, diz presidente do INSS.
Juro do consignado deve ser definido com critério técnico, não por “governo de plantão”, diz presidente do INSS.
Indícios de fraudes em informações como hospital ou estado de emissão do atestado, número do CRM (Conselho Regional de Medicina) e assinaturas devem ser identificados pela IA.
“Além de melhorar fila, com esta interferência da tecnologia, melhoro o gasto, gasto menos”, afirma.
Segundo o presidente, as tentativas de fraude que ocorrem com o novo sistema já aconteciam antes. Com o tempo elevado para concessão, na maior parte das vezes, o cidadão passava pela perícia quando já não estava incapaz. Assim, havia apenas uma análise documental.
O Atestmed está em “plena vigência” desde setembro deste ano. A gestão do INSS afirma que, com a mudança, foi possível diminuir o prazo médio de concessão de benefícios de 150 para 50 dias.
A pedido do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, o INSS quer diminuir para 45 dias (prazo estabelecido pela lei) esta média até o fim de 2023. Para 2024, a ideia é chegar a 30 dias.
O presidente explica que a concessão do auxílio-doença por atestado permite ao instituto utilizar recursos para atender outros pedidos, como de Benefício Assistencial à Pessoa (BPC/LOAS) — que requer perícia. Por isso, o prazo vem caindo para diversos benefícios.
Atestado eletrônico e IA
O próximo passo para agilizar a concessão do auxílio-doença é a implantação do atestado eletrônico — que acontece no âmbito do Ministério da Saúde e que tem o INSS como “entusiasta”.
“Com o atestado eletrônico, o auxílio-doença vai ser entregue em minutos. A pessoa sai da sala do SUS [Sistema Único de Saúde], entra no aplicativo ou vai na agência, nosso sistema já busca no DataSUS, e o benefício é rapidamente concedido”, indica.
Stefanutto quer a IA aliada ao atestado eletrônico. Ele diz que os “aprendizados” da IA relativos a cadastros e irregularidades serão essenciais para evitar fraudes também quando o novo modelo for implementado.
O INSS mantém contato com empresas, inclusive com o Dataprev, para a implantação da inteligência artificial
Ainda entre as medidas “estruturantes” para combate a fila, Stefanutto celebra a aprovação de 1.250 funcionários para o INSS neste ano. Afirma ainda que, possivelmente, novos 1.800 nomes já aprovados podem ser convocados em 2024.
Danilo Moliterno – CNN