Influenciadoras que deram banana e macaco de pelúcia para crianças depõem em inquérito de racismo
Os depoimentos de mãe e filha estavam marcados para a última terça-feira (6). Mas, faltando 10 minutos para começar, a advogada de defesa pediu a remarcação.
As influenciadoras Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves, investigadas em um inquérito de racismo contra duas crianças, chegaram na manhã desta segunda-feira (12) à Delegacia de Crimes Raciais e de Delitos de Intolerância (Decradi) para prestar depoimento. Elas não quiseram falar com a imprensa.
A Decradi também deve ouvir nesta segunda o motorista de aplicativo humilhado pela dupla em 2021.
Os depoimentos de mãe e filha estavam marcados para a última terça-feira (6). Mas, faltando 10 minutos para começar, a advogada de defesa pediu a remarcação da data.
As influenciadoras digitais publicaram vídeos em que aparecem entregando um macaco de pelúcia, uma banana e dinheiro para duas crianças abordadas na rua .
Elas começaram a ser investigadas depois que a especialista em Direito antidiscriminatório Fayda Belo denunciou as duas em uma rede social pela prática do que chamou de “racismo recreativo”.
A advogada afirma que o vídeo apresenta o chamado “racismo recreativo”, que ocorre quando alguém usa de “discriminação contra pessoas negras com intuito de diversão”.
Em um dos registros, Kérollen conversa com um menino negro em uma calçada e questiona se ele gostaria de ganhar um presente ou R$ 10. Ele opta pelo pacote, mas, ao perceber que se tratava de uma banana, responde “só isso?”, afirma que não gostou e sai andando. Nancy ainda diz: “Você gosta”.
responde “só isso?”, afirma que não gostou e sai andando. Nancy ainda diz: “Você gosta”.
Influenciadoras serão investigadas
Em outra gravação, Nancy para uma menina na rua e faz uma proposta similar, oferecendo a opção de a criança escolher entre R$ 5, ou uma caixa. A criança opta pelo “presente”, abre a caixa, vê que se trata de um macaco de pelúcia, aparenta ter ficado feliz, abraça o brinquedo e agradece à influencer.
No clipe dentro de um carro de aplicativo, as duas reclamam do cheiro do carro e falam do cabelo do motorista. “Aqui dentro está um mal cheiro, cheiro de podre”, diz a mãe. “Cheiro de bicho morto”, retruca a filha. “Acho que é por causa desse cabelo”, fala a mãe mexendo na cabeça do motorista do aplicativo. “Ai, mãe, que nojo não mexe nisso”, diz a filha.
A filha ainda questiona por que o motorista não corta o cabelo. Ele responde que precisa do dinheiro para levar comida para casa. Em seguida, as duas dizem que tudo não passa de uma brincadeira e dão R$ 200 ao motorista como pedido de desculpas.
A Decradi já sabe que os vídeos foram gravados em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. As duas vivem no bairro Jardim Catarina, também em São Gonçalo. A dupla tem mais de 1 milhão de seguidores no Instagram e 13 milhões de inscritos no TikTok.
O vídeo onde as duas crianças aparecem foram apagados. Em nota divulgada por sua assessoria jurídica, a dupla disse que “não havia intenção de fazer qualquer referência a temáticas raciais ou a discriminações de minorias” no vídeo.
Kérollen e Nancy chegam à Decradi
Por: G1