INFLAÇÃO DO PRATO FEITO BRASILEIRO CHEGA A 9,2% EM FEVEREIRO
A inflação dos alimentos arrefeceu um pouco em fevereiro, mas continua em patamar bastante elevado.
A conta fica mais salgada quando considera os produtos que compõem o chamado “prato feito” do brasileiro. A inflação do “PF” alcançou 9,2% em fevereiro, segundo cálculo feito com exclusividade para a CNN pela Lifetime Asset Management. O IPCA do mês passado ficou em 5,06% no acumulado de 12 meses.

O prato básico da alimentação diária da maioria dos brasileiros é composto por arroz, feijão, carnes e salada, com temperos nacionais e bebidas como refrigerantes e água mineral.
A economista Marcela Kawauti, responsável pelo cálculo da Lifetime, destaca que desde meados de 2024 a inflação dos alimentos vem subindo num ritmo mais acelerado.
“Vemos essa pressão forte no custo de vida das pessoas. Afinal de contas, alimento é que você compra todos os dias, toda hora, e isso pesa mais”, disse à CNN.
Entre os destaques de alta nos últimos 12 meses, o alho teve o pior desempenho, com alta de 30,6%. Pesam também o preço das carnes, com alta acumulada de 22%, e do óleo de soja, que subiu 23,4%.
Na outra ponta, a cebola teve queda de 33,6% no mesmo período. Arroz, feijão e tomate também tiveram redução mais forte nas últimas semanas e os preços acumulados dos três caíram 4%, 18,6% e 10,2% respectivamente.
Desde a pandemia, a dinâmica dos preços dos alimentos que compõem o prato feito oscilou bastante, segundo estudo da Lifetime. De dezembro de 2020 para cá, Marcela Kawauti identificou quatro fases mais marcantes dessa trajetória da inflação dos alimentos do “PF” versus o IPCA.
Na primeira delas, entre dezembro de 2020 e outubro de 2021, os preços dos alimentos dispararam para mais de 30% enquanto o IPCA rodava em torno dos 5%.
A crise climática com a forte seca que atingiu o país e a queda acentuada dos serviços por causa do isolamento social explicam a diferença tão aguda do comportamento dos preços.
Na segunda fase, entre fevereiro e outubro de 2022, a alta dos juros feita pelo Banco Central (BC) e a desinflação ocorrida no mundo todo com reflexos aqui no Brasil promoveram uma reaproximação das duas trajetórias, apesar de ainda em patamar elevado.
O IPCA e a inflação do “PF” saíram da casa dos 10% para algo entre 7% e 5%, com os alimentos mais caros.
O terceiro estágio, entre fevereiro de 2023 e o mesmo mês de 2024, foi marcado pela inversão no curso dos preços, quando o IPCA ficou mais alto e o prato feito teve deflação.
No final do período, os alimentos já começaram a reagir e alcançaram o índice oficial de inflação na casa dos 5%. A super safra do ano e uma queda da moeda norte-americana responderam pela trajetória daquele período.
No último período analisado pela Lifetime, entre junho do ano passado e fevereiro deste ano, os preços dos alimentos do “PF” começaram a disparar em agosto e passaram dos 10%, voltando para os 9,2% no mês passado.
Antes da alta mais forte do dólar no final do ano, a inflação da refeição básica do brasileiro já estava subindo com mais força e ajudou a empurrar os preços para cima.
Agora, com a melhora do dólar e a expectativa de uma safra maior, alguns preços já começam a voltar, como vimos na tabela da Lifetime.
Mas as expectativas para o ano todo não são tão positivas.
No máximo, os brasileiros vão sentir que a conta do mercado está menos cara, mas alívio mesmo é menos provável.
por Thaís Herédia – CNN