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GREVE: ENTREGADORES DE APLICATIVO REAGEM À PRECARIZAÇÃO E PARALISARAM ATIVIDADES NA SEXTA

Trabalhadores estão há mais de 120 dias negociando remuneração mínima e segurança no serviço

Diante do impasse vivido sobre a regulamentação do trabalho em aplicativos no Brasil, motoboys em geral vão realizar uma greve nacional para pressionar empresas e governo por melhorias empregatícias, como remuneração mínima, direito à saúde e segurança para a categoria. A paralisação vai desta ontem  sexta-feira (29) até domingo (1º).

Com a hashtag #baratoquesaicaro, os trabalhadores envolvidos na mobilização, chamada de Breque Nacional, fizeram um vídeo sobre insegurança e as recorrentes mortes no trânsito, além de materiais pedindo a adesão de restaurantes nos dias de greve.

Os acidentes com entregadores se tornam cada vez mais frequentes. Segundo pesquisa do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, um a cada quatro trabalhadores da categoria já sofreram acidentes. Já de acordo com o Infosign SP, mais de 40% dos acidentes de trabalho aconteceram com entregadores de aplicativo.

Eles também alegam que estão há quatro meses tentando negociar com empresas como iFood, Rappi, Amazon, Uber, Zé Delivery, Mercado Livre e outras. Reclamam que essas empresas “menosprezaram os sindicatos de motofrete, legítimos representantes dos trabalhadores no Grupo Tripartite do governo federal”.

Além disso, o Grupo de Trabalho (GT) instalado pelo governo federal com representantes de trabalhadores de aplicativos não chegou a acordo nenhum. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) prepara sua própria proposta, com um projeto de lei (PL) que deve ser apresentado ao Congresso em 30 de setembro, último dia formal de existência do GT. Questionada, a pasta anunciou não ter informações sobre o teor do texto, pois “as partes ainda estão em negociação”.

O ato acontece em todo Brasil. No Rio de Janeiro, o breque começou a partir das 9h, com ponto de encontro na Igreja da Candelária, região central da capital. Em São Paulo, acontece em frente à Bovespa, desde às 9 horas, e em frente a sede do iFood, a partir das 12h30. No final do dia, está prevista a realização de um holograma, às 18h, para denunciar as condições precárias de trabalho da categoria.

Hora logada

A falta de acordo não é apenas sobre os valores da remuneração mínima, mas também sobre o que conta como tempo trabalhado, que os trabalhadores chamam de ‘hora logada’. Para as empresas – e, ao que fontes indicam, também para o governo federal – só vale como tempo de trabalho aquele período em que uma pessoa ou mercadoria está sendo transportada.

Já os entregadores e motoristas argumentam que estão trabalhando desde o momento em que ficam logados e à disposição da plataforma. Como um garçom, por exemplo, cujo salário não está limitado ao momento em que ele atende uma mesa.

“A hora logada, a disponibilidade, é fundamental. Precisamos receber por esse tempo”, defende o entregador recifense Rodrigo Lopes, em entrevista ao Brasil de Fato. Presidente do Sindicato dos Entregadores e Trabalhadores por Aplicativos em Pernambuco (Seambape), ele é um dos participantes, pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), do GT criado pelo Ministério do Trabalho.

“Fazemos um investimento na moto, habilitação, manutenção, alimentação, tudo isso para poder executar o serviço da plataforma e precisamos ser remunerados por esse tempo disponível. As empresas estão fazendo jogo duro”, opina.

POR GABRIEL MANSUR/JB

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