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GOVERNO SE PREPARA PARA ENFRENTAR CPMI DO INSS E MOSTRAR QUE AS FRAUDES COMEÇARAM COM BOLSONARO

Diante do avanço das articulações no Congresso para a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os descontos irregulares aplicados em benefícios do INSS, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já se movimenta nos bastidores para conter os impactos políticos do caso e buscar protagonismo nas investigações, informa o jornal O Globo.

Embora o Planalto mantenha oficialmente uma posição contrária à criação da comissão, assessores políticos próximos ao presidente reconhecem que o cenário é irreversível. A aposta agora é montar uma estratégia de contenção de danos, com foco na disputa por cargos estratégicos dentro do colegiado, especialmente a relatoria e a presidência.

A medida se torna urgente diante da ampla adesão de parlamentares ao pedido de criação da CPMI: 37 senadores e 223 deputados já assinaram, superando com folga os requisitos regimentais. No entanto, a instalação da comissão ainda depende da decisão do presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União-AP), que até o momento não se pronunciou.

Base governista quer relatoria com perfil técnico – Setores da base aliada defendem que o governo não apenas participe da comissão, mas atue de forma ativa para garantir sua influência. Um dos nomes cotados para a relatoria é o da deputada Tabata Amaral (PSB-SP). A meta é evitar que a oposição instrumentalize politicamente o colegiado, blindar o presidente Lula e, ao mesmo tempo, evidenciar responsabilidades do governo Jair Bolsonaro (PL). 

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), deixou claro que há espaço para que a CPMI revele o papel de Bolsonaro no escândalo. “Quem chamou a polícia e deixou ela investigar foi o presidente Lula. Eu não assino CPI, por achar que isto cabe à Polícia Federal. O Congresso deve cuidar dos problemas reais do Brasil, das matérias que importam. Mas talvez eu assine essa, por acreditar que os ventos vão mudar”, afirmou.

O senador Rogério Carvalho (PT-SE), líder do partido na Casa, declarou apoio à criação da comissão, e o senador Fabiano Contarato (PT-ES) já assinou o requerimento.

Ministro diz que fraudes se intensificaram no governo Bolsonaro – Em audiência no Senado, o ministro da Previdência, Wolney Queiroz (PDT), declarou apoio à CPMI e apontou que o aumento expressivo nas fraudes teve origem em mudanças promovidas durante o governo anterior. “É naquele momento, entre 2019 e 2022, que o ladrão entra na casa”, afirmou.

De acordo com Wolney, o problema começou com uma medida provisória editada em 2019, que previa a revalidação anual das autorizações de desconto. Essa exigência foi flexibilizada em 2021, passando a valer a cada três anos, e posteriormente adiada para 2022. Uma nova alteração, sancionada por Bolsonaro, eliminou de vez a necessidade de revalidação anual.

Essas alterações abriram caminho para o crescimento de cobranças indevidas feitas por entidades associativas. Segundo o INSS, 1.069.201 aposentados e pensionistas responderam à notificação sobre descontos. Desses, 1.051.238 (98,3%) afirmaram não reconhecer vínculo com as entidades que efetuaram os débitos.

Os números ilustram a escalada da fraude: em 2021, ainda sob Bolsonaro, os valores descontados ilegalmente somaram R$ 536,3 milhões; em 2022, subiram para R$ 706,2 milhões. Em 2023, saltaram para R$ 1,299 bilhão. Em 2024, chegaram a impressionantes R$ 2,637 bilhões.

Por Guilherme Levorato – Brasil247

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