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GOVERNO LULA RETOMA CONDIÇÕES PARA INDÚSTRIA QUÍMICA COMPETIR, AFIRMA PRESIDENTE DA ABIQUIM

Em entrevista à TV 247, André Passos Cordeiro celebrou a decisão que elevou tarifas de importação de 30 insumos químicos

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), André Passos Cordeiro, concedeu entrevista ao programa Desenvolvendo o Brasil, da TV 247, e comentou a decisão do governo federal de elevar tarifas para importação de 30 insumos químicos, como fenol e polietileno. Com a medida, a maioria das alíquotas passará de 10,8% ou 12,6% para 20% e devem permanecer nesse patamar por 12 meses. Outros 32 produtos seguem em avaliação pelo Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex).

Segundo Cordeiro, a produção de insumos químicos no mundo está inserida no contexto de disputa geopolítica e comercial, protagonizada pela China e Estados Unidos, que tem distorcido o preço dos insumos químicos e afetado a produção nacional. Neste cenário, a decisão do governo Lula atende a um pedido da indústria química brasileira e contribui para garantir a autonomia e capacidade produtiva do setor. “Esses 30 produtos que foram aprovados representam cerca de 65% do volume de importações desse conjunto de 62 NCMs [Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) é um sistema de classificação numérica que inclui os produtos químicos orgânicos e inorgânicos] que tínhamos proposto ao governo. Assim como representam 75% do valor desse mesmo conjunto de importações. A gente entende que, neste primeiro movimento, o governo erigiu defesa sobre aqueles casos mais evidentes e com volume considerável. A decisão é bem-vinda, está bem fundamentada tecnicamente, e traz um alívio para a indústria química”, afirmou. Segundo a Abiquim, em 2023, os produtos importados representaram 47% do mercado de químicos, atingindo diretamente a competitividade de empresas brasileiras.

André Passos disse também que a elevação de tarifas de importação sobre os insumos químicos não terá impacto na cadeia e nos preços finais dos produtos para população. Segundo ele, a Abiquim realizou um estudo sobre um eventual efeito das medidas no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial que mede a inflação. De acordo com o levantamento, feito pelo ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Luciano Coutinho, verificou cada ponto na cadeia produtiva e chegou à conclusão que o impacto será de 0,03% no IPCA. “O que vai acontecer é uma recomposição do preço normal destes insumos e isso não deve pressionar os preços à frente na cadeia”, afirmou.

Na entrevista à TV 247, André Passos também criticou os preços do gás natural praticados no mercado brasileiro e o mecanismo de reinjeção de gás em campos de petróleo pela Petrobrás, utilizado para aumentar a vazão de petróleo, defendendo um marco regulatório para a questão. “O que os clientes da indústria estão trazendo é: precisamos reduzir o preço das matérias-primas petroquímicas no Brasil. Gás natural, por exemplo, é quatro vezes mais caro do que o gás dos EUA, russo. Duas vezes e meia mais caro do que o gás europeu. Além disso, a reinjeção de gás no Brasil está acima de 60% atualmente. No resto do mundo é 25%. Não há explicação para isso, a não ser de estratégia de produção dos produtores de gás, entre eles a Petrobrás. A política pública regulatória precisa indicar a estratégia de exploração do gás natural e do petróleo no Brasil”, afirmou o representante da indústria química.

A indústria química é responsável por 2 milhões de empregos diretos e indiretos no Brasil e responde por 11,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo a Abiquim, a indústria química brasileira é a mais sustentável do mundo. Para cada tonelada de químicos produzida, ela emite de 5% a 51% menos CO2 em comparação a concorrentes internacionais, sobretudo por possuir uma matriz energética composta por 82,9% de fontes renováveis – no mundo, essa média é de 28,6%.

Por 247

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