Hoje é dia da conferência Google I/O, um evento onde a gigante tecnológica apresenta as suas novidades. Foi neste palco que a Google apresentou no ano passado o Android 13, um novo Pixel Watch e a família de smartphones Pixel 7. O evento serviu ainda a confirmação de que um smartphone com ecrã dobrável estava mesmo em produção, levantando a ponta do véu. E se há uma confirmação para o evento de hoje é mesmo a revelação oficial do Pixel Fold, que já mereceu um pequeno vídeo de teasing. O smarphone dobrável chega em junho por 1.799 dólares, com a pré-reserva a começar hoje com oferta de um smartwatch. Mas houve muitas novidades, tudo em torno da inteligência artificial.
O evento parece mesmo focar-se na inteligência artificial como tema de fundo. O pré-show mostrou um músico a cantar e a letra ia sendo ilustrada com imagens geradas por IA, supostamente em tempo real. O músico foi convidado pela Google para ver os avanços da empresa e como a IA poderia ajudar nas suas atuações, que depois foram utilizadas na sua atuação ao vivo. Mesmo o countdown do início do programa foi inspirado em pesquisas de IA.
As inovações da IA nos produtos da Google
Coube, como sempre, ao CEO da Google, Sundar Pichai, a abertura do evento em Mountain View, desta vez em “carne e osso” para um discurso baseado obviamente nos avanços realizados na inteligência artificial e como esta tem de ser útil para todos. “Como sabem, a IA tem dado muito que falar no último ano, por isso temos muito para revelar”, começou por dizer. Com a IA generativa pretende dar o próximo passo nos seus produtos, incluindo a Pesquisa. E forneceu alguns exemplos de como a IA pode ajudar nas aplicações. O Gmail tem vindo a receber funções de IA, tais como a composição inteligente, seguindo-se as sugestões de respostas, com a possibilidade de elaborar textos mais complexos. A ajuda a escrever os textos dos mails pretende facilitar o trabalho.
Seguiu-se o exemplo do Google Maps, tendo apresentado a Immersive View no último ano. A IA vai ajudar os utilizadores a encontrar mais facilmente os caminhos para os seus destinos, através do Immersive View. Os utilizadores podem fazer zoom e aproximar a visão detalhada e em 3D do percurso a fazer. E como novidade mostra o trânsito e o estado do tempo em tempo real. Até ao final do ano chega a 15 cidades, incluindo Londres, Tóquio e São Francisco.
Na pesquisa, pretende elevar as simples buscas através da IA. O Magic Eraser, estreado no Google Pixel, evoluiu para Magic Editor, dando aos utilizadores maior controlo criativo na edição. Os utilizadores podem adicionar elementos ou separar os sujeitos e objetos da imagem, realinhando a sua posição, criando mensagens visuais totalmente distintas. A ferramenta vai chegar ao Google Photos no final do ano.
A empresa diz que tem mais de 15 produtos para mostrar durante o Google I/O, a maioria melhorados com IA, ajudando no conhecimento e aprendizagem, na criatividade e produtividade, permitir que todos construam produtos com responsabilidade.
O PalM 2 foi anunciado, baseado numa nova infraestrutura e tem 25 produtos baseados na tecnologia. A versão Gecko é para smartphones, um modelo de treino baseado em textos multilingue, suportando mais de 100 idiomas. Um utilizador pode estar a colaborador de uma língua estrangeira, pedir uma alteração a um código de programação em coreano e o outro entender no seu idioma. A IA deteta mais facilmente bugs de programação, ajudando os developers nos seus projetos. O PaLM 2 já se encontra em versão de preview para os programadores. Falando da DeepMind, a equipa da Google está a trabalhar no seu próximo modelo de IA, o Gemini, criado para ser multimodelo, com integrações de API. Ainda está nas versões preliminares, mas espera ter capacidades semelhantes ao PaLM 2.
Novidades do sistema de IA generativo Bard
O watermarking ajuda a incluir informações nas imagens desde o início. E os Metadados permite aos criadores de conteúdos adicionar mais informações nas suas imagens, de forma a protegê-las da manipulação da IA. Passando ao Bard, Sundar Pichai diz que está a funcionar totalmente no ambiente PaLM 2. É referido que o Bard já aprendeu mais de 20 línguas, desde Python, C++, SQL, etc. Escrever um código de xadrez em Python é muito fácil com o seu novo sistema e inclui um sistema de citações importantes. Outra novidade é a possibilidade dos utilizadores ativarem o Dark Mode no Bard.
O Bard já faz respostas automáticas no Gmail e Docs, demonstrando que a Google começa a utilizar o seu modelo de IA nos seus principais produtos. Além disso, disponibilizou ferramentas para o Bard para os seus parceiros, referindo que estes passam a ter todo o controlo, de forma segura, das novidades no Bard. Nas próximas semanas promete ser mais visual, nas prompts adicionadas, oferecendo textos acompanhados com imagens. O Lens também vai beneficiar do Bard. Na demonstração, a IA listou diversas legendas cómicas a partir de uma foto de dois cães. Vai ser possível criar cartas de apresentação através do Bard, ou ajuda na escolha das escolas dos interesses que tem. Mais que uma lista de resultados, é possível pedir a sua localização num mapa.
O sistema de IA inclui o Adobe Firefly, oferecendo imagens criativas geradas por inteligência artificial. A partir de hoje, 180 países passam a ter acesso direto ao Bard, sendo retirada a lista de espera. além de inglês pode utilizar o Bard em coreano e japonês. Em breve vai chegar a 40 novos idiomas.
Quanto ao Workspace, a Google afirma que os utilizadores podem colaborar em tempo real graças à IA. O Docs tem vindo a ajudar a criar textos e cartas de currículo, pegando em algumas frases do utilizador, sendo personalizada com as qualificações, poupando tempo ao utilizador. O Sheets também vai permitir uma maior organização, por exemplo, criar modelos de negócio baseados em algumas prompts dadas pelo utilizador. O Slides é a ferramenta da Google para criar apresentações. Pode escrever algo e são geradas imagens automaticamente que o utilizador pode optar para ilustrar o documento. Estas novidades chegam num novo serviço chamado Duet AI for Workspace.
Há um sistema colaborativo com a IA, num painel lateral, que faz perguntas sobre o texto que está a escrever, uma história, por exemplo. A IA reage a sugerir mudanças de rumo da narrativa, por exemplo. Pode ainda sugerir imagens baseado no texto e inserir no projeto para o ilustrar.
O futuro da Pesquisa do Google
A Pesquisa foi outro tema do Google I/O e como não podia ser, a IA generativa foi adicionada à plataforma. Quando pesquisa, há agora uma nova área, composta por temas escritos por IA Generativa. Além dos resultados convencionais, a IA pode fazer sugestões adicionais dos produtos que encontra. Por exemplo, na pesquisa de um a bicicleta, a IA pode dar vantagens, desvantagens, stocks e outras informações relacionadas com os temas listados, da forma mais relevante possível para o utilizador. A Google promete mais transparência, assinalando os produtos que são promovidos no serviço.
E ao clicar num produto, entra num modo conversacional, de forma a estender as informações que necessita. A Google diz que o sistema funciona de modo integrado, nunca perdendo a noção do resto dos itens listados. Pode pedir ajuda ao Search para encontrar o nome para um clube ou produto, assim como gerar questionários úteis.
O sistema de conversação da Pesquisa é dinâmico e tão depressa pergunta onde observar baleias, como de seguida pode pedir por peluches destes animais até ao preço definido. O sistema Search Labs entra em teste em breve nos Estados Unidos.
Todas as novidades até aqui apresentadas vão também ser adicionadas a plataformas de negócios para as empresas. A plataforma Vertex AI pode ser utilizada como bases para sistemas de chat, permitindo aos clientes criar as suas soluções com base nesta API do PaLM. Pode oferecer Pesquisa a nível empresarial, dando total controlo dos dados às entidades.
A Google revelou que o Midjourney e o Anthropic vão ser integradso na sua cloud, como exemplo de que qualquer developer pode continuar a inovar com a arquitetura PaLM 2. A API do PaLM 2 começa a receber os registos para testes a partir de hoje.
Como ser inovador mas responsável no campo da IA? A resposta é construir de raiz essa relação. A empresa promete ferramentas para os utilizadores avaliarem a veracidade de imagens online.
Por outro lado, a sua ferramenta de tradução universal em vídeo, permite corrigir o “lip Sync” das pessoas quando se faz a tradução e dobragem para outra língua, ou seja, os movimentos da boca são sincronizados com o discurso. A ferramenta em questão não será de utilização pública para evitar abusos, mas apenas para parceiros credenciados, de forma a combater conteúdos falsos.
Android com novidades a chegar
A IA vai melhorar o sistema operativo Android. Em primeiro lugar, para proteger os utilizadores das chamadas de spam, assinalando-as e alertando para as mesmas. A google promete que a próxima versão do Android, alimentado por IA, será a mais completa. Os tablets e smartwatchs tornaram-se mais fácil de interagir, otimizando as aplicações para trabalhar entre os diversos equipamentos. A empresa diz que cresceu 5 vezes a plataforma WearOS, conformando que o WhatsApp vai ser integrado nos smartwatchs no verão. A Google vai trabalhar com a Samsung num novo sistema operativo XR, prometendo mais novidades para o fim do ano.
Este discurso serviu para referir o crescimento do ecossistema dos seus equipamentos Pixel, smartphones, smartwatchs, salientando que a empresa é que está a crescer mais rapidamente. Com isto anunciou o novo Pixel 7a, confirmando-se assim um dos rumores. Tem o Tensor G2, 8 GB de RAM e tem uma câmara atualizada com um sensor maior em 72% face ao modelo anterior. O equipamento chega ao mercado a partir de hoje por 499 dólares.
A empresa apresentou o Pixel tablet, brincando que o tablet nunca é utilizado e quando precisamos dele, não tem bateria. A Google tentou imaginar o tamanho ideal para o tablet, desenhado para ser utilizado nas mãos do utilizador e otimizado para ser usado em casa. Tem um ecrã de 11 polegadas, quatro auscultadores e uma capa em alumínio com cobertura em cerâmica. Tem o processador Tensor G2, otimizado para fazer chamadas de vídeo, com um sistema de câmara que garante que o utilizador esteja sempre em câmara. O assistente de voz permite escrever mais rápido do que manualmente. Tem mais de 50 apps otimizadas para trabalhar com o tablet.
O tablet chega ao mercado com uma dockstation especial, enquadrado num móvel, permitindo pousar o equipamento, tornando-se um amoldura digital, um segundo ecrã ou um assistente de voz. Pode destrancar o equipamento via impressão digital e ter acesso aos seus conteúdos. A aplicação Google Home foi remodelada para se adaptar aos controlos através do tablet. Pode ajustar luzes, abrir portas ou ver pela câmara o carteiro a entregar encomendas. Suporta diferentes utilizadores, com contas distintas, podendo instalar as suas próprias aplicações. O tablet tem também Chromecast, acedendo a filmes e música. Foi ainda criado um novo tipo de capa, com um aro que serve de suporte para se transformar numa moldura, por exemplo.
O tablet chega em três cores, pré-encomendas a partir de hoje a partir de 499 dólares. Todos oferecem a dockstation gratuitamente.
Pixel Fold é uma realidade e foi demonstrado ao vivo
Obviamente que o tablet não é o único equipamento de ecrã grande. O Pixel Fold foi apresentado oficialmente no Google I/O. A empresa diz que apresentou tecnologia de ponta, prometendo um novo standard com o seu novo dobrável. Tem o Tensor G2, Android e IA na sua composição. É um tablet compacto quando está aberto, mas um ecrã frontal familiar quando fechado.
A empresa diz que é o modelo dobrável mais fino do mercado. O sistema de lentes e a bateria foram redesenhados para caber no seu interior, mantendo um tamanho compacto. Tem um ecrã de 7,6 polegadas quando está aberto em 180º. Foi criado para durar, prometendo Gorilla Glass Victus e IPX8 na proteção.
A sua câmara pode ser utilizado em diversos formatos, seja em cima da mesa ou para uma selfie. Promete o melhor sistema de sensores de câmara de um smartphone com ecrã dobrável. O modo Interpreter permite dividir o ecrã ou utilizar o sistema de dois ecrãs para ajudar nas traduções de língua.
Numa demonstração ao vivo, permitiu observar as animações do wallpaer a reagirem à dobra. E quando está a ver um vídeo, quando abre o smartphone a imagem expande automaticamente para aumentar. Ou pode utilizar o sistema split-screen, permitindo assistir a um vídeo de um lado e manter a conversa com um amigo ao lado. O teclado virtual foi dividido em dois painéis para ajudar na escrita. Ao ver um vídeo pode dobrar em 90º o equipamento, passando a imagem para cima e os controlos do leitor em baixo.
O Pixel Fold chega em junho por 1.799 dólares. As pré-encomendas começam a parti de hoje e quem o fizer recebe gratuitamente um Pixel Watch.
Em antevisão
Apesar da confirmação do smartphone dobrável, a Google não avançou com nenhuma informação adicional. Mas não faltaram rumores ao longo de todo o ano, que poderão ou não se confirmar. O equipamento mostra extremidades arredondadas e um ecrã interior rodeado por uma moldura. E uma câmara no topo daquele que parecia ser um ecrã frontal secundário.
Também já se especulou sobre o seu preço, que deverá rondar os 1.799 dólares. O equipamento deverá ter um ecrã de 5,8 polegadas, dobrando-se para se dar forma a um pequeno tablet de 7,6 polegadas. Os rumores apontam ainda para um processador Google Tensor G2 e contar com 256 GB de armazenamento interno e 12 GB de RAM.
O Fixel Fold deverá ter uma configuração tripla de câmaras com um sensor principal de 50 MP, uma grande angular de 12 MP e uma telescópica de 48 MP. Haverá espaço ainda para uma câmara frontal de 9,5 MP.
O smartphone, que deverá estar disponível nas cores Carbono e Porcelana, terá, pelo menos, três capas oficiais coloridas no seu lançamento, segundo informações anteriores.
Pixel 7a, Pixel 8 e Pixel Tablet
Além do foco no smartphone dobrável, é provável que a Google revele também o Pixel 7a. O smartphone já apareceu em imagens partilhadas, mostrando-se com um design semelhante ao Pixel 6ª. Deverá ter um ecrã a 90 Hz, carregamento sem fios e uma câmara principal de 64 MP. Os rumores apontam ainda para a utilização do chip Tensor G2 e 8 GB de RAM.
O Pixel Tablet também poderá ter finalmente o seu lançamento durante o evento de hoje. O tablet foi anunciado na edição do ano passado, mas tem sido adiado. As informações que foram partilhadas pela Google indicam que este equipamento pode ser utilizado como um tablet ou ser transformado num segundo ecrã. Utiliza o mesmo processador Tensor G2 do Pixel 7. Os rumores apontam para um modelo com 11 polegadas, 128 GB de armazenamento e 8 GB de RAM a ser vendido a começar nos 600 euros.
Há uma possibilidade da Google levantar a ponta do véu da sua próxima geração de smartphones, o Pixel 8. Os rumores apontam para a utilização do Tensor G3, mantendo a mesma configuração de RAM e armazenamento dos anteriores.
Outros equipamentos que podem surgir no evento passam por um eventual sistema de óculos de realidade aumentada, que aliás já tinha sido um dos teasers do ano passado, experimentando protótipos na rua. E também um novo Pixel Watch, atualizando a sua gama de wearables. Espera-se que haja ainda espaço para alguma surpresa adicional, como também já tem acontecido em edições anteriores do Google I/O.
Novidades sobre o Android 14
O Android 14 também será uma certeza no I/O 2023, uma vez que desde fevereiro que a Google tem vindo a lançar versões beta para teste, esperando-se uma nova fase de otimização e estabilidade já a partir de junho e lançamento oficial no fim do verão.
O novo sistema operativo promete ter uma interface de utilizador mais inteligente. Para isso, no Android 14 as funcionalidades são implementadas de duas formas separadas: o framework que oferece os serviços; e o System UI, que dá ao utilizador o controlo desses serviços. A fabricante dá alguns exemplos da implementação dessas funcionalidades como a nova seta de retrocesso na navegação por gestos.
As aplicações ganham novos efeitos visuais, baseados com gráficos suportados por vetores, utilizando animações como interpolação e “morphing”. A Google diz que as novas opções gráficas permitem dar maior realce às aplicações. Ainda no que diz respeito às apps, os utilizadores vão poder ter maior controlo de personalização da língua por aplicação.
Por- Sapo