FMI alerta que turbulência financeira mais profunda prejudicará crescimento global
O Fundo Monetário Internacional reduziu ligeiramente nesta terça-feira sua perspectiva de crescimento global para 2023 uma vez que taxas de juros mais altas esfriam a atividade, mas alertou que um agravamento severo da turbulência do sistema financeiro pode reduzir a produção para níveis próximos da recessão.
O FMI disse em seu relatório Perspectiva Econômica Global que os riscos de contágio do sistema bancário foram contidos por medidas fortes adotadas após a falência de dois bancos regionais dos Estados Unidos e a fusão forçada do Credit Suisse.
O FMI agora prevê um crescimento do PIB global de 2,8% para 2023 e 3,0% para 2024, marcando uma forte desaceleração do crescimento de 3,4% em 2022 devido a uma política monetária mais apertada.
As previsões para 2023 e 2024 foram reduzidas em 0,1 ponto percentual em relação às estimativas divulgadas em janeiro, em parte devido a desempenhos mais fracos em algumas economias maiores, bem como expectativas de mais aperto monetário para combater a inflação.
A perspectiva do FMI para os EUA melhorou ligeiramente, com crescimento em 2023 estimado em 1,6%, contra 1,4% em janeiro, já que o mercado de trabalho permanece forte. Mas o Fundo cortou as previsões para algumas das principais economias, incluindo a Alemanha, agora com previsão de contração de 0,1% em 2023; e o Japão, que deve crescer 1,3% este ano em vez da taxa de 1,8% prevista em janeiro.
ECONOMIAS E RESILIÊNCIA À INFLAÇÃO
A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, disse em entrevista coletiva que está mais otimista com as perspectivas, já que várias economias de mercados desenvolvidos e emergentes mostram resiliência.
“Eu não exageraria no negativismo sobre a economia global”, disse Yellen. “Acho que a perspectiva é razoavelmente brilhante.”
O FMI elevou sua projeção para o núcleo da inflação em 2023 a 5,1%, de 4,5% em janeiro, dizendo que ele ainda não atingiu o pico em muitos países apesar de preços mais baixos de energia e alimentos.
“A política monetária precisa continuar focada na estabilidade de preços” para manter as expectativas de inflação sob controle, disse o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, em uma coletiva de imprensa.
Em entrevista à Reuters, Gourinchas disse que os bancos centrais não devem interromper sua luta contra a inflação por causa dos riscos à estabilidade financeira, que parecem “muito contidos”.
As previsões para 2023 e 2024 foram reduzidas em 0,1 ponto percentual em relação às estimativas divulgadas em janeiro, em parte devido a desempenhos mais fracos em algumas economias maiores, bem como expectativas de mais aperto monetário para combater a inflação.
A perspectiva do FMI para os EUA melhorou ligeiramente, com crescimento em 2023 estimado em 1,6%, contra 1,4% em janeiro, já que o mercado de trabalho permanece forte. Mas o Fundo cortou as previsões para algumas das principais economias, incluindo a Alemanha, agora com previsão de contração de 0,1% em 2023; e o Japão, que deve crescer 1,3% este ano em vez da taxa de 1,8% prevista em janeiro.
CENÁRIOS DE TURBULÊNCIA BANCÁRIA
Embora uma grande crise bancária não esteja no cenário básico do FMI, Gourinchas disse que uma piora significativa nas condições financeiras pode voltar a ocorrer, conforme investidores nervosos tentam testar o “próximo elo mais fraco” do sistema financeiro, como fizeram com o Credit Suisse.
O relatório incluiu duas análises mostrando impactos moderados e agudos das turbulências financeiras no crescimento global.
Em um cenário “plausível”, o estresse sobre bancos vulneráveis – alguns como os falidos Silicon Valley Bank e o Signature Bank, sobrecarregados por perdas não realizadas devido ao aperto da política monetária e dependente de depósitos não segurados – cria uma situação em que “as condições de financiamento para todos os bancos se apertam, devido à maior preocupação com a solvência bancária e possíveis exposições em todo o sistema financeiro”, afirmou o FMI.
Esse “aperto moderado” das condições financeiras pode cortar 0,3 ponto percentual do crescimento global em 2023, reduzindo-o para 2,5%.
O Fundo também incluiu um cenário negativo agudo com impactos muito mais amplos dos riscos nos balanços dos bancos, levando a cortes acentuados nos empréstimos nos EUA e em outras economias avançadas, uma grande retração nos gastos das famílias e uma fuga “de risco” de fundos de investimento para ativos seguros denominados em dólares.
As economias dos mercados emergentes seriam duramente atingidas pela demanda menor por exportações, desvalorização da moeda e aumento da inflação.
Esse cenário, ao qual Gourinchas atribuiu 15% de probabilidade que se concretize, poderia cortar o crescimento de 2023 em até 1,8 ponto percentual, reduzindo-o para 1,0% – um nível que implica crescimento do PIB per capita próximo de zero. O impacto negativo pode ser cerca de um quarto do impacto da crise financeira de 2008-2009.
Outros riscos negativos destacados pelo FMI incluem inflação persistentemente alta que requer aumentos mais agressivos das taxas de juros, escalada da guerra da Rússia na Ucrânia e contratempos na recuperação da China da Covid-19, incluindo dificuldades agravadas em seu setor imobiliário.
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