O seu canal de Noticias

ESPETÁCULO DE DANÇA DA CIA. GENTE RECONHECE PROTAGONISMO DE CORPOS FORA DO PADRÃO

Com estreia em Teresópolis, “Elementos disponíveis para outras composições”, de Paulo Emílio Azevedo, ganha os palcos de seis unidades do Sesc RJ em novembro

À medida que outubro chega ao fim, os bailarinos da Cia. Gente entram na reta final de ensaios do espetáculo de dança “Elementos disponíveis para outras composições”, do coreógrafo e dramaturgo Paulo Emílio Azevedo. Com estreia marcada para 9 de novembro, no Sesc Teresópolis, a apresentação promete transformar o palco em uma enorme caixa de brinquedos, explorando o lúdico e trazendo para os holofotes os corpos dos intérpretes, todos fora do padrão, cada um na sua singularidade. Além das apresentações, haverá workshops e bate-papos, com o objetivo de promover a troca de experiências e o aprendizado.

Vencedor do Prêmio Funarte Acessibilidança 2020, “Elementos disponíveis para outras composições” chega aos palcos por meio do Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar. A obra dialoga com a presença de um corpo-ruína, elevado à condição de protagonista, em vez de estar inserido em uma dimensão inclusiva. Dessa forma, o que, sob a ótica do preconceito, seria considerado um problema, torna-se, em “Elementos”, um elemento estético.

— O espetáculo propõe uma ruptura com padrões de beleza e mostra a evidência de outras belezas, numa movimentação que é pura desobediência — , provoca Azevedo, que percorrerá outras cinco unidades do Sesc com o espetáculo.

Em cena, os intérpretes de "Elementos" se revezam, explorando o palco como uma enorme caixa de brinquedos — Foto: Divulgação/Patricia Blason
Em cena, os intérpretes de “Elementos” se revezam, explorando o palco como uma enorme caixa de brinquedos — Foto: Divulgação/Patricia Blason

“Elementos disponíveis para outras composições” leva em consideração a investigação cênica de três obras anteriores do dramaturgo: “Pseudópodos”, “Procedimento II urbano” e “Gudubik”. Em cena, oito intérpretes se revezam, explorando o palco como uma enorme caixa de brinquedos e dando novo significado à função ordinária desses objetos — como fazem, em geral, as crianças arteiras. Brincar, portanto, torna-se um ato político, no momento em que se propõe a desconstrução de imagens e imaginários, interpretada por essa gente, tão bela, que decidiu teimar em dançar a vida.

Além das apresentações de dança, as seis unidades do Sesc RJ terão um workshop gratuito no mesmo dia do espetáculo, das 10h ao meio-dia. A oficina “O melhor de cada um”, ministrada por Azevedo, dura 90 minutos e é voltada para qualquer pessoa que queira (re)conhecer suas potências.

A proposta segue a metodologia desenvolvida pelo coreógrafo, na qual o sujeito é o centro do processo e os conteúdos performáticos são oriundos da biografia corporal de cada participante, em convergência com sua cultura lúdica. Não há pré-requisito para a participação e as inscrições devem ser feitas diretamente na unidade do Sesc RJ.

Azevedo expressa o prazer de retornar a Teresópolis, destacando a conexão que sente com a cidade e com o conceito de “polis”, tão presente em suas pesquisas, refletindo sobre a construção de um espaço inclusivo.

— Neste trabalho abordamos a ideia do “desenho universal” da polis, uma cidade sem barreiras, acessível a todos. A proposta de “Elementos” é convidar a comunidade a se unir, transformando o Sesc em um local acolhedor e acessível, para discutir temas profundos com um público diversificado — define o autor.

Dramaturgo é também escritor e tem 21 livros publicados

Professor com doutorado em Ciências Sociais, especialização em antropologia do corpo e cartografia da palavra, Paulo Emílio Azevedo é natural de Macaé, mas vive em Niterói desde os 18 anos de idade. Parte de sua infância e parte da adolescência foram dedicadas ao esporte, com destaque para o futebol, a natação e o atletismo.

Em 1997, o autor sofreu um acidente grave de carro, que o imobilizou por dois anos, impossibilitando-o de seguir a carreira de atleta. Por outro lado, a experiência em uma cadeira de rodas lhe deu uma percepção de vida que serviu como base para a criação de metodologias no ensino da dança, além de um novo olhar para as múltiplas deficiências.

— Fiquei dois anos para voltar a andar, e o meu corpo foi o meu laboratório, a grande ferramenta. Toda a minha metodologia de trabalho foi criada naquele momento. Quando eu voltei a andar, fui trabalhar com deficientes visuais e cognitivos. Descobri com eles que há leituras de mundo diferentes e comecei a questionar as ideias de inclusão dessas pessoas marginalizadas. Assim surgiu a minha necessidade de criar uma dinâmica própria para essas pessoas. Se a pessoa não tem braço, eu vou criar um papel para ela poder dançar na peça, por exemplo— conta Azevedo, que desenvolveu diversas pesquisas e publicou artigos em países como Alemanha, Espanha e França.

Criador no campo das artes cênicas, dramaturgo, escritor e consultor na área de educação e cultura, Paulo Emílio tem 21 livros publicados e sua metodologia de trabalho, denominada “4D” — Desequilíbrio, Desobediência, Desconstrução e Deformação — é replicada em mais de 30 países.

SERVIÇO

  • Dia 9 de novembro, às 19h30:

Teatro do Sesc Teresópolis (Avenida Delfim Moreira 749, Várzea)

  • Dia 16 de novembro, às 19h:

Teatro do Sesc Nova Iguaçu (Rua Dom Adriano Hipólito 10, Moquetá)

  • Dia 21 de novembro, às 19h:

Teatro do Sesc Barra Mansa (Av. Tenente José Eduardo 560, Ano Bom)

  • Dia 22 de novembro, às 19h:

Espaço Multiuso do Sesc Ramos (Rua Teixeira Franco 38)

  • Dia 23 de novembro, às 19h:

Teatro do Sesc São Gonçalo (Av. Presidente Kennedy 755, Estrela do Norte)

  • Dia 29 de novembro, às 19h:

Teatro do Sesc São João de Meriti (Av. Automóvel Clube 66, Centro)

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.