EM REUNIÃO COM ÁUSTRIA, LULA DEFENDE ‘INDÚSTRIA VERDE’ PARA REDUZIR EMISSÕES DE CARBONO
Lula realizou encontro na tarde desta terça-feira (19) com o presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen
Após seu discurso de abertura na 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva continuou sua agenda de reuniões bilaterais. Realizou encontro na tarde de terça-feira (19) com o presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen. No início da conversa, o presidente austríaco elogiou o discurso do presidente Lula na ONU.
Em sua fala, Lula enfocou a necessidade de união global contra a desigualdade, a fome e as mudanças climáticas. Durante a reunião, ambos abordaram questões ambientais e destacaram a expectativa em torno da COP30, que será realizada em Belém, no Brasil, em 2025. Além disso, discutiram a transição energética e a busca por fontes limpas de energia. Lula ressaltou a intenção do governo brasileiro de iniciar uma “industrialização verde” com baixa emissão de carbono, aproveitando a matriz energética do país, que já é uma das mais limpas do mundo.
O presidente também compartilhou informações sobre a Aliança Global para Biocombustíveis. Trata-se de uma iniciativa lançada junto com a Índia e os Estados Unidos, durante a Cúpula do G20 em Nova Delhi. Essa aliança visa promover a produção sustentável e o uso de biocombustíveis e veículos flexíveis como parte dos esforços para descarbonizar o setor de transporte. O Brasil, com seu histórico de produção e experiência em biocombustíveis, desempenha um papel de destaque nessa iniciativa.
Lula discursa na ONU como maior liderança do Sul Global e pede ‘indignação com desigualdade’
Na ONU, Biden diz que ‘só a Rússia é responsável pela guerra’ e que não quer conflito com a China
Parcerias
Lula mencionou ainda o projeto em parceria com o presidente norte-americano Joe Biden, que será lançado nesta quarta-feira (20). Trata-se de uma iniciativa em prol do trabalho decente. O presidente austríaco destacou investimentos no Brasil. Ele afirmou ser “o país sul-americano como o principal parceiro da Áustria na América do Sul”.
Este foi o segundo encontro do presidente Lula com um alto representante do governo austríaco em 2023. Em julho, durante a Cúpula da CELAC e União Europeia em Bruxelas, na Bélgica, ele esteve com o chanceler federal da Áustria. Lula reiterou o convite para que o presidente austríaco visite o Brasil com uma missão empresarial. O objetivo é expandir as relações comerciais e os investimentos entre os dois países.
As relações diplomáticas entre Brasil e Áustria remontam ao início do século 19 e foram ampliadas ao longo do século 20. Desde então, consolidaram muitos acordos bilaterais. Isso inclui, por exemplo, acordos contra a dupla tributação, cooperação econômica, parcerias culturais, educação e colaboração nas áreas científica e tecnológica. Em 2022, o volume de comércio entre os dois países alcançou cerca de US$ 1,5 bilhão.
Mais reuniões de Lula
Mais cedo, a portas fechadas, Lula encontrou-se com Olaf Scholz, primeiro ministro da Alemanha. A agenda de encontros do presidente segue ativa, bem como representantes do Estado. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por exemplo, reuniu-se com o representante especial dos Estados Unidos para assuntos do Clima, John Kerry.
O ministro Haddad destacou que a reunião visou fortalecer as parcerias. Ele enfatizou a importância de criar oportunidades para empresas brasileiras estabelecerem colaborações mais amplas com os Estados Unidos.
Após o encontro, ambos participaram de um evento voltado para o desenvolvimento sustentável do Brasil, com foco na preservação da Amazônia. John Kerry ressaltou que as pessoas estão percebendo novas formas inteligentes de lucrar com investimentos que também contribuem para a proteção de pessoas e florestas.
No mesmo dia, o governo brasileiro lançou uma iniciativa inédita de financiamento para a preservação ambiental, apresentando títulos verdes no mercado financeiro internacional. Esses títulos, que representam um avanço significativo, têm o potencial de captar até US$ 2 bilhões apenas nos Estados Unidos, cerca de R$ 10 bilhões, destinados exclusivamente a ações sustentáveis, como a adaptação da indústria brasileira às demandas do combate às mudanças climáticas.
O governo também se comprometeu a divulgar relatórios anuais para prestação de contas sobre a aplicação dos recursos. A previsão é que os títulos verdes estejam disponíveis até outubro.
Por Gabriel Valery, da RBA
