Em 5 anos, crimes ambientais crescem 52% na cidade do Rio de Janeiro
Os crimes ambientais aumentaram mais de 52% na cidade do Rio de Janeiro, entre 2017 e 2022, acumulando quase 4800 registros nesse período. A capital está em um patamar sete vezes superior à da segunda colocada do estado, a cidade de Maricá, com 684 casos. Esse é um dos dados do novo boletim da organização Rede de Observatórios da Segurança, intitulado Além da floresta: crimes socioambientais nas periferias, lançado nesta segunda-feira (19).
A partir de dados do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro, o relatório soma mais de 21 mil registros em todo o Estado, ao longo de seis anos, com um pico no ano de 2021, com mais de 4.600 casos. Entre os crimes mais cometidos estão o tráfico de animais silvestres e extração ilegal de areia em áreas protegidas.
O boletim também analisa dados de outros seis estados: Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, e São Paulo. Uma das principais conclusões é que esses locais tem sofrido com a entrada de facções criminosas nas periferias rurais, incluindo quilombos e aldeias indígenas, com elevados índices de crimes socioambientais como grilagem de terras, exploração ilegal de madeira e garimpo em áreas não autorizadas.
Jonas Pacheco, pesquisador da Rede de Observatórios da Segurança, destaca a complexidade dos crimes cometidos.
Além disso, os pesquisadores explicam que em muitos casos as populações são expulsas de seus territórios por empreendimentos ilegais, e isso acaba criando um ambiente propício para a exploração de facções.
A pesquisa também mostra que o racismo e o encarceramento da juventude negra persiste no modelo de segurança pública adotado no combate a estes crimes, como explica Jonas Pacheco.
O estudo também destaca o grande número de violações cometidas contra os povos tradicionais na Bahia durante 2017 e 2022, com 428 vítimas. Também houve aumento significativo nos crimes ambientais nos últimos dois anos nos estados do Maranhão, com crescimento de quase 29% e Pernambuco, com número de casos saindo do patamar de 800 por ano para uma média de mais de mil.
Por Carolina Pessoa – Repórter da Rádio Nacional – Rio de Janeiro