DUBAI QUIS CRIAR UM CARRO COM 5.000 CAVALOS – MAS FALTOU O ESSENCIAL: UM CARRO
Imagine um carro com 5.000 cavalos de potência. Para comparação, um modelo popular no Brasil, como o Fiat Mobi, tem cerca de 75 cavalos. Ou seja: o Devel Sixteen, hipercarro criado por uma empresa de Dubai, prometia a força de mais de 66 carros populares juntos. Era potência de sobra. Mas faltou o básico: transformar o motor em um carro de verdade.
Lançado como conceito no Salão do Automóvel de Dubai, há mais de uma década, o Devel Sixteen chegou fazendo barulho — não só pelo ronco prometido, mas pela ambição extrema. O objetivo era claro: criar o carro mais potente do planeta, superando até nomes lendários como Bugatti, Koenigsegg e Ferrari.
A ficha técnica era de outro mundo: motor V16, 12,3 litros, quatro turbocompressores gigantes, velocidade máxima estimada em 560 km/h. Para os Emirados Árabes, acostumados a arranha-céus que tocam as nuvens e projetos futuristas como a cidade linear “The Line”, esse era mais um símbolo de poder. Só que, desta vez, a realidade foi mais dura que o asfalto.
O motor existiu — mas o carro não deu conta
O motor foi desenvolvido pela norte-americana Steve Morris Engines, especialista em preparações de alto desempenho. Eles conseguiram criar um propulsor que entregava 5.076 cavalos de potência reais — número que exigiu até a compra de um dinamômetro exclusivo, já que os equipamentos normais não conseguiam medir tanta força.
A receita lembrava a da Bugatti com o Veyron: dois motores V8 combinados, controlados por uma unidade eletrônica criada sob medida. Era, de fato, uma façanha da engenharia.
Mas aí veio o problema: não existia um carro à altura dessa força toda. O motor era pronto, funcional, insano — mas o projeto do carro travou diante dos desafios técnicos:
Como encontrar espaço e refrigeração para um motor tão colossal?
Que tipo de câmbio aguentaria um torque tão brutal sem explodir?
Qual chassi suportaria tamanha força sem torcer?
E os pneus, como resistiriam a mais de 500 km/h com segurança?
Essas perguntas continuam sem resposta.
Mais sonho que direção
Enquanto outras marcas foram aumentando gradualmente a potência de seus carros (o Ferrari LaFerrari, por exemplo, chegou a 800 cv combinando motor a combustão e sistema híbrido), a Devel apostou tudo numa cartada só. E tropeçou na execução;
Hoje, o Devel Sixteen continua sendo um símbolo do que poderia ter sido: um motor inacreditável sem um carro que o acompanhasse. Ou, como diria um mecânico experiente, “é como instalar um foguete numa bicicleta: pode até funcionar, mas você não vai querer subir nela”.
Por Redação Gazeta Rio