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DOIS PRIMEIROS AVIÕES COM VENEZUELANOS DEPORTADOS DOS EUA CHEGAM A CARACAS
A Venezuela recebeu nesta segunda-feira (10) os dois primeiros aviões com deportados dos Estados Unidos. Ao todo, 190 pessoas chegaram nos dois voos da empresa venezuelana Conviasa saindo de El Paso, no estado do Texas. O programa de deportações promovido pelo presidente dos EUA, Donald Trump, começou logo depois da posse do republicano, em 20 de janeiro. A Casa Branca firmou um acordo com Caracas para esse retorno.
Segundo a chancelaria venezuelana, foi determinado que os deportados teriam seus direitos respeitados e, por isso, o governo ofereceu a ida de aeronaves para os EUA para buscar os venezuelanos que estão em território estadunidense. A exigência de Caracas se deu porque, no final de janeiro, 88 brasileiros chegaram a Manaus vindos dos Estados Unidos e o governo brasileiro questionou o tratamento dado aos deportados, que viajaram algemados e tiveram problemas com alimentação e agressões no voo.
Ao todo, 600 mil migrantes da Venezuela moram nos Estados Unidos de maneira irregular e podem ser afetados com a decisão. Em nota, Caracas encampou as deportações e disse que o retorno dos venezuelanos cumpre com o programa do governo Retorno à Pátria, iniciado em 2023. O objetivo do governo de Nicolás Maduro era oferecer apoio logístico aos venezuelanos que estão fora do país em situação de vulnerabilidade e desejam voltar.
A chegada dos venezuelanos ao aeroporto de La Guaira, no litoral venezuelano, foi transmitida ao vivo durante o programa Con Maduro+. O presidente comentou a transmissão e reforçou que, mesmo com a deportação de venezuelanos que estavam de maneira irregular nos EUA, o programa do governo é bem sucedido.
“Retornar à Venezuela e retomar o Plano Vuelta a la Patria pela reunificação da família venezuelana. Mães e avós, que mais choraram e sofreram, saibam que somos a garantia total da reunificação amorosa da família venezuelana”, afirmou.
Para ter acesso ao programa, os venezuelanos só precisam se inscrever para receber orientações sobre como proceder. A ideia é disponibilizar inclusive passagens aereas para os venezuelanos, além de apoio diplomático para esse retorno.
Segundo Maduro, mais de 1 milhão de venezuelanos voltaram ao país nos últimos anos, em uma onda de retorno que reflete não só o esforço do governo para acolher os migrantes, como também a melhora das condições do próprio país.
Trem de Aragua e troca de acusações
O governo estadunidense alertou que alguns dos deportados fazem parte do grupo criminoso Trem de Aragua. Desde a campanha eleitoral, Trump tem denunciado a atuação da facção nos Estados Unidos. Segundo o republicano, a criminalidade diminuiu na Venezuela depois que muitos venezuelanos ligados ao Trem de Aragua migraram para os EUA.
A chancelaria venezuelana rebateu o alerta de Washington. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores reforçou as declarações do Ministério Público, que afirma que as forças de segurança conseguiram “desmantelar” a atuação do grupo em território venezuelano. O órgão afirmou que trabalhou para conseguir prender 48 integrantes da organização e desarticular a facção na Venezuela. Trump havia assinado uma ordem executiva enquadrando o Trem de Aragua como uma “organização terrorista estrangeira”.
Caracas afirma também que o Trem de Aragua foi usado pela oposição venezuelana de extrema direita para promover violência e caos no país.
“Como consta em provas irrefutáveis apresentadas pelo sistema de justiça venezuelano, estes grupos criminosos haviam sido recrutados e ativados por setores extremistas da oposição para disseminar ansiedade, caos e violência no nosso país e facilitaram a fuga das lideranças desses grupos a outros países, incluindo os Estados Unidos”, diz o texto.
Segundo o Departamento de Segurança Nacional dos EUA indica que o Trem de Aragua tem integrantes em ao menos 16 estados do país.
O ministro do Interior e Justiça, Diosdado Cabello, recebeu os migrantes no aeroporto. Segundo a pasta, todos os passageiros passarão por um exame médico e uma verificação de antecedentes criminais. Quem foi detido nos EUA por violação de imigração será liberado e os suspeitos pelo cometimento de outros crimes serão investigados.
A Venezuela reiterou o objetivo de restabelecer as relações com os Estados Unidos com base no “respeito à autodeterminação” e com mecanismos de cooperação direta nos âmbitos policial e judicial, para “combater o crime organizado”. A Casa Branca enviou no final de janeiro Richard Grenell para uma reunião privada com o presidente Nicolás Maduro. Venezuela e EUA estabeleceram o compromisso de fazer uma “agenda zero” para as relações bilaterais entre os dois países.
O acordo entre as partes ainda envolveu a liberação de 6 estadunidenses presos em território venezuelano por participarem de planos para matar tanto o presidente quanto a vice, Delcy Rodriguez. Richard Grenell disse que, além deles, ainda há outros 6 estadunidenses presos na Venezuela.
Nove dias depois de assumir o mandato, o presidente dos Estados Unidos derrubou o Status de Proteção Temporal (TPS, na sigla em inglês) para venezuelanos. A medida garantia que os migrantes venezuelanos poderiam morar e trabalhar no país até outubro de 2026.
por Lorenzo Santiago – Brasil de Fato