DIAGNÓSTICO SÍNDROME DE DOWN: OS CUIDADOS COM A SAÚDE FÍSICA E MENTAL
Um sonho, muitas expectativas e uma realidade que por muitas vezes podem transformar a vida de um casal ou família. O diagnóstico da síndrome de down quando se trata da chegada feliz de um novo membro da família nunca saiu de pauta. Afinal, todos os dias, centenas de mulheres no mundo se deparam com este enfrentamento. No próximo dia 21 é celebrado o Dia Mundial da Síndrome de Down, uma data dedicada à conscientização e inclusão.
O bancário Rodrigo Chaves, de 50 anos, morador de Niterói, descobriu no momento do parto com sua esposa, Jacimara Soares, que a terceira filha do casal, Pietra de 4 anos, tinha a síndrome. “Realizamos o pré-natal com todo rigor, todos os exames e nada apontou a síndrome. Essa experiência de descobrir no parto é desafiadora e uma surpresa nesse primeiro impacto. Depois tivemos um intensivo sobre a síndrome e entendemos a importância dos estímulos precoces para o desenvolvimento dela. Assim fizemos e começamos os tratamentos como fisioterapia e fono, de forma muito precoce. Descobrimos que é possível viver normalmente mas a estimulação precoce é essencial”, comentou o também pai da Juliana e Alícia, de 18 e 9 anos respectivamente.
A psicoterapeuta Sandra Salomão, especialista em terapia de família e mulheres reforça a necessidade deste apoio à saúde mental não apenas da mãe, mas da família. “A mãe em primeiro lugar pode ser a parte mais afetada com o diagnóstico, especialmente se falamos da maternidade solo. O pai, os avós, a família também precisam ser vistos como um todo de forma sistêmica, pois estamos falando de expectativas, planos, rotinas, adaptações que não podem ser vistas como um problema. Afinal, o diagnóstico pode trazer um turbilhão de emoções — desde o medo e a culpa até a necessidade de adaptação à nova realidade. Esse processo pode ser desafiador, tanto para lidar com os preconceitos sociais, os próprios preconceitos, quanto para ajustar expectativas pessoais de não ter o filho idealizado saudável”, completou Sandra.
Segundo a médica ginecologista obstetra pela UNIRIO, Dra. Ana Sodré, o exame pré-natal é indispensável para a identificação da síndrome de forma precocemente, quando o bebê ainda está no útero. “Quando a mulher inicia cedo aos exames, é possível detectar entre a 11ª e 13ª semana de gestação através da ultrassonografia de transluscência nucal. O que não significa dizer que este é um indicativo de uma gestação ruim, mas sim, diferenciada e nós como profissionais da saúde temos o papel fundamental de apoiar e cuidar desta mulher neste período de sua vida. Esta manifestação precoce implica na oferta de apoio desde cedo à mãe”, disse a especialista.
Entre os avanços da medicina, o exame de sangue NIPT (teste pré-natal não invasivo) tem se destacado como uma opção segura e eficaz para identificar o risco de síndromes cromossômicas, como a Síndrome de Down, ainda durante a gestação. Simples e sem riscos para a mãe e o bebê, esse exame permite um acompanhamento mais cuidadoso e informado da gravidez. O NIPT é um exame pré-natal que analisa o DNA do feto através de uma amostra de sangue da mãe. O objetivo é identificar possíveis alterações cromossômicas que possam afetar a saúde do bebê. É o que confirma a patologista clínica, Dra. Christina Bittar, diretora médica da rede de Laboratórios Bittar, ao reafirmar que esse teste é um exame genético não invasivo, pode calcular a probabilidade de o bebê nascer com determinadas síndromes e direcionar a gestante para outros exames.
“O NIPT é um teste que analisa o DNA fetal presente no sangue materno. Ele pode detectar a presença de certas condições genéticas, como a Síndrome de Down (Trissomia 21), Síndrome de Edwards (Trissomia 18), Síndrome de Patau (Trissomia 13) e outras condições genéticas”, explicou.
A família do Rodrigo e da Jacimara encontrou sua singularidade na “diferença” de Pietra e levam uma vida normal, com as felicidades e também os problemas de qualquer outra família, como contam os especialistas. Ainda de acordo com a psicoterapeuta Sandra Salomão, que tem mais de 40 anos de experiência no cuidado terapêutico às famílias, trabalhar o reforço das emoções de forma precoce ajuda a mulher e família sob a construção da singularidade. “Não significa dizer que a família será pior ou melhor, mas ela terá uma oportunidade de se redescobrir com mais possibilidades e deixar de olhar as síndromes como uma diferença, mas como uma singularidade individual e interessante. Isso acontece principalmente quando trabalhamos a fortificação emocional de forma antecipada, preparando-os para lidar com o mundo externo”, finalizou Salomão, professora de psicologia da PUC-RJ.