DESMATAMENTO NO CERRADO CRESCE 3% E CHEGA A 11 MIL KM²
Área suprimida é equivalente a quase duas Brasílias. Números foram divulgados nesta terça-feira (28) pelo INPE. Maranhão lidera ranking de estados que mais perderam Cerrado
O Cerrado perdeu 11 mil quilômetros quadrados de vegetação nativa entre agosto de 2022 e julho de 2023, um aumento de 3% em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados anuais foram divulgados nesta terça-feira (28) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O bioma já perdeu cerca da metade da vegetação natural para o agronegócio e o que resta está fragmentado.
Não por acaso, os estados que lideram o ranking de locais onde mais houve destruição do bioma pertencem à nova fronteira de expansão da agropecuária, a chamada Matopiba – acrônimo dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia –, o que já se verificava nos dados de alerta de desmatamento sobre o bioma. De acordo com os números do Prodes, divulgados hoje, o estado do Maranhão foi o que teve a maior área de vegetação nativa suprimida (2.928 km²), seguido pelo Tocantins (2.233 km²), Bahia (1.971 km²) e Piauí (1.127 km²).
“Setenta e cinco por cento desse desmatamento está concentrado nestes quatro estados”, explica Claudio Almeida, coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia e Demais Biomas Brasileiros do INPE.
Durante o anúncio dos dados do Prodes Cerrado, o Ministério do Meio Ambiente anunciou a 4ª etapa do plano de combate ao desmatamento no Cerrado (PPCDam Cerrado), feita depois da realização de seminário técnico-científico, consulta e audiência pública e da recriação do grupo no início do ano. Em 2019, o governo Bolsonaro havia extinto o PPCDam Cerrado.
Um dos gargalos que o plano pretende combater é um maior controle sobre as autorizações feitas pelos estados e municípios para supressão de vegetação nativa do Cerrado. Não há integração desses dados. Outro é o aumento de área protegida e o reconhecimento de áreas de uso coletivo no bioma. O anúncio foi feito pelo secretário André Lima, da Secretaria Extraordinária de Controle do Desmatamento e Ordenamento Territorial do MMA.
POR DANIELE BRAGANÇA – ECO