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DESDOLARIZAÇÃO GANHA FORÇA NO CENÁRIO INTERNACIONAL

Mais da metade dos países do mundo declaram boicote ao dólar

A busca por alternativas ao uso do dólar em transações internacionais vem ganhando destaque em diversas regiões do globo. De acordo com informações apuradas pela Sputnik Brasil, até o final de 2024, o número de países que passaram a limitar ou abandonar a moeda americana ultrapassou o dos que a apoiam. Essa tendência, popularmente chamada de “desdolarização”, reflete as preocupações de muitos governos em relação a possíveis sanções e à volatilidade cambial associada ao dólar.

Ainda segundo o levantamento da Sputnik, mais da metade das nações do planeta já aderiram a algum tipo de restrição ou transação alternativa. No total, foram identificados três grupos distintos: o primeiro, composto por 94 países que não se opõem abertamente ao dólar; o segundo, formado por 46 países que vêm reduzindo gradativamente seu uso; e o terceiro, com 53 países, que se declaram abertamente contrários à predominância do dólar como moeda global.

Entre os exemplos recentes de desdolarização, destacam-se Guiné-Bissau, que demonstrou interesse em efetuar pagamentos à Rússia em moedas locais, e a Mongólia, que começou a utilizar sobretudo o rublo e o yuan. Em partes da África, como Burkina Faso e Nigéria, também se observa uma maior adoção de moedas nacionais nas negociações, motivada pelo receio de sanções e a busca por maior autonomia cambial.

Esse movimento não se restringe apenas a países do BRICS ou a ex-membros do bloco socialista. Na Europa, iniciativas como a da Câmara de Comércio Ítalo-Russa mostram que há uma preocupação crescente em encontrar soluções que possam reduzir a dependência do dólar. O Banco Nacional da Moldávia, por sua vez, decidiu substituir a referência do dólar pelo euro em sua taxa oficial de câmbio, visando ampliar a liquidez no mercado europeu e diminuir riscos associados a oscilações monetárias dos Estados Unidos.

Para Leonid Khazanov, especialista industrial independente que comentou o assunto à Sputnik, a tendência de desdolarização deve se intensificar em 2025. “Os próprios EUA contribuirão para a rejeição do dólar devido às peculiaridades de sua política: declarando apoio à democracia sempre que possível, na verdade tentam impor sua vontade ao mundo, tentando tornar todos os países dependentes de si mesmos. Esse estado de coisas, como mostra a história, não pode durar para sempre”, diz o especialista.

Contudo, a professora associada da Escola Superior de Economia russa, Ksenia Bondarenko, acredita que o processo de diminuição do uso do dólar pode ser lento. Segundo ela, o “efeito qwerty” ajuda a explicar por que é tão difícil substituir sistemas estabelecidos em nível global: “Muitos países percebem que, ao reduzirem a participação do dólar, eles aumentam sua independência em termos de acordos internacionais, protegem-se dos riscos de sanções secundárias, limitam os riscos cambiais e outros riscos diretamente relacionados, de uma forma ou de outra, à economia dos EUA, mas esse tipo de ‘redistribuição global’ está associado a enormes custos de transação”.

Embora o fim da hegemonia do dólar não deva ocorrer de imediato, as análises apontam para um cenário em que cada vez mais países buscam rotas alternativas, fortalecendo moedas locais ou regionais. Assim, o mapa financeiro mundial pode passar por transformações significativas à medida que as trocas comerciais exploram novos caminhos, distanciando-se, pouco a pouco, do domínio do dólar.

Por Brasil 247

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