DELATOR DO PCC DISSE QUE ADVOGADO COBROU PROPINA PARA DEPUTADO OLIM
Delegado Olim nega que tenha recebido qualquer quantia e acusa advogado de Gritzbach, o delator do PCC, de usar seu nome para extorsões
O deputado estadual Antônio de Assunção Olim, conhecido como Delegado Olim (Progressistas), foi citado pelo corretor de imóveis Vinícius Gritzbach em sua delação premiada ao Ministério Público do estado.
Segundo as declarações, obtidas pelo Metrópoles, Gritzbach, acusado de mandar matar o líder do Primeiro Comando da Capital (PCC) Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, teria pagado propina a um advogado que prometia livrá-lo da investigação, dizendo ser próximo a Olim e ao então diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, Fábio Pinheiro Lopes, o Fabio Caipira.
O advogado Ramsés Benjamin Samuel Costa Gonçalves teria cobrado R$ 5 milhões. Seriam R$ 800 mil em honorários e o restante em propina às autoridades. Como forma de pagamento, Gritzbach diz ter entregue dois apartamentos e uma transferência bancária de R$ 300 mil.
Ramsés disse a Gritzbach que faria uma reunião com Olim, Fabio Caipira e com delegado Murillo Fonseca Roque, que na época atuava no 24º Distrito Policial. Uma autoridade da força-tarefa que investiga a morte do delator do PCC disse que Caipira e Roque serão afastados assim que voltarem de férias, em janeiro.
Para tentar comprovar sua proximidade com as autoridades mencionadas, o advogado enviou um print de sua localização em frente ao Deic e uma foto no Assembleia Legislativa de São Paulo dizendo que teria se encontrado com o então presidente da Casa, Carlão Pignatari (PSDB).
O deputado Delegado Olim nega que tenha recebido as quantias mencionadas pelo advogado. Ele afirma que se limitou a fazer uma ponte entre o advogado e o chefe do Deic.
Ele apresentou mensagens que diz ter enviado a Ramsés em junho de 2023, quando, segundo ele, teria descoberto que seu nome estaria sendo usado em extorsões.
“Boa noite, estou enviando esse WhatsApp que tenho recebido várias pessoas que foram achacadas por vc e usando o meu nome Olim […]. Estou juntando todos os documentos e vou entrar com uma queixa crime contra vc e uma representação na OAB para mostrar o LIXO de Advogado que é vc. Fica esperto, vou levantar todos os seus clientes que usou o meu nome”, diz Olim na mensagem.
Por algum motivo, Fabio Caipira e os parlamentares não foram mencionados no depoimento de Gritzbach à Corregedoria da Polícia Civil, em 31 de outubro, oito dias antes de sua morte.
Caipira afastado
O delegado Fabio Caipira, hoje diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), será afastado do cargo assim que voltar de férias, em janeiro.
Em nota, Caipira afirmou que Gritzbach não obteve nenhuma vantagem e continuou com bens e o passaporte bloqueados.
“O empresário faltou com a verdade para obter vantagens em seu acordo de delação premiada, ou foi enganado pelo mencionado advogado. De acordo com o policial, os imóveis que o delator diz ter sido usado para pagar a suposta propina estão em nome do próprio advogado Ramses e da filha dele, e que na investigação feita pelo Deic, Antônio Vinícius nao teve nenhuma vantagem: ele foi indiciado, teve a prisão pedida e bens bloqueados e continuou com o passaporte apreendido”, afirma Caipira.
“Afastamento preventivo”
Para a força-tarefa que investiga o assassinato, o delator teria sido enganado pelo advogado. A suspeita é que o advogado não tivesse relação com Caipira e fez a promessa apenas para extorquir Gritzbach.
Uma autoridade ligada à investigação do caso disse à reportagem que o afastamento do diretor do Deic é “preventivo”.
Por Renan Porto – Metrópoles